terça-feira, 21 de dezembro de 2021

SEM REMÉDIO// PASSANDO A VIDA (REP)

SEM REMÉDIO// PASSANDO A VIDA Aqueles que me têm muito amor// Desprendidos de imagens que se rompem Não sabem o que sinto e o que sou ...// Como poeta algum ousa escrever Não sabem que passou, um dia, a Dor// Em im_puras formas de silêncio que irrompem À minha porta e, nesse dia, entrou.// Habitando em mim por tantos e tanto anos a sobreviver! E é desde então que eu sinto este pavor,// Travando o caminho em breu Este frio que anda em mim, e que gelou// Meus olhos tão empoeirados O que de bom me deu Nosso Senhor!// Num secreto semblante da verdade que incorreu Se eu nem sei por onde ando e onde vou!!// Já que a vida é uma permanente despedida aos brados Sinto os passos da Dor, essa cadência// Dentre nostálgicas emanações da saudade Que é já tortura infinda, que é demência!// Sob brisas das ilusões Que é já vontade doida de gritar!// Quais lembranças que se rompem ao crepúsculo... E é sempre a mesma mágoa, o mesmo tédio,// Eis que os caminhos se fundem em sonoridade A mesma angústia funda, sem remédio,// Apenas uma fotografia nas paredes em confissões Andando atrás de mim, sem me largar!// Anulando o Tempo, em tempos vários e sem vínculos! FLORBELA ESPANCA// MARILÂNDIA

segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

TÉDIO// INSANO

DUETO DE MARILÂNDIA EM VERSOS DE FLORBELA ESPANCA TÉDIO// INSANO Passo pálida e triste. Oiço dizer:// “A profetizar os amanhãs vazios e solitários” “Que branca que ela é! Parece morta!”//Peregrinando pelos obscuros triviais e eu que vou sonhando, vaga, absorta,// Sob a luz do amor,escuros refratários não tenho um gesto, ou um olhar sequer ...// Velhos sóis bebidos por folhagens pluviais Que diga o mundo e a gente o que quiser!// Não poemarei amores que não tenho – O que é que isso me faz? O que me importa? ...// Se os assombros desse mundo refletem a inspiração dos poetas O frio que trago dentro gela e corta// Meus olhos e coração cansados que desdenho Tudo que é sonho e graça na mulher!// Em certas horas tristes, desertas O que é que me importa?! Essa tristeza// Fogueira acesa no curso do dia É menos dor intensa que frieza,// Dentre hospedarias da brisa que irradia É um tédio profundo de viver!// Asas da vida que fenecem E é tudo sempre o mesmo, eternamente ...// Sob razão dos des_encontros que jazem O mesmo lago plácido, dormente ...// Resgatando embriagadas lembranças E os dias, sempre os mesmos, a correr ...// Nas ruínas esplendentes das esperanças! FLORBELA ESPANCA// MARILÃNDIA

sábado, 18 de dezembro de 2021

O MEU ORGULHO// NA RIGIDEZ DO SILÊNCIO (rep)

O MEU ORGULHO// NA RIGIDEZ DO SILÊNCIO Lembro-me o que fui dantes. Quem me dera// Vagar no mundo visionário Não me lembrar! Em tardes dolorosas//Sonhos profundos e profundos sentimentos Lembro-me que fui a Primavera Revivendo nas estrelas do in_findo cenário Que em muros velhos faz nascer as rosas!// Numa lasciva paixão e sutis fragmentos As minhas mãos outrora carinhosas// Em tremendas ãnsias se despedaçaram Pairavam como pombas... Quem soubera// Vez que sentimentos são pássaros em voos Porque tudo passou e foi quimera,// No fundo de ilusões, velhas e vagas que se arregaçaram E porque os muros velhos não dão rosas!// Emitem, apenas, sons á viva luz do dia dentre alegres sobrevoos O que eu mais amo é que mais me esquece...// Eis que a ausência faz crescer o desejo E eu sonho: "Quem olvida não merece..."// A sensível presença duma in_visível felicidade E já não fico tão abandonada!// No silêncio da solidão, vislumbro uma carta falada. Sinto que valho mais, mais pobrezinha: Pois no abismo do silêncio, minha poesia prevejo Que também é orgulho ser sozinha,// Para encantar os círculos da vida que salvaguarda E também é nobreza não ter nada!// Porquanto o amor crepita à luz das velas na penumbra da tarde FLORBELA ESPANCA// MARILÂNDIA