I DINÂMICA PÚBLICA OFICIAL DA ACADEMIA CAIPIRA DE LETRAS- ACal
AUTORA:Marilândia Marques Rollo
TEMA: DITADOS POPULARES
DATA:22/06/2025
PRIMEIRA POSTAGEM -"AMOR COM AMOR SE PAGA"
Moeda do Coração
Amor com amor se paga, dizem eles,
Mas que doce mentira é esta sorte!
Pois o amor não conhece lei nem morte,
Nem se mede em balança ou em papéis.
Dou-te toda a minh'alma e os meus céus,
E tu dás-me o teu riso, o teu norte;
Não há preço que iguale ou que comporte
A grandeza dos nossos corações fiéis.
Amor com amor se paga, sim, é certo,
Mas não como quem troca moeda de ouro;
É como quem partilha o mesmo berço,
O mesmo sonho, o mesmo doce choro,
A mesma sede de infinito e incerto,
O mesmo fogo que nos faz tesouro.
Que importa se o mundo não entende
Esta troca sagrada entre dois seres?
Se somos ricos nos nossos quereres
E pobres só de tudo o que nos vende?
Amor com amor se paga e se defende
Contra os que zombam dos nossos prazeres;
Somos dois reis coroados de saberes
Que só o coração verdadeiro aprende.
Dou-te minha loucura e meu tormento,
Tu dás-me paz e doce serenidade;
Nesta troca bendita não minto,
Pois amor com amor, em liberdade,
Se paga com o mais puro sentimento,
Moeda eterna da nossa eternidade!
Marilândia
I DINÂMICA PÚBLICA OFICIAL DA ACADEMIA CAIPIRA DE LETRAS- ACal
AUTORA:Marilândia Marques Rollo
TEMA: DITADOS POPULARES
DATA:22/06/2025
SEGUNDA POSTAGEM- CAIU NA REDE É PEIXE
A Lei da Consequência
Caiu na rede é peixe, meu amigo,
Assim diz o ditado popular,
E quem se mete onde não devia
Tem que as consequências aceitar.
O cabra que anda em má companhia
E escolhe trilha pra se perder,
Quando a coisa aperta e complica
Não pode depois se surpreender.
Na vida, cada um faz sua escolha,
Cada passo é uma decisão,
Se você planta vento no terreiro
Vai colher tempestade na estação.
O menino que mata aula na escola
E prefere a rua pra brincar,
Quando chega o tempo da prova
Não pode chorar por reprovar.
A moça que namora escondido
Com rapaz que tem má reputação,
Se aparecer grávida depois
Não pode culpar o coração.
Caiu na rede é peixe, é a verdade,
Quem brinca com fogo vai se queimar,
A vida cobra o preço das escolhas
E não adianta depois chorar.
Mas também tem o lado bom da coisa,
Quando você trabalha e se dedica,
O sucesso que chega é merecido,
A vitória na alma se implica.
Quem estuda e batalha todo dia,
Quem honra o trabalho e a família,
Quando a benção chega lá de cima
É porque plantou boa semente na trilha.
Então pense bem antes de agir,
Cada ato tem sua consequência,
Se você quer colher flores bonitas
Plante amor, trabalho e paciência.
Caiu na rede é peixe, meu irmão,
Esta é a lei da vida natural,
Seja peixe bom ou peixe ruim
Vai depender do seu moral!
Marilândia
I DINÂMICA PÚBLICA OFICIAL DA ACADEMIA CAIPIRA DE LETRAS- ACal
AUTORA:Marilândia Marques Rollo
TEMA: DITADOS POPULARES
DATA:23/06/2025
TERCEIRA POSTAGEM- AS PAREDES TÊM OUVIDO
Confissões de Cal e Cimento
As paredes têm ouvidos, amor meu,
e guardam em seu silêncio de pedra
os segredos que sussurramos
na penumbra dos quartos fechados.
Elas escutaram teus gemidos
quando a solidão te visitava às três da manhã,
conhecem o som dos teus passos in_quietos
percorrendo os corredores da angústia.
As paredes sabem de cor
as palavras que nunca disseste,
aquelas que ficaram presas
entre os dentes e o medo.
Elas viram as lágrimas escorrerem
pela face do tempo,
ouviram o eco dos beijos
que se perderam no ar.
Ó, paredes cúmplices,
testemunhas mudas de nossa intimidade,
vocês que absorveram
o calor dos nossos corpos entrelaçados.
Guardiãs dos nossos silêncios,
vocês conhecem melhor que ninguém
a geografia secreta
dos nossos corações partidos.
As paredes têm ouvidos, sim,
e memória de cal viva,
arquivam cada suspiro
em seus poros ancestrais.
Quando partir desta casa,
deixarei gravada nas paredes
a música dos meus dias,
o poema dos meus amores im_possíveis.
E elas continuarão escutando,
pacientes e e_ternas,
os novos segredos que virão
povoar estes espaços vazios.
Porque as paredes não morrem, amor,
elas apenas mudam de história,
colecionando vozes
como quem coleciona flores secas
entre as páginas de um livro
que ninguém mais lerá.
Marilândia
I DINÂMICA PÚBLICA OFICIAL DA ACADEMIA CAIPIRA DE LETRAS- ACal
AUTORA:Marilândia Marques Rollo
TEMA: DITADOS POPULARES
DATA:23/06/2025
QUARTA POSTAGEM- "QUEM VÊ CARA, NÃO VÊ CORAÇÃO!"
Máscaras de Mármore
Quem vê cara, não vê coração, dizem,
E na alvura enganosa dos semblantes
Escondem-se abismos torturantes,
Negros poços onde as almas se matizam.
Rostos que como máscaras deslizam
Pelos salões de pompas cintilantes,
Ocultando martírios palpitantes
Que nas trevas da alma se eternizam.
Ó faces de marfim polido e frio,
Que mentis ao mundo vosso pranto!
Sorrisos que disfarçam o vazio,
Lágrimas que se convertem em encanto...
Quem vê a superfície do navio
Não conhece a tempestade que há no canto.
Almas de ébano em corpos de alabastro,
Contrastes que a natura engendrou,
Beleza que a desdita coroou
Com espinhos de angústia e de rastro.
Quantos corações sangram sem lastro
Sob a máscara que Deus lhes outorgou!
Quantas vezes o riso se calou
Para dar lugar ao pranto que é mais casto.
Faces que são poemas de mentira,
Rostos que são sonetos de ilusão,
Onde a verdade nunca respira...
Quem julga pela externa impressão
Des_conhece que a alma quando expira
Revela enfim a dor do coração.
Marilândia
I DINÂMICA PÚBLICA OFICIAL DA ACADEMIA CAIPIRA DE LETRAS- ACal
AUTORA:Marilândia Marques Rollo
TEMA: DITADOS POPULARES
DATA:23/06/2025
QUINTA POSTAGEM- "A CAVALO DADO, NÃO SE OLHA OS DENTES"
Da Prudência e Gratidão do Bom Receber
A cavalo dado, não se olha os dentes,
Diz a sabedoria dos antigos,
E bem diz quem assim o tem por dito,
Pois a dádiva honra quem a oferece.
Quantos há que, recebendo mercês,
Logo tratam de achar-lhes os defeitos,
Como se fossem juízes perfeitos
Do que a bondade alheia lhes concede!
Ora, se alguém vos dá de coração
Um presente, por pobre que ele seja,
Recebei-o com toda a cortesia,
Que mais vale a intenção que o valor.
Vi eu muitos homens de alta prosa
Desprezarem dádivas singelas,
Como se fossem eles grandes estrelas
E o mundo devesse servi-los.
Mas o sábio que entende da vida
Sabe que toda mercê é tesouro,
Seja ela de prata ou seja de ouro,
Ou simples gesto de amor oferecido.
Não vos torneis desses que examinam
Com lupa o que recebem de favor,
Que quem assim procede sem pudor
Mostra que sua alma é pequenina.
Antes sede como o bom Sancho Pança,
Que agradecia o pão que lhe davam,
E nunca os doadores criticavam,
Mas bendizia sua boa andança.
Porque, em verdade vos digo, leitores,
Que mais vale um coração agradecido
Que mil tesouros mal recebidos
Por aqueles que se julgam superiores.
A cavalo dado, não se olha os dentes,
E quem assim procede, vida afora,
Jamais ficará só numa má hora,
Pois terá sempre amigos permanentes.
Marilândia
I DINÂMICA PÚBLICA OFICIAL DA ACADEMIA CAIPIRA DE LETRAS- ACal
AUTORA:Marilândia Marques Rollo
TEMA: DITADOS POPULARES
DATA:23/06/2025
SEXTA POSTAGEM- "MAIS HÁ QUEM SUJE A CASA QUE QUEM A VARRA
O Sujo e o Mal-Lavado
Mais há quem suje a casa que quem a varra,
Verdade que a vida nos ensina,
Há quem destrói mais que constrói e afina,
E quem espalha o mal como algazarra.
Enquanto uns trabalham sem fanfarra
Para manter a ordem cristalina,
Outros chegam fazendo cantilena
E deixam tudo numa grande gambiarra.
Conheci gente que onde quer que vá
Espalha discórdia e confusão,
Como se fosse missão que tem já.
Fazem da casa alheia um furacão,
Criam problema onde não havia,
E depois se fazem de João-ninguém.
São aqueles que falam demais,
Que mexem onde não devem mexer,
Que adoram um disse-me-disse pra valer
E nunca trazem notícias de paz.
Enquanto outros se matam de trabalhar
Para manter a harmonia no lar,
Eles chegam só para atrapalhar
E depois saem sem se desculpar.
Mas há quem suje a casa que quem a varra,
E quem limpa conhece bem a dor
De ver o fruto do seu suor
Destruído por quem não se amarra.
Por isso, meu amigo, tenha cuidado
Com quem você deixa entrar na sua vida,
Que nem todo mundo que convida
Tem o coração bem-intencionado.
Preserve o que construiu com carinho,
Defenda o seu cantinho de paz,
Que quem suja mais do que faz
Não merece estar no seu caminho.
Marilândia