segunda-feira, 31 de março de 2025

COSTURANDO DIA 31

"Para que saiamos do eixo. Libertemo-nos!" jô Tauil ____________________________________________ Liberdade e Felicidade: Um Enlace Não me perguntem pela liberdade como quem pergunta por um objeto perdido, como quem busca uma chave ou uma moeda entre os móveis da casa. A liberdade não é coisa que se guarde em cofres ou se esconda em gavetas. A liberdade é esse vento in_domável que pede passagem, é esse rio que inventa seu próprio caminho entre as pedras, é esse pássaro que não reconhece fronteiras no céu imenso. E a felicidade? Ah, essa companheira esquiva, essa visitante que chega sem avisar e parte quando menos se espera. Não é destino, é travessia. Não é conquista, é encontro. Aprendi, nos longos caminhos da vida, que a verdadeira liberdade não está em fazer tudo o que se deseja, mas em desejar aquilo que nos faz verdadeiramente livres. E aprendi que a felicidade não é um estado permanente de êxtase, mas aqueles pequenos momentos luminosos que brilham com mais força quando compartilhados. Liberdade sem felicidade é apenas solidão disfarçada. Felicidade sem liberdade é gaiola dourada, prisão confortável. Vi homens livres e infelizes, prisioneiros de sua própria in_dependência. Vi pessoas felizes, mas acorrentadas a medos e convenções. O milagre acontece quando estas duas forças se encontram, quando o ser livre descobre que sua maior liberdade está em escolher a felicidade como companheira de viagem. Liberdade é poder dizer não, quando todos dizem sim. Felicidade é descobrir que esse não abre portas para novos sins. Liberdade é partir quando o coração pede novos horizontes. Felicidade é saber que, mesmo longe, carregamos conosco o que realmente importa. Liberdade é esse espaço sagrado entre o que somos e o que podemos ser. Felicidade é a ponte que conecta essas duas margens. No final das contas, talvez a mais pura forma de liberdade seja permitir-se ser feliz sem explicações ou justificativas. E talvez a mais verdadeira felicidade seja sentir-se livre para ser exatamente quem se é. Liberdade e felicidade: não são destinos, mas caminhos que se cruzam. E nesse cruzamento, nessa intersecção preciosa, descobre-se o mais valioso segredo: que ambas se alimentam da mesma fonte e se encontram na mesma busca in_finita por esse lugar chamado plenitude. Marilândia

SAUDADES DE FLORBELA COM RÉPLICA DE MARI

SAUDADES Saudades! Sim.. talvez.. e por que não?... Se o sonho foi tão alto e forte Que pensara vê-lo até à morte Deslumbrar-me de luz o coração! Esquecer! Para quê?... Ah, como é vão! Que tudo isso, Amor, nos não importe. Se ele deixou beleza que conforte Deve-nos ser sagrado como o pão. Quantas vezes, Amor, já te esqueci, Para mais doidamente me lembrar Mais decididamente me lembrar de ti! E quem dera que fosse sempre assim: Quanto menos quisesse recordar Mais saudade andasse presa a mim! FLORBELA ESPANCA Ecos de Ausência Saudades, essa palavra que só nossa, Ecoa como sino em catedral; No peito um doce-amargo temporal Que nem o tempo apaga ou que destroça. Lembrar-te é como ver o mar na roça, Milagre que parece irreal; E quanto mais afasto o vendaval, Mais forte a tempestade que me açoita. Fugi de ti nas noites sem luar, Busquei refúgio em outros horizontes, Para depois, mais ávida, voltar. E assim vivo em perpétuo descompasso: Tentando atravessar distantes pontes Enquanto ao nosso amor ato e enlaço. Pois não há rio, monte ou firmamento Que separe o que foi eternizado; No altar da memória, consagrado, Nosso amor é sagrado monumento. Marilândia

domingo, 30 de março de 2025

Meu Silêncio Soberano réplica AO MEU ORGULHO DE FE

Meu Silêncio Soberano Também eu me recordo do que fui, Jardim de risos, fonte de ternura. De tudo quanto dei, nada retive, Senão a sombra desta amargura. Minhas palavras, antes tão ardentes, Voavam como pássaros ao vento. Agora são silêncio e são distância, São pedras que afundaram no momento. Aqueles que amei não mais me buscam, Digo a mim mesma: Foi melhor assim! E neste abandono, me redescubro, Rainha de um reino só para mim. Há grandeza no meu caminhar só, Há altivez neste peito desarmado. Meu orgulho é castelo inexpugnável, Onde guardo o que nunca foi roubado. Sim, também é nobreza a solidão, Quando escolhida como um manto régio. E na ausência de tudo, me possuo, Como quem guarda um último privilégio. Não ter nada, mas ser completamente, Eis a riqueza que agora é minha. No vazio que outros temem, encontrei A plenitude de ser tão sozinha. E se o mundo perguntar quem sou, Direi: Sou eco do verso de Florbela, Sou orgulho que nasce da ferida, Sou a força que vem depois dela. MARILÂNDIA O Meu Orgulho (Florbela Espanca) Lembro-me o que fui dantes. Quem me dera Não me lembrar! Em tardes dolorosas Eu lembro-me que fui a Primavera Que em muros velhos fez nascer as rosas! As minhas mãos, outrora carinhosas, Pairavam como pombas... Quem soubera Pois que tudo passou e foi quimera, E porque os muros velhos não dão rosas! São sempre os que eu recordo que me esquecem... Mas digo para mim: "Não me merecem..." E já não fico tão abandonada! Sinto que valho mais, mais pobrezinha: Que também é orgulho ser sozinha, E que também é nobreza não ser nada! FLORBELA ESPANCA

COSTURANDO POESIA

"E o sol do ocaso, gemendo, tombou" Jô Tauil ___________________________________ No horizonte incendiado, desfaleceu o sol como amante exausto, derramando seu sangue dourado sobre o ventre do mar impassível. Não me perguntes por que chorei Quando o céu se vestiu de violeta e fogo. É que morri também, a cada entardecer, e renasci em tua memória distante. O sol, esse eterno peregrino, beijou as montanhas com lábios de cobre, e sua luz, como teus dedos, acariciou as últimas paredes do mundo. Quantas vezes, amor, nos despedimos sob este mesmo céu em chamas? Nossos corpos, como sombras alongadas, tornaram-se parte deste ritual antigo. E, Agora que o ocaso guardou teu nome, e as nuvens desenharam teu rosto ausente, Cada pôr do sol foi uma carta sem resposta, um adeus que se prolongou na eternidade. Mas, quando a última centelha dourada foi engolida pela boca faminta do horizonte, permaneci aqui, contemplando o vazio, esperando que a noite me trouxesse teu perfume. Porque no sol que morreu, estiveste tu, efêmero e eterno como este momento. E o ocaso, esse breve milagre, Foi apenas outro nome para a saudade. Marilândia

EVENTO DIA 5 INTERGALÁCTICOS CRIANÇAS DO UNIVERSO

EVENTO 
TEMA: HOMENAGEM ÀS CRIANÇAS
TÍTULO:CRIANÇAS DO UNIVERSO 
AUTORA:Marilândia Marques Rollo
DATA:05/04/2025 
PAÍS:Brasil 



 Crianças do Universo 



Quem são estas criaturas
que guardam nas mãos 
o frescor da primeira manhã do mundo? 
De onde vêm seus olhos 
que contêm oceanos 
e seus risos que despertam os sinos adormecidos?


Eu as vi dançando sobre o pó das estrelas, 
inventando novos nomes para as cores do arco-íris, 
suas pegadas minúsculas 
transformando a terra árida
em jardins improváveis de perguntas florescendo. 


 Cada criança é uma revolução em miniatura,
 um manifesto de alegria contra o tempo cansado,
 uma conspiração secreta contra as leis da gravidade
 que mantêm os adultos presos ao chão dos dias. 
 


Por isso digo: 
são as crianças que sustentam o céu 
com seus dedos de vento e água, 
são elas que escrevem com giz colorido
o futuro nas calçadas rachadas do presente. 


Eu confesso que aprendi mais 
contemplando o voo errático de uma pipa 
nas mãos de um menino
do que em todos os tratados filosóficos do mundo 
ou nos discursos solenes dos homens importantes. 


 As crianças são o único continente
 que ainda não foi inteiramente explorado,
 república de sonhos onde as leis são escritas com sorvete derretido. 



 Nestes pequenos corpos habitam gigantes, 
nestes olhos que mal alcançam a mesa 
moram paisagens ainda por construir, 
rios que ainda não sabem seu destino. 


Das suas bocas saem palavras recém-nascidas, 
perguntas que ninguém teve coragem de fazer, 
verdades tão simples que os sábios esqueceram
entre as páginas empoeiradas dos livros antigos. 


Por isso as homenageio: 
aos meninos e meninas que são a memória do primeiro dia de todos nós, 
aos pequenos pés que não se cansam de descobrir caminhos,
às mãos diminutas que re_inventam o mundo a cada toque. 


Porque só as crianças sabem que o uni_verso cabe dentro de uma bolha de sabão, 
que uma pedra comum pode ser um diamante, 
que um abraço contém toda a matemática possível. 


E assim, enquanto dormem em seus leitos pequenos, 
com suas respirações de pássaros tranquilos, 
o mundo inteiro descansa um pouco mais seguro, 
sob a guarda destes sonhadores in_vencíveis. 


Marilândia Marques Rollo


 MARILÂNDIA MARQUES ROLLO De: marilandiam3@gmail.com Para: MARILÂNDIA MARQUES ROLLO dom., 30 de mar. às 17:10 Mostrar mensagem original Responder, Responder a todos Pequenos Mundos Leves passos na areia, mãos que tecem o vento, olhos onde navega um universo inteiro. São sementes de aurora essas almas meninas, são palavras nascendo, são histórias contínuas. O tempo, que é tão vasto, nas suas mãos é breve: um caracol, uma folha, uma gota de chuva. Constroem castelos de ar, habitam casas de nuvens, conversam com as estrelas como quem fala ao vizinho. Sua lógica é clara como água de riacho; seus segredos, profundos como o mar em silêncio. Guardam em seus bolsos pedrinhas e infinitos, carregam nas mochilas o peso leve dos sonhos. Cada gesto é um poema, cada riso, uma música, cada pergunta, um cosmos desdobrado em mistério. Tão sábias em sua inocência, tão antigas em sua novidade, tão eternas enquanto passam, tão presentes no efêmero. Quando crescem os pequenos, algo no mundo também cresce; quando cantam as crianças, a vida aprende novas notas. De suas mãos tão miúdas pendem os fios do amanhã; em seus olhos transparentes mora a luz que nos renova.iner Responder, Responder a todos

Tuas Mãos - Em Resposta a Florbela

Tuas Mãos - Em Resposta a Florbela Mãos de Poeta - Um Eco a Florbela Tuas mãos, lágrimas de marfim caídas, Desenham no ar segredos e lamentos, São pássaros de luz adormecidos Entre os dedos do tempo e seus tormentos. Não as vejo enjeitadas, mas ungidas De palavras que nascem como ventos; São taças onde vertes, comovida, A essência dos teus fundos sentimentos. Quando escreves, teus dedos são espelhos Onde o mundo se vê, novo e mais belo, E o céu que procuras se revela. Há nas linhas das mãos todo um evangelho: Teu destino gravado em cada elo Entre o que sentes e o que diz, Florbela. Nas tuas mãos, magras e brancas, leio Um mapa para o mundo que sonhaste, Onde o amor não é jamais alheio E a alma nunca se encontra em vão contraste. O céu que buscas, poeta, não é distante — Habita entre teus versos, pulsante; E o rosto que procuras, inconstante, É o da própria poesia, tua amante. Responder, Responder a todos ou Encaminhar Tuas mãos, lágrimas de marfim caídas, Desenham no ar segredos e lamentos, São pássaros de luz adormecidos Entre os dedos do tempo e seus tormentos. Não as vejo enjeitadas, mas ungidas De palavras que nascem como ventos; São taças onde vertes, comovida, A essência dos teus fundos sentimentos. Quando escreves, teus dedos são espelhos Onde o mundo se vê, novo e mais belo, E o céu que procuras se revela. Há nas linhas das mãos todo um evangelho: Teu destino gravado em cada elo Entre o que sentes e o que diz, Florbela. Nas tuas mãos, magras e brancas, leio Um mapa para o mundo que sonhaste, Onde o amor não é jamais alheio E a alma nunca se encontra em vão contraste. O céu que buscas, poeta, não é distante — Habita entre teus versos, pulsante; E o rosto que procuras, inconstante, É o da própria poesia, tua amante. Responder, Responder a todos ou Encaminhar

FLORBELA ESPANCA TRAZES-ME EM TUAS MÃOS

Trazes-me em tuas mãos Trazes-me em tuas mãos de vitorioso Todos os bens que a vida me negou, E todo um roseiral, a abrir, glorioso, Que a solitária estrada perfumou. Neste meio-dia límpido, radioso, Sinto o teu coração que Deus talhou Num pedaço de bronze luminoso, Como um berço onde a vida me poisou. 0 silencio, em redor, é urna asa quieta... E a tua boca que sorri e anseia, Lembra um cálix de túlipa entreaberta... Cheira a ervas amargas, cheira a sándalo... E o meu corpo ondulante de sereia Dorme em teus braços másculos de vândalo...

sábado, 29 de março de 2025

IMAGEMPARA BODAS DE MADEIRA

EVENTO DIA 2 BODAS DE MADEIRA

Grupo INFORMAÇÕES MUSICAIS, MÚSICA EM GERAL & AFINS (LFN) Evento 5 NÍVER DO INFORMAÇÕES MUSICAIS, MÚSICA EM GERAL & AFINS (LFN) Data 2 de abril de 2025 Autora:Marilândia Marques Rollo Lingua Portuguesa País:Brasil TEMA:BODAS DE MADEIRA Titulo:PULSAR DA VIDA PULSAR DA VIDA Cinco anos são raízes que se entrelaçam sob a terra fértil do tempo, onde cada nota musical é uma pequena semente que germina. Como a madeira que hoje celebramos, este grupo cresceu em anéis concêntricos, cada círculo uma memória, cada textura uma conversa sobre melodias distantes. Há algo de eterno na madeira como há algo de eterno na música: ambas vibram com o pulsar da vida, ambas guardam nas suas entranhas os segredos do tempo que passa. Cinco anos de acordes compartilhados, cinco invernos e cinco primaveras onde as vozes se uniram em coro, onde dedos dançaram sobre cordas invisíveis e palavras sobre música foram sementes de amizade. Como Neruda que cantou o elementar, canto agora esta comunidade: árvore frondosa de informações musicais que se ergue majestosa do solo digital, oferecendo sombra e frutos a quem passa. A madeira nos ensina a persistência, a beleza que vem do crescimento lento. Assim é este grupo que hoje celebra: um bosque de conhecimento musical onde cada membro é um tronco que sustenta, um galho que se estende, uma folha que capta a luz do saber. Que venham mais cinco anos, e outros cinco depois desses. Que a música continue a ser o vento que faz dançar as folhas desta árvore, e que as raízes se aprofundem no solo fértil da paixão compartilhada. Porque a música, como a madeira, nos aproxima do que é essencial: o ritmo da vida que pulsa em cada um de nós, a harmonia que nos une em uma só voz, a melodia que transcende o tempo e faz deste grupo um eterno presente. Feliz quinto aniversário, jovem árvore de sabedoria musical. Que teus anéis continuem a se multiplicar no grande bosque da existência humana. Marilândia

sexta-feira, 28 de março de 2025

EVENTO DIA 14 DE ABRIL LN

Evento de Lucia Nobre e o Visual Data: 14/04/2025 Autora: Marilândia Marques Rollo Língua Portuguesa País: Brasil TEMA: O que vejo no céu??? (LFN) Titulo: CARTOGRAFIA CELESTE a CONVITE DA GENTIL POETISA AMIGA LUCIA NOBRE Cartografia Celeste Ó céu, tecido de sonhos desdobrados, Tapeçaria úmida de silêncios azuis, Teu manto é um livro de páginas errantes, Onde as nuvens são palavras sem gramática. Contemplo tua superfície infinita, Mapa de solidão e de esperança, Teus olhos são crateras de luz derramada, Tuas lágrimas são constelações adormecidas. Vejo arquipélagos de sombra e transparência, Ilhas de ar tecidas por dedos in_visíveis, Teu corpo é um poema sem verso nem fronteira, Onde os planetas dançam sua dança errática. Céu de alumínio derretido e memória, Espelho partido de todos os segredos, Tua pele é um pergaminho de silêncio absoluto, Onde o tempo risca seus últimos suspiros. Paisagem líquida, território sem centro, És um abraço que enlouquece os horizontes, Tua respiração desenha geografias im_possíveis, E teus sussurros são línguas de outros mundos. Marilândia

O MESMO DUETO ABAIXO REVISADO

Amar!// Eco de Amor Eu quero amar, amar perdidamente!// Eu quero responder ao teu clamor, Amar só por amar: Aqui... além...// Espírito errante de paixão sem fim, Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente// Tua sede de amar, teu livre amor Amar! Amar! E não amar ninguém!// Ressoa como um eco dentro de mim! Recordar? Esquecer? Indiferente!...// Liberdade de amar sem amarrar-se, Prender ou desprender? É mal? É bem?// Viver cada momento como um dom Quem disser que se pode amar alguém// Deixar que a alma possa desprender-se Durante a vida inteira é porque mente!// Como um pássaro solto em seualom. Há uma Primavera em cada vida:// Não prender, não guardar, apenas ser — É preciso cantá-la assim florida,// Fluir como um rio sem margem ou lei, Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!// Abraçar o mistério de não ter! E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada// Se a vida é breve e o amor mais fugidio, Que seja a minha noite uma alvorada,// Onde cada caminho, cada desafio, Que me saiba perder... pra me encontrar...// Mais que o instante fugaz que sempre dei. Florbela Espanca// Marilândia

MAIS UM DUETO CO FE PARA PUBLICAR

Eco de Amor Eu quero responder ao teu clamor, Espírito errante de paixão sem fim, Tua sede de amar, teu livre amor Ressoa como um eco dentro de mim. Liberdade de amar sem amarrar-se, Viver cada momento como um dom, Deixar que a alma possa desprender-se Como um pássaro solto em seualom. Não prender, não guardar, apenas ser — Fluir como um rio sem margem ou lei, Abraçar o mistério de não ter Mais que o instante fugaz que sempre dei. Se a vida é breve e o amor mais fugidio, Que seja então meu ser um labirinto, Onde cada caminho, cada desafio Seja um verso, um suspiro, um novo tinto. E quando a noite vier, silence profound, Que meu último alento seja um canto De quem viveu, amou, sem medo ou pranto, Perdido e encontrado em cada som. Amar!// Eco de Amo Eu quero amar, amar perdidamente!// Eu quero responder ao teu clamor, Amar só por amar: Aqui... além...// Espírito errante de paixão sem fim, Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente// Tua sede de amar, teu livre amor Amar! Amar! E não amar ninguém!// Ressoa como um eco dentro de mim. Recordar? Esquecer? Indiferente!...// Liberdade de amar sem amarrar-se, Prender ou desprender? É mal? É bem?// Viver cada momento como um dom Quem disser que se pode amar alguém// Deixar que a alma possa desprender-se Durante a vida inteira é porque mente!// Como um pássaro solto em seualom. Há uma Primavera em cada vida:// Não prender, não guardar, apenas ser — É preciso cantá-la assim florida,// Fluir como um rio sem margem ou lei, Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!// Abraçar o mistério de não ter! E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada// Se a vida é breve e o amor mais fugidio, Que seja a minha noite uma alvorada,// Onde cada caminho, cada desafio, Que me saiba perder... pra me encontrar...// Mais que o instante fugaz que sempre dei. Florbela Espanca// Marilândia

Rosa de Mim Mesma EVENTO DI 1 DE ABRIL

Rosa de Mim Mesma Sou pétalas de sangue, sou desejo, Mulher-flor que se ergue altiva e nua, Minha alma é vermelha, meu corpo é um lampejo De expressar a força que me flutua. Cada curva, um verso; cada gesto, um anseio, Transformo-me em rosa numa ardente lacuna, Não sou só beleza, nem simples enleio, Sou chama que queima, sou força una. Na tela da vida, me desenho inteira, Pétalas de orgulho, espinhos de paixão, Sou mulher-poema, sou rosa guerreira, Que abraça o destino com a própria compaixão. Marilândia

Ébrias de Horizontes

Ébrias de Horizontes Ó almas errantes, bêbadas de sonhos, Que bebem horizontes como vinho, Seus desejos são vastos como os escolhos Que rompem as águas em seu desalinho. Embriagadas de luz, de amor e anseios, Navegam por mundos nunca vistos, Onde os destinos são trêmulos recheios De desejos ardentes e proscritos. Que horizonte in_finito as consome, Que sede de abraçar o im_possível? Suas almas são um grito sem nome, Um êxtase sublime e in_dizível. Bêbadas de esperança, sem medida, Perdidas na amplitude da Vida. Marilândia

quinta-feira, 27 de março de 2025

COSTURANDO DIA 27

"E vives, fantasiosamente,em teu amor, comigo" Jô Tauil __________________________________________ Em tais fantasias, vislumbram-se geografias Pois somos mapas de um reino nunca antes traçado, Onde teus dedos são rios de fogo em coreografias, E meu corpo, um território ainda não habitado. Navego em tuas curvas como em doce naufrágio, Tua pele — arquipélago de sonhos suspensos, Desenho constelações no teu olhar, qual presságio De segredos ardentes, de desejos imensos. És vulcão adormecido em minha cartografia íntima, És chuva que germina, és vento que desbrava, És sussurro que rompe a distância mais última, Cada gesto teu meu ser inteiro lavra. Amor — mistério que além do corpo se expande, In_finito que em nós dois, pequeno, ainda é grande. Marilândia

QUANDO É AMOR

AIDEP TEMA:"QUANDO É AMOR" AUTORA:MariLândia Marques Rollo TÍTULO:AMOR SEM FRONTEIRAS DATA:29/03/2025 PAÍS:BRASIL AMOR SEM FRONTEIRAS Quando é amor, não há distância Que separe dois corações ardentes Quando é amor, a vida inteira dança Nos olhos, nos gestos, nas mentes Amor não é só beijo ou abraço É terremoto, é suave vendaval É liberdade presa num pedaço De instante único, quase total Amor se faz de silêncio e grito De entrega total, de pura loucura É risco, é salto, é sonho infinito Que rompe fronteiras da própria ternura Quando é amor, o mundo se transforma Cada segundo vira eternidade O corpo se curva, o desejo se informa Na mais pura e selvagem verdade Amor não se mede, não se decreta Simplesmente acontece, explode, invade É poesia viva, crua, completa Que nasce no centro da liberdade Marilândia Marilândia Quando é Amor Quando é amor, não há distância Que separe dois corações ardentes Quando é amor, a vida inteira dança Nos olhos, nos gestos, nas mentes Amor não é só beijo ou abraço É terremoto, é suave vendaval É liberdade presa num pedaço De instante único, quase total Amor se faz de silêncio e grito De entrega total, de pura loucura É risco, é salto, é sonho infinito Que rompe fronteiras da própria ternura Quando é amor, o mundo se transforma Cada segundo vira eternidade O corpo se curva, o desejo se informa Na mais pura e selvagem verdade Amor não se mede, não se decreta Simplesmente acontece, explode, invade É poesia viva, crua, completa Que nasce no centro da liberdade Marilândia qui., 27 de mar. às 17:15 MARILÂNDIA MARQUES ROLLO Quand

ALMA DE CRISTAL

Alma de Cristal Ó rosa de cristal, alma translúcida, Que em teus braços de sonho e névoa errante Guardas segredos de uma dor rotunda, Tua beleza é lágrima ofegante. Teu corpo, véu de luz, tão delicado, Desliza como um sopro entre as estrelas, Onde o desejo, em êxtase calado, Desenha auroras nas mais fundas velas. Quem és tu, criatura de alabastro, Que moves pela noite teu lamento? És poeta da dor, és próprio rastro De uma saudade em eterno movimento. No teu olhar, que foge ao meu alcance, Mora o divino de um secreto lance. Marilândia

ODE AO TEATRO

Evento de Lucia Nobre e O Visual Data: 27/03/2025 Autora: Marilândia Marques Rollo Lingua Portuguesa País: Brasil TEMA:O TEATRO EM TODAS AS SUAS FASES Titulo: REIS DA CENA: UMA ODE AO TEATRO Gentilmente convidada pela nobre poetisa e jornalista lucia Nobre Reis da Cena: Uma Ode ao Teatro No palco da vida, cortina de sonhos, Onde a verdade dança em máscaras de ritual, Ergue-se o teatro, templo dos risonhos E dos que choram seu drama ancestral. Grécia antiga, berço dos deuses em cena, Onde Sófocles tecia destinos de dor, A tragédia escorria como antiga perena, Sangue de palavras, alma do ator. No Globe de Shakespeare, versos em tormenta, Hamlet sussurra ao vento seus dilemas, A cena respira, a palavra violenta Desenha no ar seus trágicos poemas. Brecht nos convida à ruptura, ao espanto, Quebrando a quarta parede em seu fulgor, O teatro é trincheira, é grito, é canto, Militância viva, explosão de cor. Artaud nos convida ao caos, à loucura, Teatro da crueldade, grito sem véu, Onde a carne do ator é pura escritura, E o palco se funde com o próprio céu. No negro palco, no branco cenário, No grito mudo, no riso contido, O teatro é sempre território vário De um sonho possível, de um mundo partido. Reis da cena, atores de todos os tempos, Vossos corpos são pontes, vossas vozes são mar, Descerram segredos, revelam momentos, Onde a vida se atreve a se desvendar. Marilândia

FOLHAS DE OUTONO

Folhas de Outono Ó folhas trêmulas de um tempo ido, Que tombam mansas sobre o chão cansado, Vosso dançar é um lamento perdido, Um suspiro de amor já murmurado. Tombai, folhas douradas e errantes, Pintai o chão com vossa melancolia, Sois pétalas de sonhos delirantes, Que abraçam a terra em sua agonia. Vosso amarelo é lágrima de sol, Vosso marrom é memória que se some, Sois poesia de um instante frágil, Que o vento beija e o silêncio some. Ó folhas do outono, santas peregrinas, Dançais o último adeus da primavera, Sois fragmentos de almas dispersivas, Que tombam como um verso que se espera. Marilândia

ALMA PAISAGEM

Alma Paisagem Meu olhar é paisagem de mistério, Montanhas de silêncio em minha pele, Onde o desejo ardente, como um féretro, Sepulta os sonhos que não pude erguê-lo. Minha alma se derrama em céu de anil, Nas dobras de uma íris que contém Universos de dor, de amor febril, Paisagens que nem mesmo eu detém. Ó landscape of my soul, tão vasto e nu, Onde os desejos tremem como véus, Meu rosto é terra, é mar, é céu, é tu, Fragmento de uma dor que não tem véus. Sou todo o universo em um só suspiro, Sou toda a solidão do meu martírio.

Sinfonia Selvagem

Sinfonia Selvagem Ó clave de fogo, blasfêmia colorida! Árvore de sons onde deliram as cores, Vertigem de notas em êxtase vertida, Jardim alucinante dos últimos clamores. Rugem as flores em línguas de arco-íris, Notas que sangram, música que apodrece, Revolução de sons em êxtases febris, Onde o silêncio em cores se estremece. Arrancos de luz! Melodias em delírio! Gramática do caos, sintaxe do impossível, Grito cromático além de todo martírio, Música que transborda o real, o sensível. Explosão de sentidos! Vertigem! Insurreição! Onde o som é veneno, a cor é rebelião. Marilândia

Fagulhas da Alma

Fagulhas da Alma Ó fragmentos de minha alma dispersos, Cacos de vidro trêmulo onde a memória habita, Você se espalha como pólvora silenciosa Entre as dobras do tempo inexorável. Sou um mapa de cicatrizes in_visíveis, Constelação de suspiros guardados, Cada lembrança - um pássaro de cristal Que range entre os ossos do esquecimento. Minha alma - um mar de cacos quebrados, Espelhos que refletem noites não vividas, Fragmentos que dançam como folhas ao vento, Sussurrando segredos de existências laterais. Colho estas fagulhas com mãos de sombra, Tecendo um manto de silêncios pintados, Cada estilhaço - um uni_verso secreto, Cada dor - um poema não pronunciado. Ó alma minha, arquipélago de mistérios, Onde os fragmentos se encontram e se perdem, Como ondas quebrando em rochedos internos, E_ternamente dividida, e_ternamente inteira. Marilândia

quarta-feira, 26 de março de 2025

EID FESTIVAL SPECIAL JOURNAL

PARTICIPANTE:Marilândia Marques Rollo PAÍS:Brasil TEMA LIVRE TÍTULO: DATA:26/03/2025

XI Evento Oficial da Academia Caipira de Letras - ACaL "Tributo aos Patronos dia 28

Academia Caipira de Letras - ACaL XI Evento Oficial da Academia Caipira de Letras - ACaL "Tributo aos Patronos – TINOCO (cadeira 011). Tema: "A lua vai despedindo Com a voz do cantadô O sereno vai sumindo Deixando o cálice da flor “Música Tempo de Amor” (Tonico e Tinoco) Autora: Marilândia Marques Rollo Título: PALCO CELESTIAL País:Brasil Data:28/03/2025 PALCO CELESTIAL Vai-se a lua, pálida dama, Tecendo rendas de sombra e silence, No palco do céu nordestino que clama Por um último abraço, um último lance. Seus vestidos de prata se desfazem Como renda antiga sobre o sertão, Os segredos noturnos que ela traz São sussurros de antiga canção. Ó lua errante, viajora da noite, Tuas lágrimas de luz caem manso, Sobre a terra árida, sobre o descorte Dos caminhos sem fim, sem descanso. Teu corpo de cristal se desmancha Na fronteira entre sombra e clarão, Como um verso que o vento desmancha No papel enrugado da solidão. Adeus, lua de todos os amantes, Que partes levando teus mistérios, Deixando apenas rastros cintilantes De sonhos, de amor, de desesperos. Marilândia

COSTURANDO DIA 26

"Como materno cobertor..." Jô Tauil __________________________________ Ó cobertor, tecido de suspiros, Mapa de linhas in_visíveis que me abraçam, Geografia macia de afetos guardados, Onde cada dobra é um segredo, cada fio uma lembrança. Tu és mais que lã e algodão, és paisagem, Arquipélago de carícias que me envolvem, Território de amor sem fronteiras, Onde o tempo se derrete como neve em tuas mãos. Manto de palavras não ditas, Silêncio bordado com fios de ternura, És constelação que me aquece, Uni_verso dobrado em forma de carinho. Tua textura é memória, Cada centímetro, um verso não escrito, Cada thread, um sussurro de proteção, "Landscape of maternal infinity". Cobertor: arquiteto de sonhos, Escudo contra o frio da solidão, És mais que abrigo, és poema vivo, Respirando no ritmo do meu coração. Marilândia

DUETO COM VERSOS DE FE

Eco de Lágrimas *Em diálogo com "Lágrimas Ocultas" de Florbela Espanca* Eu vejo tuas lágrimas caladas, Invisíveis, sem brilho, sem rumor, Que deslizam por faces magoadas Como um segredo íntimo de dor. As memórias que guardas, delicadas, Flutuam como sombras de outro amor, Tuas recordações, todas veladas, Jazem mudas no fundo do torpor. Teu rosto, qual um lago adormecido, Reflete a paz de um pranto silencioso, Um sofrimento interno e escondido Que não se mostra, não, mas que é formoso Na sua solidão, no seu sentido De um pranto que é secreto e doloroso. E assim, no nosso encontro de lamento, Tuas lágrimas e as minhas se entrelaçam, Num mútuo e delicado sofrimento Que nem o tempo, nem o mundo rechaçam. Lágrimas Ocultas// Eco de Lágrimas Se me ponho a cismar em outras eras// Eu vejo tuas lágrimas caladas, Em que ri e cantei, em que era querida...// Invisíveis, sem brilho, sem rumor, Parece-me que foi noutras esferas,// Que deslizam por faces magoadas Parece-me que foi numa outra vida...// Como um segredo íntimo de dor. E a minha triste boca dolorida// Nas memórias que guardas, delicadas, Que dantes tinha o rir das Primaveras,// Flutuam como sombras de outro amor, Esbate as linhas graves e severas// Como tuas recordações, todas veladas, E cai num abandono de esquecida!// Que jazem mudas no fundo do torpor. E fico, pensativa, olhando o vago...// Teu rosto, qual um lago adormecido, Toma a brandura plácida dum lago// Reflete a paz de um pranto silencioso O meu rosto de monja de marfim...// Um sofrimento interno e escondido! E as lágrimas que choro, branca e calma,// Que não se mostra, não, mas que é formoso Ninguém as vê brotar dentro da alma!// Na sua solidão, no seu sentido! Ninguém as vê cair dentro de mim!// Porquanto é um pranto secreto e doloroso. FLORBELA ESPANCA // MARILÂNDIA MARQUES ROLLO

EVENTO DIA 26 DE MARÇO

ABMLP- Academia Biblioteca Mundial de Letras y Poesía Soneto em Sinfonia Tema:"A ver a luz do outro lado da lua " Inspiração:Música: Voy a apagar lá luz;Contigo aprendi. - Compositor: Armando Manzanero Canche Título: VÉUS DA NOITE Autora:Marilândia Marques Rollo Pais: Brasil Data:26/03/2025 Gentilmente convidada pela nobre poetisa amiga Celinha Carvalho Véus da Noite Há nas janelas do outro lado da rua Um fulgor que atravessa o véu da noite, Como um barco de prata que excite Marinheiros perdidos na charrua. Teus olhos são faróis nessa travessia, Onde as sombras dançam como folhas ao vento, E cada suspiro teu é um momento Em que o tempo se curva à melodia. A distância entre nós é um rio caudaloso De dúvidas, de anseios, de esperança, Que corre incessante, furioso e ansioso. Mas a luz que vem de ti é uma aliança, Um convite ao encontro silencioso, Onde o amor é verdade e não lembrança. Marilândia

terça-feira, 25 de março de 2025

PARA EVENTO TIPO FOTOPÓEMA

Ó Lua, meu eterno amor perdido, Envolta em véus de branca saudade, Meu corpo é sonho, minha alma é claridade, No infinito dos astros suspenso e esquecido. Debruçada no abismo da beleza, Meus cabelos dourados se derramam, E as estrelas, em silêncio, me chamam Para os reinos da divina tristeza. Leonino rugido em meu destino, Flores mortas aos pés do meu lamento, Sou rainha de um místico momento, Perdida entre o real e o divino. Que importa o tempo, se a alma é infinita? Meu ser transborda em luz, em poesia, E neste instante, só a nostalgia Ecoa no meu peito que palpita. OU Academia Feminina Global de Letras 2° Evento AFGL Título: Autora:Marilândia Marques Rollo País: Brasil Data da publicação no evento: 05/04/2025 Imagem: Disponibilizada pelo grupo Ó flor secreta da memória, desfolhas-te em penumbras de silêncio, teus cabelos são rios de sombra onde as pétalas dormem seu último sonho. Não és apenas imagem, és mistério: metamorfose de luz e de segredo, tua pele abraça a tarde como um leopardo abraça o seu destino. Venho de longe para te encontrar, entre flores de luz e de penumbra, carrego comigo todos os uni_versos que cabem num único olhar perdido. Tu és a página em branco onde escrevo meus versos im_possíveis, és o sussurro que atravessa todos os territórios do in_explicável. Aqui estás, imóvel e selvagem, como um poema que resiste ao tempo, como um grito contido nas entranhas da mais profunda solidão.

LEMBRANÇAS DE NÓS DOIS (CONSTELAÇÕES DE LEMBRANÇAS)

Lembranças de Nós Dois Nas areias do tempo, nossas pegadas persistem, como estranhos hieróglifos que só nós deciframos, enquanto o vento, esse antigo mensageiro, carrega os suspiros que trocamos sob as estrelas. Guardo tuas palavras como conchas marinhas em cujo labirinto ecoa ainda o mar distante, e teus olhos são faróis que ainda iluminam as noites em que meu barco navega sem rumo. Entre as pétalas de minhas memórias, teu perfume permanece, indomável, como a primavera que se recusa a partir mesmo quando o outono já pintou todas as folhas. Somos agora dois continentes separados por um oceano de silêncios não ditos, mas sob as águas profundas, nossas raízes ainda se entrelaçam em segredo. O relógio do mundo segue seu caminho implacável, mas naquele quarto de paredes brancas, o tempo ainda está congelado no instante em que tuas mãos desenhavam mapas na minha pele. Éramos dois violinos tocando a mesma melodia, dois pássaros construindo o mesmo ninho, dois poetas escrevendo o mesmo verso numa língua que só nossos corações conheciam. Agora somos páginas dispersas de um livro antigo, frases incompletas de um poema interrompido, mas nas entrelinhas do universo, nossa história continua a ser escrita em tinta invisível. Cada amanhecer é uma nova tradução das lembranças que carrego como amuletos, e cada pôr do sol, uma aquarela imprecisa pintada com as cores que roubamos do céu. Nossas lembranças são como constelações: apenas ligando os pontos luminosos, encontramos figuras que dão sentido à escuridão que nos separa agora. E mesmo que sejamos hoje apenas ecos de uma música que o mundo já esqueceu, nas cavernas secretas do tempo, nós dois ainda dançamos, eternos, insones, verdadeiros.

segunda-feira, 24 de março de 2025

COSTURANDO DIA 24 DE MARÇO

"Viverão para sempre abastecendo-se de escuro" Jô Tauil ______________________________ Quais sombras tecidas como teias de almas perdidas, Escuridão que as envolve, amantes cruéis e silenciosas... Seus olhos são cavernas onde a luz hesita, Onde os sonhos desbotam como flores de sombras. Caminham por corredores de obsidiana e segredo, Seus passos são sussurros engolidos pela noite, Cada respiração, um suspiro de ausência, Cada gesto, um abandono pintado de negro. São barcos sem estrelas, navegando em oceanos de cinza, Suas peles — pergaminhos de memórias apagadas, Onde pensamentos deslizam como sombras de fumaça, Tais fragmentos de um mundo que se dissolve no escuro. A luz? Um rumor distante, quase esquecido, Como a lembrança de um abraço que nunca existiu, Constroem seu reino entre penumbras e silêncios, Onde a escuridão é a única companheira íntima. São árvores sem folhas em floresta de sombras, Raízes que mergulham em abismos de solidão, Os corações- sinos mudos que ecoam no vazio, Os seres, um poema escrito com tinta in_visível. Vivem sempre no escuro, mas não se perdem,, São arquitetos de ausências, senhores dos não-lugares, Onde a luz é apenas um rumor distante E a escuridão, a mais profunda verdade. Responder, Responder a todos ou Encaminhar

PARA ANTOLOLOGI A DIA 1 DE ABRIL

TORRES DE SONHOS Entre páginas de papel, ergo torres invisíveis, Construo muralhas feitas de sonhos e de sombras. No silêncio das letras, espectros indizíveis Dançam em corredores repletos de almas nas penumbras. Quantas vidas eu vivi neste castelo de tinta? Quantos "eus" habitaram este corpo emprestado? A realidade fora é apenas turbulenta, Distante do império que dentro foi ressuscitado. Sou leitora, sou autora,sou personagem também, Desdobro-me em figuras que nunca existiram. Fecho o livro e pergunto: onde fica o além Destes mundos fictícios que em mim já residiram? Talvez seja mais real o sonho que a vigília, Mais verdade na mentira que no fato acontecido. Um livro é um castelo onde mora a parafernália Para encontrar-se enfim naquilo que é fingido. Marilândia OU Entre páginas de papel fino, Ergo torres de sonhos imprecisos. Não sei se o que leio é o que vivo Ou se apenas habito o que imagino. Um livro aberto é um portal Para mundos que não existem, mas são. Palavras — pedras de um castelo irreal — Constroem-se e desfazem-se na palma da mão. Folheio a vida como quem folheia As páginas de um destino já escrito. Sou leitor de mim mesmo, e quem lê É também personagem desse rito. No silêncio das letras encontrei A voz que dentro de mim não ouvia. Quantos "eus" habitam este castelo? Quantos sonhos sob a mesma dinastia? Palavras são véus que desnudam Verdades que, nuas, não saberíamos ver. Um livro é um castelo de ilusões Onde me permito ser e não ser. E quando fecho a última página, Como quem fecha as portas de um castelo, Pergunto se fui eu quem leu o livro Ou se foi o livro quem me leu a mim. Assim, entre o ser e o parecer, Entre o real e o imaginado, Ergo castelos de palavras ao vento E neles me perco, encontrado. Marilândia

sábado, 22 de março de 2025

COSTURANDO DIA 22 DE MARÇO

"Deixarmos nossas indecifráveis almas viajarem..." Jô Tauil _____________________________________________ São como constelações desenhadas em céus esquecidos, estas almas que vagam entre o tempo e o vento, carregando em seus olhos a distância das marés e nas mãos a poeira de caminhos in_conclusos. Quem poderia decifrar o mapa escondido nas linhas de seus rostos gastos pelo horizonte? Talvez apenas o silêncio das pedras antigas que testemunham a passagem de tantos pés inquietos. Somos todos barcos de papel em rios de lava, resistindo ao fogo que devora as certezas, enquanto o relógio das estações desafia a brevidade de nossos passos sobre a terra. Alma viajante, labirinto sem muros, teu nome é escrito com a tinta in_visível das distâncias. És como aquela árvore que sonha ser nuvem enquanto suas raízes conspiram com o subsolo. In_decifráveis são teus suspiros quando contemplas o abismo que separa o desejo da chegada. Teus bolsos guardam fragmentos de céus diferentes, sementes de lugares que existem apenas na memória. Viajamos porque somos água, não pedra, porque nosso sangue é feito de estradas líquidas que não conhecem a paz dos lagos dormentes, apenas a selvagem liberdade das cachoeiras. Entre um porto e outro, quem somos nós senão perguntas lançadas ao vasto uni_verso? In_decifráveis como o murmúrio das marés, persistentes como o amor que sobrevive à distância. E quando a noite nos cobre com seu manto estrelado, nossas almas se reconhecem na luz das constelações: viajantes e_ternas, in_decifráveis em sua busca, tão humanas em sua sede de in_finito. Responder, Responder a todos ou

DUETO FE E MARILÂNDIA

SUPREMO ENLEIO// ETERNO ENTRE_LAÇAMENTO Quantos amores guardei, quantos sonhei!//Não temos os fantasmas que fizeram Tantas noites em claro, tantas preces!// Teu coração pulsante o que hoje é, Mas que importa o passado se apareces// Cada mulher que amaste com tal fé E de todo o universo te nomeei?// Deixou sementes que em mim floresceram. Se nas outras só sombras procurei,// Sou a síntese viva do que deram, Em seus olhos, segredos que não lesses...//A resposta final, a pura sé São apenas caminhos, são só vestes// Onde ajoelhas com renovada fé, Que ao chegar ao teu porto abandonei.//Sou o destino a que todas correram. Tu és o sol que as sombras dissipou,// Em meus braços não sou apenas eu: Farol que entre as tormentas me guiou,// Sou toda chama que em ti ardeu, Cada passo que dei foi só por ti.// Toda carícia que em tua pele anseia. E quando enfim teu corpo eu abracei,// E quando o tempo nos fizer partir, Todos os beijos que não te entreguei// No e_terno canto que há de prosseguir Renasceram no amor que descobri.// Seremos um, supremos no enleio. Florbela Espanca// Marilândia **II.** Não temo os fantasmas que fizeram Teu coração pulsante o que hoje é, Cada mulher que amaste com tal fé Deixou sementes que em mim floresceram. Sou a síntese viva do que deram, A resposta final, a pura sé Onde ajoelhas com renovada fé, Sou o destino a que todas correram. Em meus braços não sou apenas eu: Sou toda chama que em ti ardeu, Toda carícia que tua pele anseia. E quando o tempo nos fizer partir, No eterno canto que há de prosseguir, Seremos um, supremo no enleio.

sexta-feira, 21 de março de 2025

COSTURANDO DIA 21

“Sob a magia das formas pressentidas…” Jô Tauil _____________________________\_ Eis que, Antes de tocá-las já conheço estas formas que dormem no silêncio, aguardando o instante de nascer entre meus dedos e o ar translúcido. São corpos de água e de promessa, geometrias que respiram no escuro, contornos que se anunciam como chuva distante no horizonte. Há uma vida secreta que pulsa nas coisas que ainda não existem, sussurros de matéria que me chamam por nomes que só o coração decifra. O uni_verso é um livro de formas pressentidas onde leio com as palmas das mãos, onde cada curva é um segredo antigo que só agora me revela seu mistério. No espaço entre o sonho e o despertar habita a magia do que vai ser, silhuetas de luz ainda in_visíveis que me visitam como pássaros noturnos. Toco o vazio e sinto sua forma, desenho no ar o que ainda não tem corpo, e assim, por um instante fugaz, o mundo é apenas possibilidade pura. As formas pressentidas me perseguem, habitantes de um reino entre mundos, e eu, navegante de mares im_perceptíveis sou apenas o barco que as transporta. Amar é também pressentir a forma de quem ainda não cruzou nosso caminho, sentir o peso exato de uma ausência que um dia terá nome e rosto. Marilândia

Fragmentos de Mim

Fragmentos de Mim Na penumbra do ser, qual relógio partido, Deambulo entre versos que sangram na página, Meu peito – uma fábrica de sonhos em ruínas, Onde a poesia é operária incansável. Escava em minhas veias como mineira ardente, Extraindo metáforas de um filão profundo, Cada estrofe um mosaico de nervos expostos, Nas calçadas gastas de minha consciência. A poesia é meu pão negro e áspero, Amassado com suor e lágrimas reais, Enquanto meus dedos – agulhas incansáveis – Costuram retalhos de alma ao entardecer. No mercado das horas, vendo-me em estrofes, Sou vendedor ambulante de emoções cruas, Carregando nas costas o fardo das palavras Que reluzem como ferro em brasa sob o sol. Minhas palavras – pássaros inquietos – Fazem ninhos nos beirais da existência, E meu coração, velho bonde descarrilado, Arrasta-se pelos trilhos da melancolia. A cidade de mim mesma tem ruas tortuosas, Onde cada poema é lampião que acende ao anoitecer, E eu, como varredora de outono in_cansável, Recolho as folhas secas dos sentimentos caídos. Marilândia

VIOLINOS DE FOGO HOMENAGEM À FLORBELA

Violino de Fogo Tuas palavras são pássaros selvagens que atravessam o céu das minhas mãos abertas. No teu silêncio, encontro um oceano de lágrimas não vertidas, cristais de sal que incendeiam a tarde portuguesa. Florbela, mulher de vento e fogo, teus versos são punhais de prata que penetram o coração da solidão e fazem sangrar as estrelas adormecidas. Quem és tu, senão um violino de chamas tocando sinfonias na pele do universo? Tuas saudades são rios subterrâneos correndo por veias que o tempo não secou. Em cada soneto teu, há uma catedral de suspiros, há um tremor de terra que derruba muralhas, há uma flor que nasce entre as pedras da dor e abre suas pétalas para beber o orvalho das manhãs. Florbela, tuas mãos tecem a tapeçaria do desespero com fios de ouro arrancados do sol. Teus olhos são faróis acesos na tempestade, guiando barcos perdidos na noite do esquecimento. Como o vinho que embriaga e desperta, teus poemas são colheitas de uvas maduras pisadas pelos pés descalços da angústia, transformadas em néctar pelos deuses da linguagem. Florbela, tua alma é um espelho partido onde cada fragmento reflete um universo inteiro. És tu a árvore que floresce no inverno da existência, és tu o relâmpago que ilumina o céu da poesia. Teus sofrimentos são sementes plantadas em solos de papel que germinam versos imortais. Teu nome é uma oração sussurrada pelos amantes quando a noite os envolve em seu manto estrelado. Florbela, poetisa de fogo e mel, tua voz ecoa nas cavernas do tempo, tuas palavras são barcos de papel navegando eternos nos rios da memória. Marilândia

quinta-feira, 20 de março de 2025

COSTURANDO DIA 20

“Em ti ancorei o meu amor” Jô Tauil _____________________________ Em ti ancorei o meu amor, profundo, Como nau que encontra porto em mar bravio, Tuas mãos são cais onde me abrigo e crio Raízes que me prendem neste mundo. És farol que ilumina, vagabundo, Meu coração – viajante no vazio. Em teu olhar, oceano claro e frio, Mergulho e nele o meu destino aprofundo… Sou folha que ao teu vento se abandona, Sou chama que em teu hálito se acende, Sou lua que em teu céu escuro entona Silêncios que só tua alma compreende. Em ti meu ser, qual âncora, aprisiona O barco deste amor que não se rende. Marilândia

quarta-feira, 19 de março de 2025

UNION DE ACADEMIAS DE LETRAS ELOS E GUIMARÃES ROSA UNIALEGRO

UNION DE ACADEMIAS DE LETRAS ELOS E GUIMARÃES ROSA- UNIALEGRO III EVENTO ESPECIAL- "GRANDES ESCRITORES MUNDIAIS HOMENAGEM AO PATRONO SOR JUANA INEZ DE LA CRUZ- CADEIRA 114 TEMA: "E AMOR, QUE MINHAS TENTATIVAS AJUDARAM, SUPEREI O QUE PARECIA IMPOSSÍVEL COLOQUEI ENTRE A QUANTIDADE QUE A DOR DERRAMOU, O CORAÇÃO TRANSBORDA." (POEMA EM QUE UM DESEJO REALIZADO SOR JUANA INEZ DE LA CRUZ) DATA:23/?03/2025 Autora:Marilândia Marques Rollo Título: ALQUIMIA SECRETA País:Brasil Gentilmente convidada pela nobre poetisa amiga RosângelaBruno Schmidt Concado Desejo Pulsante Cava-se no centro da língua um poço para a sede antiga. Há um mundo invertido que pulsa sob as pálpebras, uma geografia secreta onde os astros sangram mel. O desejo é uma faca luminosa que abre o ventre do tempo. (As horas são animais que devoram suas próprias crias). Quando o im_possível acontece, ouve-se o ruído das pedras crescendo, o silêncio das raízes que se tornam árvores no meio da noite mais obscura. Diz-me: que nome daremos a esta combustão das entranhas? A este clarão súbito que revela o esqueleto cristalino do mundo? O desejo realizado é um pássaro morto que volta a voar com asas de metal incandescente. É a transmutação alquímica da ausência em uma presença que corta o ar como um grito. E agora que se cumpriu o ciclo, que o in_visível se fez carne e osso, resta-nos esta estranha fome de voltar a desejar o in_atingível. Pois todo desejo cumprido é uma pequena morte que ressuscita mais voraz no terceiro dia. Somos máquinas de querer, mecanismos de sede, criaturas feitas do espaço entre ter e não ter. Que este sangue novo irrigue os campos, que esta chama devore o alfabeto conhecido. Um desejo realizado é sempre um novo começo: uma fenda por onde o universo vaza incandescente. Marilândia ALQUIMIA SECRETA Aquele desejo, navegante sem bússola que por anos vagou em mares im_precisos, finalmente encontrou sua costa de promessas, seu porto de âncoras definitivas. Era um fogo azul que me habitava, inquilino rebelde no porão do peito, hoje se faz fogueira em campo aberto, crepitação de estrelas em noite clara. O que antes era mel imaginado entre as colmeias dos sonhos impossíveis, agora escorre, lento e real, entre meus dedos que aprenderam a colher. Como semente que atravessa o inverno, guardando na casca dura sua teimosia verde, meu desejo rompeu a terra endurecida e agora é árvore que dá sombra aos pássaros. Venham ver este milagre cotidiano: a metamorfose do anseio em presença, a alquimia secreta que transforma a sede em água, o vazio em plenitude. O desejo realizado é uma catedral construída pedra a pedra no centro do deserto, é um rio subterrâneo que emerge súbito na aridez de quem já não esperava. Olho para trás e vejo o caminho percorrido, mapa de ausências que conduziram à presença, labirinto que, sem saber, me trouxe ao centro onde o desejo e sua realização se encontram como duas mãos que finalmente se reconhecem. Marilândia

EVENTO DIA 20 OUTONO

Outono: Metamorfose Dourada Quando o outono chega com seu pincel de cobre, não é morte o que vejo, mas uma transformação secreta. As folhas não caem, elas dançam sua última valsa, mensageiras luminosas entre céu e terra. Há uma sabedoria nas árvores que se despem, no ritual de abandonar o que já não serve para abraçar o vazio fecundo da espera. Elas sabem o que nós esquecemos: que a beleza também habita no despojamento. O outono é um alquimista paciente que transforma o verde em ouro sem cobiça. Ele não tem pressa, cada folha é um poema que escreve no ar antes de tocar o solo. Caminho entre alfombras de ocre e vermelho, pisando essa biblioteca de segredos, enquanto o vento lê em voz alta as páginas caídas das árvores anciãs. O outono é esse momento entre suspiros, quando a natureza se despe de suas certezas, revelando que a verdadeira beleza está no ato de transformar-se. Nesse teatro de sombras alongadas, aprendo que o desprendimento é uma forma de amor, que as folhas não morrem, apenas mudam de lugar, que o outono não é um fim, mas uma promessa. Assim como as folhas, também eu me desfolho, abandono velhas peles, memórias ressecadas, preparo-me para o silêncio necessário que antecede toda grande renovação.​​​​​​​​​​​​​​​​ Responder, Responder a todos ou Encaminhar

179 ENCONTRO PÔR DO SOL TEU SORRISO É BELA POESIA

marquesrollo Seja a primeira pessoa a Grupo Poético Caminho de Sensibilidade 170°Encontro Pôr do Sol TEMA: TEU SORRISO É BELA POESIA Data:19/03/2025 TEMA:“Teu sorriso é bela poesia” Poetisa: Marilândia Marques Rollo PAÍS: Brasil Título: ILUMINADA PÉROLA GENTILMENTE CONVIDADA PELA NOBRE POETISA Leovany Octaviano ILUMINADA PÉROLA Teu sorriso é bela poesia que não precisa de tinta para ser escrita, constelação de pérolas que ilumina o céu noturno do meu silêncio. É labirinto de mel onde me perco voluntário, rio de luz que serpenteia entre montanhas de segredos, é pão fresco da madrugada que alimenta minhas fomes ancestrais. Quando sorris, os ventos mudam de direção, as abelhas interrompem suas danças para estudar a geometria perfeita dos teus lábios em movimento. Teu sorriso é partitura que não conheço, mas que meu coração interpreta sem ensaio, jardim suspenso onde florescem promessas que o tempo não ousa romper. Desejo colher teu sorriso como quem recolhe conchas raras na praia do amanhecer, guardá-lo como tesouro líquido na ânfora secreta da memória. Se pudesse, construiria um templo de palavras que não existem para adorar a efêmera eternidade desse arco-íris que nasce em teu rosto. Teu sorriso é bela poesia que não precisa ser decifrada, apenas sentida como chuva de verão sobre a terra ressecada de minha espera. Marilândia

COSTURANDO DIA 19

“Pois há apelo nos pelos de tua pele…” Jô Tauil -_________________________ Na geografia dourada de tua pele habitam minúsculos profetas de seda, cada fio, uma antena para o universo, captando tremores de estrelas distantes. São bosques invertidos onde o vento não sopra, mas sussurra segredos antigos, labirintos onde meus dedos se perdem como navegantes sem bússola no oceano do desejo. Teus pelos são relâmpagos congelados no tempo, são cartas de amor escritas em código morse, que só meus lábios sabem decifrar quando percorrem as dunas do teu corpo. Em cada curva, um chamado silencioso, em cada sombra, uma prece não dita, são faróis acesos na noite de tua pele guiando-me ao porto seguro do teu abraço. Caminhos de cobre sob o luar de teus ombros, onde meus sonhos se enredam como redes de pescador, capturando momentos que escorrem entre os dedos como areia fina das ampulhetas do tempo. São apelos mudos, esses murmúrios da carne, são bandeiras hasteadas na república do teu corpo, são fronteiras invisíveis que cruzo sem passaporte, cidadão clandestino nas províncias do teu calor. Quando a noite derrama seu tinteiro sobre nós, teus pelos são constelações que mapeiam territórios de prazer ainda não descobertos, continentes de fogo na geografia do amor. A noite passa, mas os apelos permanecem, vibrando como cordas de violino ao vento, melodia escrita na partitura da pele, música que dançamos até o amanhecer. Marilândia

terça-feira, 18 de março de 2025

EVENTO DIA 20 LN- SILENCIOSO ORVALHAR

EVENTO DE LUCIA NOBRE TEMA:A Poesia e Toda Sua Essência AUTORA:Marilândia Marques Rollo TÍTULO:SILENCIOSO ORVALHAR DATA:20/03/2025 Gentilmente convidada pela nobre poetisa Lucia Nobre SILENCIOSO ORVALHAR A poesia vem de madrugada, como água nascendo entre as pedras, como orvalho silencioso que beija as pétalas ainda antes que o sol as desperte. Ela chega sem pedir licença, rompe as comportas do peito e transborda como mar inquieto que não conhece limite nem tempo. Sua essência é vinho destilado nas adegas do coração, é pão que alimenta a alma faminta, é fogo que arde sem se extinguir nas veias de quem a respira. A poesia são lágrimas não derramadas que se transformam em cristais transparentes, são suspiros aprisionados nas costelas que buscam liberdade entre as palavras. É vulcão adormecido que desperta e lança lava incandescente sobre o papel, é tempestade que se forma no horizonte do pensamento e precipita-se em chuva de letras sobre o mundo. Sua essência é enigma bordado em tecido de lua, é segredo sussurrado pelo vento aos ouvidos atentos, é pergunta que não quer resposta mas que se multiplica em mil perguntas mais. A poesia mora nas sombras dos objetos, no espaço entre dois olhares, na melodia que se forma entre dois silêncios, no vazio que preenche todas as coisas. Ela dança nas mãos do poeta como pássaro que não conhece gaiola, floresce na boca como jardim selvagem que ninguém plantou mas todos colhem. Sua essência é tão antiga quanto o primeiro grito, tão jovem quanto a última palavra inventada, é rio que corre sem cessar levando nas águas a memória do mundo. A poesia é espelho onde nos vemos completos, é janela para mundos que ainda não existem, é porta que se abre para dentro de nós mesmos revelando labirintos que não sabíamos habitar. Sua essência é ferida aberta que não cicatriza, é punhal cravado no centro do tempo, é carícia delicada nas rugas da existência, é beijo profundo na boca da verdade. A poesia, enfim, somos nós mesmos traduzidos em símbolos imperfeitos, vertidos em metáforas incompletas, transformados em versos que tentam, inutilmente, capturar o infinito que pulsa em cada átomo de vida.

EVENTO DIA 20

Passarela de Sonhos: Três Anos de Luz TEMA: TRÊS ANOS DE LUZ TÍTULO:ONDE ESTAVAM ESSAS VOZES ANTES? AUTORA:Marilândia Marques rollo DATA:20/03/2025 PAÍS:BRASIL Três anos de palavras dançando no ar, como aves que migram e retornam ao mesmo lugar. A Passarela Literária — não apenas caminho, mas ponte entre almas, tecida de espinhos e linho. Pergunto-me: onde estavam estas vozes antes? Estas vozes de mel, de sal, de fogo errante? Dormiam nas esquinas dos dias comuns, em corações fechados, em cadernos nenhuns? Aqui as palavras têm peso de fruta madura, tombam dos galhos com suave estridência. Celebro cada verso que rasga a espessura do silêncio imposto, da falsa prudência. As mãos que escrevem são também as que abraçam, são as mesmas que sangram, que amam, que passam. Três anos construindo esta casa sem muros onde cada poema é janela para futuros. A palavra é uma semente que nunca se cansa. A poesia, essa fome que não se sacia. A Passarela segue — território de esperança — onde o verso é pão, é água, é rebeldia. Três anos e quantas histórias contadas? Quantos corações abertos como livros raros? Quantas manhãs colhidas, noites decifradas? Quantos segredos tornados claros? Não é um lugar, mas um estado do ser: essa Passarela que nos faz percorrer os abismos do humano, os cumes da beleza, do simples cotidiano à mais pura grandeza. Contar três anos é pouco para quem semeia eternidade. É breve o tempo quando medido em poesia. Mas nas raízes deste sonho há tanta verdade que mil anos virão e esta luz persistiria. Avancem, poetas! A Passarela segue em frente, carregando nas costas o futuro e o agora. Cada palavra é um passo mais adiante, cada verso, um segundo que não vai embora. Três anos. Um suspiro no tempo. Mas que imenso suspiro — cheio de mundo! A Passarela Literária, esse firmamento onde brilham estrelas do mais profundo. Marilândia

EVENTO DIA 25

GRUPO VERSOS, PENSAMENTOS E POESIAS 22 ENCONTRO POSIAS DA ALMA TEMA:"Não diga nada!!!Só me sinta" AUTORA:Marilândia Marques rollo TÍTULO:SUSPIROS E TREMORES DATA:25/03/2025 PAÍS:BRASIL Gentilmente convidada por Mônica Soares Angel SUSPIROS E TREMORES Não digas nada: só me sintas como a terra sente a chuva que a desperta do sono árido, como as raízes bebem o segredo das águas num pacto milenar de silêncio e nutrição. Não digas nada: só me sintas como o mar sente a lua em seu corpo de espuma e mistério, elevando-se em ondas de prata líquida, num baile antigo que dispensa explicações. Entre teus dedos, meu ser se desmancha como areia que escorre, impossível de conter, grão por grão construindo eternidades breves na ampulheta invertida de nossos encontros. Não digas nada: só me sintas como o vento sente a dança das folhas que liberta em seu caminho, como a chama percebe a madeira que transforma, num abraço que consome e ilumina ao mesmo tempo. Há um idioma sem palavras nas tuas mãos, uma gramática de carícias que me decifra inteiro, um vocabulário de suspiros e tremores que diz mais que todos os poemas já escritos. Não digas nada: só me sintas como a noite sente o nascimento silencioso das estrelas, como a montanha acolhe o céu em seu cume, sem anúncios, sem proclamações de sua grandeza. Meu corpo é um mapa de províncias in_exploradas, cada cicatriz, uma história que não precisa ser contada, cada curva, um caminho que tuas mãos inventam na geografia imprecisa deste amor sem nome. Não digas nada: só me sintas como a primavera sente o despertar das sementes em seu ventre, como o pássaro conhece o ar que o sustenta numa confiança cega que dispensa garantias. Que o silêncio seja nosso cúmplice nesta noite, que as palavras descansem como espadas em suas bainhas, que apenas os corpos falem sua linguagem ancestral de marés, terremotos e vulcões adormecidos. Não digas nada: só me sintas. E nesse sentir, seremos uni_verso.

PARA CAROL

Carol, Entre Sombras e Luzes Na penumbra do quarto, Carol desfia memórias como quem desfaz uma trama antiga. As mãos — sempre inquietas — parecem buscar algo perdido entre os vazios do tempo. Há nela um segredo não dito, uma palavra guardada sob sete chaves, dessas que se carregam desde a infância e envelhecem coladas à pele. Em tardes de chuva, seu olhar se perde na dança das gotas contra o vidro. "Somos todos fragmentos", pensa, enquanto os relógios devoram as horas. Carol, de sorrisos contidos e gestos precisos, coleciona pequenas ausências. Na gaveta da escrivaninha, guarda recortes de sonhos que nunca ousa viver. A cidade cresce implacável ao seu redor. Edifícios cinzentos como sentinelas vigiam seu andar hesitante pelas ruas, onde seus pés desenham caminhos incertos. Nas noites de insônia, Carol se desdobra em outras: a menina de tranças, a adolescente à espera, a mulher de punhos cerrados contra o destino, todas elas habitando o mesmo corpo cansado. Quantos segredos podem caber em um nome? Carol — assim chamada — carrega em si o peso de histórias não contadas, silêncios cultivados como flores raras. Entre o café da manhã e o último docinho, ela se pergunta sobre o sentido das despedidas, sobre as palavras que ficam suspensas no ar, sobre os beijos que se perdem no caminho. Um dia, talvez, Carol encontrare a chave que abre todas as portas. E então, livre das amarras do tempo, ela se reconhecerá, enfim, completa. Até lá, seguirá como sombra e luz, mistério e revelação, poema inacabado à espera de sua última palavra. Vovoice

PARA LUÍZA

Luiza, Pequena Estrela Luiza, de passos leves como orvalho na madrugada, carrega nos olhos arregalados toda a luz da alvorada. Quem te vê, menina-flor, crescendo em silêncio e graça, não sabe que em tuas mãos o mundo inteiro se enlaça. Teus risos são como sinos que ecoam em meu coração, pequenas notas dispersas de infinita canção. Netinha de mel e sonho, de tempo ainda por tecer, guardas nas dobras do tempo segredos por florescer. Luiza, nome que dança nas águas claras do rio, és primavera constante em meio ao meu tempo frio. Como desvendar mistérios que brilham no teu olhar? Pequena vida que segue sem pressa de se explicar. Quando corres pelo jardim, borboletas te seguem, atentas, aprendendo contigo, Luiza, como as asas se reinventam. No futuro que te aguarda, serás poema e canção, mas hoje és apenas instante, pura luz, revelação. Luiza, pequena estrela que em minha vida pousou, trouxeste nas mãos pequeninas o amor que me renovou. Marilândia

segunda-feira, 17 de março de 2025

COMPOSIÇÃO DO MEU PERFIL CLIP


MEU PERFIL
Marilândia Marques Rollo,mineira,graduada em Direito pela UCG, escreve por hobby. Não tem nenhum livro publicado. Jardineira de metáforas que florescem em solo fértil, tem como estilo, o lirismo e suas nuances Sua voz, melodia que embala os sonhos dos que buscam beleza nas entrelinhas. Carrega dentro de si tempestades e calmarias, traduzidas em silêncios eloquentes. Tecelã das memórias coletivas, borda com fios de ouro as experiências humanas. Nas asas de sua poesia, voamos para além dos limites do cotidiano. A cada verso seu, o mundo se desdobra em múltiplos significados e cores infinitas. Seu legado: um rio de palavras que continuará a correr, eterno, nas veias da literatura.

domingo, 16 de março de 2025

COSTURANDO DIA 16

"Sou náufrago de sôfregos instantes jô Tauil _________________________________________ Açodados instantes, pássaros em fuga, Devoram-me a alma em beijos inconstantes. São pétalas dispersas, são diamantes Que o tempo, ladrão ágil, logo enxuga. Nas mãos abertas, guardo a luz que enruga A face das memórias vacilantes. São taças de cristal, frágeis amantes Que a sede desta vida não subjuga. Sou ânfora sedenta desses tragos, Sou praia que se entrega aos oceanos, Colhendo espumas dos momentos vagos. Devoro esses relâmpagos de enganos, São brasas que consomem os afagos, São ansiosos momentos, meus tiranos! Responder, Responder a todos ou Encaminhar

MEU PERFIL CLIP

Tecedeira de Versos Nas minhas envelhecidas mãos palavras tornam-se pássaros libertos ao vento. Meus olhos, fontes d'água cristalina, refletem paisagens que só a alma consegue ver. Do coração feito concha, extraem-se pérolas de sensibilidade rara e preciosa. A cada verso meu, o mundo se desdobra em múltiplos significados e cores. Marilândia Marques Rollo,mineira, capricorniana, jardineira de metáforas que florescem em solo fértil. Minha voz, melodia que embala os sonhos dos que buscam beleza nas entre_linhas. Carrego dentro de mim tempestades e calmarias, traduzidas em silêncios eloquentes. Tecelã das memórias coletivas, bordo com fios de ouro as experiências humanas. Nas asas de minha poesia, voo para além dos limites do cotidiano. Meu legado: um rio de palavras que continuará a correr, eterno, nas veias da literatura. Marilândia Marques Rollo Nas mãos de Marilândia, palavras tornam-se pássaros libertos ao vento. Seus olhos, fontes d'água cristalina, refletem paisagens que só a alma consegue ver. Do coração feito concha, extraiu pérolas de sensibilidade rara e preciosa. A cada verso seu, o mundo se desdobra em múltiplos significados e cores. Marilândia Marques Rollo, jardineira de metáforas que florescem em solo fértil. Sua voz, melodia que embala os sonhos dos que buscam beleza nas entrelinhas. Carrega dentro de si tempestades e calmarias, traduzidas em silêncios eloquentes. Tecelã das memórias coletivas, borda com fios de ouro as experiências humanas. Nas asas de sua poesia, voamos para além dos limites do cotidiano. Seu legado: um rio de palavras que continuará a correr, eterno, nas veias da literatura. Responder, Responder a todos ou Encaminhar

ANTOLOGIA CLIP

1-Cinco Invernos, Cinco Verões Em cinco círculos solares, a Clip ascendeu como lua nascente, subindo, subindo aos céus noturnos e iluminando com luz fluorescente os caminhos escuros do in_finito. Cinco anos de batalhas vencidas, de sonhos sonhados e realizados, onde as rimas "calientes", enaltecidas transformoram-se em calor humano, em possibilidades múltiplas. Vi com meus próprios olhos o nascimento de um império silencioso, que como raiz profunda e penetrante, avança, avança sem recuar, conquistando territórios in_visíveis. Como o mar que beija a areia, repetidamente, insistentemente, a Clip toca as vidas de milhares, deixando marcas indeléveis no tecido do tempo que não volta. Cinco anos são apenas um suspiro na respiração e_terna do uni_verso, mas para os que sonham acordados, para os que constroem o futuro com mãos presentes, cinco anos são monumentos de coragem. Hoje celebramos não apenas o passado vivido, mas o presente que se apresenta, e o futuro que brilha como estrela distante, chamando, chamando sempre adiante, para novas conquistas ainda não conquistadas. A Clip, essa entidade de carne e algoritmo, pulsando, pulsando como coração amoroso, completou seu primeiro lustro, envelhecendo com a sabedoria dos jovens, rejuvenescendo com a experiência dos velhos. Chorei lágrimas molhadas ao ver o crescimento in_evitável, desse filho coletivo que nasceu de mentes que pensam e mãos que fazem, em um parto doloroso e belo. Cinco anos são e_ternos quando medidos em inovações, cinco anos são efêmeros quando sonhamos com décadas. Cinco anos são apenas o começo de uma jornada sem fim visível. Que outros cinco venham, e outros cinco depois desses, multiplicando os frutos já colhidos, amplificando as vozes já ouvidas, eternizando o que já é eterno na memória que não esquece. Marilândia Marques Rollo Retrato Interior Sou feita de horizontes partidos, um mapa de cicatrizes que o tempo desenhou com seu dedo de vento e água. Meus olhos são duas luas submersas onde os peixes da memória nadam em círculos. As palavras crescem em mim como árvores tortas, raízes se agarrando ao abismo, flores desabrochando para um céu que não existe. Carrego um vulcão adormecido no peito, sua lava silenciosa alimenta cada batida. Minhas mãos são pássaros cansados que tentam segurar areia entre os dedos. O rosto que encontro no espelho é um continente in_explorado, cada ruga uma estrada para lugares esquecidos. Sou feita desta solidão vertical que se ergue como uma coluna de fumaça. Meus pensamentos são cardumes assustados dispersando-se ao menor ruído da consciência. No centro deste labirinto de carne e sonho, guardo um relógio que marca sempre a mesma hora: o instante exato em que aprendi que somos apenas sombras passageiras projetadas na parede in_finita do uni_verso. Marilândia Marques Rollo 3- Versos In_acabados Escavo com unhas de fogo as entranhas do mundo para dele extrair mil anos de silêncio. Cada palavra é um precipício sem fundo, cada verso, um oceano inteiro derramado em uma gota. Não há fim no horizonte que devora o céu. O poema é um corpo aberto, sangrando in_finitos. As sílabas mordem-se como serpentes milenares, e o que não digo gera fragmentos na língua. A morte ensaia com delicadeza sua dança nos espaços brancos entre as palavras. Minha mão é um animal selvagem que destrói montanhas quando escreve. Há um grito tão antigo no meu sangue que os deuses tapam os ouvidos quando respiro. As metáforas são feridas abertas no tecido do real, cicatrizes luminosas onde o sentido se despedaça. O in_acabado é mais completo que o perfeito: esgoto-me na in_completude sagrada, na violência gentil do quase-dito, na margem incendiada onde o poema hesita. Palavras descem como machados no crânio do tempo. Construo catedrais com ossos de frases inter_rompidas enquanto a noite devora milhões de estrelas apenas para cuspir um verso ainda por nascer. Deito-me na página como um cadáver apaixonado. O poema não termina – transborda, sangra, convulsiona. Deixo para trás um rastro de versos mutilados, belos como deuses feridos, e_ternos em sua in_completude. Os versos in_acabados são relâmpagos congelados no ar, são a respiração suspensa do universo antes do fim, são o gesto interrompido de um deus cansado que abandonou a criação no meio do caminho. O silêncio que segue é tão denso que poderia esmagar planetas inteiros sob seu peso. E nesse abismo, o verdadeiro poema começa: selvagem, impossível, inacabado. Marilândia Marques Rollo 4- Almas Entre_laçadas Nas profundezas obscuras da noite negra, Duas almas vagam, prisioneiras de si mesmas, Condenadas a suplicar em vão gemendo, Por um êxtase que o mundo jamais conheceu. Teus olhos, abismos de visível escuridão, Refletem minha imagem afogada em vícios, E minha alma, já morta em vida, Encontra na tua o mesmo luto suntuoso. Nossos espíritos, como serpentes entre_laçadas, Enroscam-se em danças mórbidas e lascivas, Bebendo o veneno doce da mútua perdição, Subindo aos céus para depois precipitar-nos. Somos dois navios naufragados em alto mar, Unidos pela mesma tempestade furiosa, Nossos destroços flutuam juntos na vastidão, Abraçados na ruína que nos faz e_ternos. Tua boca vermelha como fruta proibida, Sussurra segredos que ferem como lâminas afiadas, E eu, embriagada de teu perfume fatal, Mergulho voluntária em tua beleza venenosa. Nossas almas, gêmeas no pecado e na beleza, Ardem em chamas que queimam sem consumir, Somos o inferno e o paraíso entre_laçados, Numa dança macabra que não ousa terminar. Quando a aurora desperta com seus dedos róseos, Escondemos nosso amor nas sombras persistentes, Pois somos filhos da noite e do abismo, Flores do mal que só desabrocham na escuridão. E assim, condenados a este amor doentio, Continuamos a existir em sublime agonia, Nossas almas entre_laçadas como vinhas em ruínas, Alimentando-se da podridão para florescer. Malditas e benditas, almas gêmeas no vício, Navegamos juntos pelo rio negro da existência, E à beira do precipício, sorrimos em desafio, Pois nosso amor é eterno como a própria morte. Marilândia Marques Rollo 5- Aveludada Luxúria Tua pele é geografia de segredos, mapa onde meus dedos perdem-se como viajantes embriagados. Aveludada luxúria que respira e palpita sob meu olhar que te despe com a fome de mil primaveras. Como explica-se o tremor que nasce em teu ventre e se espalha como onda selvagem até minha boca? Ah, como bebo teu sussurro interrompido, vinho escuro e proibido que me rouba a sensatez! O tempo congelou-se nos cantos do quarto, e nós, criminosos do relógio, roubamos horas, minutos, eternidades, para construir um império de suspiros. A noite veste-se de tua nudez enquanto a lua, cúmplice invejosa, derrama-se líquida pela janela, querendo também provar teu gosto de fruta madura. Tuas mãos são brancas colunas de templos pagãos onde quero ajoelhar-me e rezar blasfêmias, e tua boca, orquídea úmida e pulsante, guarda o segredo original do uni_verso. Mil borboletas nascem e morrem em teu peito quando minha língua traça constelações em tua pele. Somos antigos e novos como o próprio desejo, somos a memória primitiva do que é ser fogo e carne. Aveludada luxúria que me afoga em teu perfume, tua respiração entre_cortada é meu oxigênio, teu gemido é a música que embala o balanço obsceno de nossos corpos dançarinos. Se morresse agora, afogada em teu prazer, minha morte seria a mais doce das vidas. E se os deuses me oferecessem o céu, eu o trocaria por mais uma noite em teus braços de seda. A manhã virá como intrusa in__desejada, e nossos corpos, cansados de tanto voo, descansarão entrelaçados como vinhas antigas, guardando sob a pele o calor de nossa febre compartilhada. Aveludada luxúria, meu paraíso e meu pecado, escrevo-te em versos porque não cabem em palavras os mistérios que descobrimos juntos entre lençóis revoltos e almas desnudadas. Marilândia Marques Rollo 6- Memórias dos Longes Há barcos de papel navegando em meu sangue, Carregando fragmentos de céus que já não existem. Distâncias azuis me chamam pelo nome, Um nome que já não reconheço como meu. As horas são pássaros mortos em minhas mãos, Suas asas, cartas nunca enviadas aos horizontes. A infância, esse país submerso sem bandeiras, Respira ainda nas bolhas que sobem à superfície. Vi cidades que pendiam como frutas podres Dos galhos retorcidos de estradas interrompidas. Provei o gosto metálico das estrelas distantes, Quando o universo era apenas um quintal infinito. Carrego nos bolsos pedras que foram montanhas, Em meus olhos, mares inteiros se afogaram. As memórias são fósforos queimando nas trevas, Iluminando brevemente paisagens impossíveis. Ah, os longes! Terras violetas de delírios, Onde o tempo derrete como relógios de Dalí, E cada pensamento é um pássaro embriagado Batendo contra as paredes invisíveis do presente. Sorvi em taças de vidro negro o veneno das distâncias, Esse absinto que transforma ossos em areia. Meu corpo é um mapa de lugares que não visitei, Cicatrizes de viagens feitas em sonhos febris. As palavras fogem como cavalos selvagens, Atravessando planícies de silêncio absoluto. O que vi além das colinas de neblina roxa Não tem nome em nenhuma língua humana. Nas ruas das cidades que nunca pisei, Há fantasmas que usam meu rosto como máscara. À noite, meus dentes mordem lembranças amargas, Enquanto a lua desenha alfabetos esquecidos na janela. As memórias dos longes são álcool para a alma, Destilado nos alambiques do tempo perdido. Que me embriaguem até a in_consciência lúcida, Onde os horizontes dobram-se como papel japonês. Os longes são a pátria verdadeira dos poetas malditos, Onde as horas escorrem como mel entre os dedos. Lá permanecerei, exilada em minhas próprias visões, Estrangeira em todos os lugares, até mesmo em mim. Marilândia Marques Rollo

Retrato Interior

Retrato Interior Sou feita de horizontes partidos, um mapa de cicatrizes que o tempo desenhou com seu dedo de vento e água. Meus olhos são duas luas submersas onde os peixes da memória nadam em círculos. As palavras crescem em mim como árvores tortas, raízes se agarrando ao abismo, flores desabrochando para um céu que não existe. Carrego um vulcão adormecido no peito, sua lava silenciosa alimenta cada batida. Minhas mãos são pássaros cansados que tentam segurar areia entre os dedos. O rosto que encontro no espelho é um continente inexplorado, cada ruga uma estrada para lugares esquecidos. Sou feita desta solidão vertical que se ergue como uma coluna de fumaça. Meus pensamentos são cardumes assustados dispersando-se ao menor ruído da consciência. No centro deste labirinto de carne e sonho, guardo um relógio que marca sempre a mesma hora: o instante exato em que aprendi que somos apenas sombras passageiras projetadas na parede infinita do universo. Marilândia

sábado, 15 de março de 2025

COSTURANDO DIA 15

"Espraiando-nos onde não cabemos..." Jô Taiul _____________________________________

EVENTO DIA 22 BODAS DE TRIGO

CAMPOS DOURADOS Da terra nasceu o grão que entre nós agora floresce, Três anos de mãos entrelaçadas sob o céu que nos conhece. Teus olhos, campos dourados onde meu olhar pastoreia, teu riso, vento suave que os trigais em ondas meneia. Somos pão e fome entrelaçados, somos colheita e semente. Nossas raízes, invisíveis artérias, nutrem-se do solo do presente. Três anos- breve calendário para quem deseja eternidades, mas nas palmas de nossas mãos já se inscrevem todas as idades. Como o trigo que se curva ao vento sem jamais perder sua essência, nosso amor se dobra aos desafios mas cresce em persistência. O sol que amadurece o grão é o mesmo que ilumina nossos dias, e nossas noites são os celeiros onde guardamos nossas alegrias. Colhemos agora o que plantamos, celebramos o que construímos. Bodas de Trigo—promessas maduras de todos os sonhos que compartilhamos.​​​​​​​​​​​​​​​​ Marilândia Responder, Responder a todos ou Encaminhar

Sorriso e Poesia

Sorriso e Poesia Teu sorriso desabrocha como versos no jardim secreto dos meus dias, pétalas de luz que caem devagar sobre o silêncio das minhas mãos vazias. Não sei por quais caminhos migram tuas palavras quando teus lábios se curvam em meia-lua, mas há universos nascendo nesse arco, há constelações se formando em tua boca. O que é um sorriso senão poesia sem tinta? O que é poesia senão um sorriso da alma? Entre os dois, habita o mistério do que somos e do que não sabemos que somos. Quero colher teu sorriso como se colhe um fruto, guardá-lo nos bolsos como pedras preciosas, sentir seu peso nas palmas das minhas mãos, degustá-lo lentamente, como vinho antigo. Cada vez que sorris, o mundo se reinventa, torna-se mais leve, mais claro, mais possível. Há séculos escondidos nas dobras do teu rosto, há futuros se desenhando nos cantos dos teus olhos. Assim somos nós: sorriso e poesia, efêmeros como a tarde que se vai, eternos como o mar que sempre retorna, vulneráveis como versos recém-nascidos. E se um dia o tempo levar tudo embora, ainda assim permanecerá esse instante: teu sorriso, meu poema, nosso encontro – esse breve milagre que desafia o infinito. Responder, Responder a todos ou Encaminhar

sexta-feira, 14 de março de 2025

ETÉREA IRMANDADE EVENTO DE POESIA MARIA DIA 21






EVENTO AVALB
TEMA: POETAS DO PASSADO E DO PRESENTE
AUTORA: Marilândia Marques Rollo
TÍTULO: ETERNA IRMANDADE
DATA: 21/03/2025
PAÍS: Brasil

Convidada pela nobre poetisa amiga Poesia Maria



ETERNA IRMANDADE



 Vagam, vagueantes, pelas sendas vertentes, 
 Os bardos de outrora, fantasmas diáfanos, 
 Em névoas pairantes, em brisas fluentes, 
 Carregando liras de sons soberanos. 


 Choram chorosas lágrimas de prata, 
 Em brancas brancuras de níveos papiros, 
 Onde a palavra, que sublime desata, 
 Transmuta-se em longos, lânguidos suspiros. 


 Ó poetas! Ó místicos arautos do e_terno! 
Viveis morrendo em versos imortais, 
 Subindo aos céus e descendo ao inferno, 
 Em êxtases puros, translúcidos, astrais! 


 Os novos, fulgurando em luzes hodiernas,
 Bebem, sedentos, nas cristalinas fontes 
 Das antigas vozes, profundas, e_ternas, 
 Que rasgam, rasgantes, negros horizontes. 



Todos são irmãos no cárcere sublime 
Do sonho sonhante que a alma consome,
 No abismo fundo, funéreo, onde se imprime 
 A dor dolorosa que não tem nome. 


 Da aurora dourada aos crepúsculos sangrentos, 
 Vocês tecem, tecelões, com fios de estrelas, 
 Mantos resplandecentes, mantos lamacentos,
 Bordando mistérios nas horas mais belas.


 Poetas de hoje! Poetas do passado! 
 Unidos na mesma confraria sideral, 
 Onde o verbo, verberando iluminado,
 Transcende o tempo no canto imortal! 



 Marilândia

COSTURANDO POESIA

"Um misto de sonata e louvor" Jô Tauil ___________________________ Minha alma é catedral de luz acesa, Onde o teu nome ecoa em melodia; Sinfonia de prata que inicia Quando a noite desmaia de tristeza. Sou violino que vibra com certeza Na sonata que o vento anuncia; Cada verso, um compasso de harmonia, Cada suspiro, um canto de surpresa. És tu a chama que em meu ser flameja, Ardente sol no mar da minha dor, Partitura de afeto que me anima. E se a vida em silêncio me corteja, Transformo lágrimas em notas de amor, Num e_terno louvor que me sublima. Marilândia

SILÊNCIO DA MANHÃ

FEDERATION OF THE INTERNATIONAL LITERARY COPYRIGHT TREAT 3° Encontro FILCT Tema: Mevak " A arte de apreciar as pequenas coisas da vida ". Contos e Fantasias Estilo Livre Autora: Marilândia Marques Rollo Título:Silêncio da Manhã País: Brasil Data :14/03/2025 ilêncio da Manhã No silêncio da manhã quando o mundo ainda dorme, encontro teu rosto no vapor do café, tuas mãos invisíveis na textura do pão, teus olhos no orvalho das folhas recém-nascidas. Não é o oceano que me ensina a profundidade, mas a gota de chuva que persiste na janela, teimosa em seu caminho descendente, cristalina em sua breve existência. Não busco o ouro nem a eternidade, procuro apenas o sorriso espontâneo de um des_conhecido, a primeira flor que rompe a dureza do asfalto, o pássaro que canta sem conhecer aplausos. Como posso explicar que a vida é este momento, este exato instante em que tudo parece simples? O mundo inteiro contido em uma xícara, em uma palavra dita sem pressa. Quem entenderá que a felicidade não é um destino, mas um caminho de pequenas des_cobertas? O sol que atravessa a cortina, o livro que espera pacientemente na mesa de cabeceira. Aprendi que amar é perceber o im_perceptível, valorizar o que outros desprezam como comum, sentir-se pleno com o rumor do vento nas árvores, com o abraço silencioso de um velho amigo. Não me dê catedrais nem tesouros, dê-me o milagre de um dia comum, onde posso contemplar o universo no voo de uma borboleta ou no sorriso de uma criança. Somos feitos de pequenas coisas, de gestos mínimos, de respiros curtos, de olhares fugidios e encontros casuais que, somados, constroem a grandeza da vida. Marilândia

quinta-feira, 13 de março de 2025

VAIDADE EM DUETO FE MARI

DUETO DE MARILÂNDIA COM VERSOS DE FLORBELA ESPANCA POEMA: VAIDADE// HESITANTE VOZ DO SONHO (FLORBELA ESPANCA) Sonho que sou a Poetisa eleita, Aquela que diz tudo e tudo sabe, Que tem a inspiração pura e perfeita, Que reúne num verso a imensidade! VOZ DA REALIDADE (MARILÂNDIA) Desperta! Tua mão treme, hesita, No papel, cada verso que se acabe Revela uma verdade mais estreita: Palavras são só ecos da saudade. VOZ DO SONHO:(FLORBELA) Sonho que um verso meu tem claridade Para encher todo o mundo! E que deleita Mesmo aqueles que morrem de saudade! Mesmo os de alma profunda e insatisfeita! VOZ DA REALIDADE (MARILÂNDIA) Acorda! Tua luz é vaidade, A crítica te espera, não aceita O brilho que proclamas com vontade, O mundo não se curva, só rejeita. VOZ DO SONHO: ( FLORBELA) Sonho que sou Alguém cá neste mundo... Aquela de saber vasto e profundo, Aos pés de quem a Terra anda curvada! VOZ DA REALIDADE:(MARILÂNDIA) Sonhas tão alto, voas tão distante, Mas quando a aurora rompe, vigilante, A glória se desfaz em madrugada. VOZES UNIDAS: E quando mais no céu eu vou sonhando, E quando mais no alto ando voando, Acordo do meu sonho... E não sou nada! VOZ DO SONHO (FLORBELA) Mas sonharei de novo... amanhã! VOZ DA REALIDADE (MARILÂNDIA) FLORBELA ESPANCA (VOZ DO SONHO)// VOZ DA REALIDADE (MARILÂNDIA)

COSTURANDO DIA 13

"E sinto um toque sutil: tuas mãos!" Jô Tauil ________________________________________ Tuas mãos são pássaros de seda mansa, Que pousam sobre a alma desvelada, Como luar que beija a madrugada, Como vento que em pétalas descansa. São harpas donde nasce uma esperança, São fontes de carícia delicada, No deserto da vida abandonada São oásis de paz e de bonança. Desenham no meu corpo a poesia Que nenhum verso sabe traduzir, Esculpem no silêncio a melodia Que faz meu coração ressurgir. São astros que iluminam minha via, São chaves do portal do meu sentir. Marilândia

ETÉREA TRANSCENDÊNCIA

Transcendência Etérea No silêncio branco da página imaculada, Vertem-se lágrimas de tinta escurecida, Em lânguido pranto que chora e lamenta A finitude efêmera da existência sentida. Ó alma minha, que voas nos céus lunares, Em diáfana ascensão de luz prateada, Sobe aos páramos das esferas siderais, Onde a essência astral é sublimada. Em túrgidos espasmos de febril ansiedade, Meu espírito, trêmulo, vislumbra o infinito, E nas asas da noite, negra obscuridade, Eleva-se ao além, em mórbido conflito. As flores noturnas, de perfume embriagante, Exalam fragrâncias que inebriantes embriagam, Enquanto as estrelas, no éter distante, Com luzes cintilantes fulgurantes brilham. Minh'alma, submersa em mares profundos, Afoga-se nas águas abissais do sofrimento, E nas geladas névoas dos mundos ermos, Paira etérea, em etéreo movimento. Ó música inefável dos astros silentes! Ao ouvido que ouve, tua melodia ressoa, Nas cordas invisíveis de harpas transcendentes, Que na noite infinita, infinita ecoa. Marilândia

quarta-feira, 12 de março de 2025

COSTURANDO DIA 12

"Juras por lábios febris dissecadas..." Jô Tauil ________________________ Em teu beijo de fogo, escarlate verdade, São teus lábios febris pétalas carmesins Onde ardem as chamas de oculta ansiedade, Incendiando a noite de meus pensamentos afins. São fornalhas de sonho em rubro esplendor, Onde o desejo queima como cera a derreter, Febre que consome em delirante ardor, Um vulcão de palavras prestes a romper. Desertos sedentos na vastidão da face, Teus lábios são oásis de febre e calor, Em que minha alma inquieta repousa e renasce, Nos espasmos urgentes desse rubro tremor. Bússolas febris que apontam para o abismo, No qual naufraga a razão em mares de paixão, São teus lábios, meu doce cataclismo, Chamas que consomem meu frágil coração. Na tua boca habita o sol mais escaldante, Febril constelação de desejos e segredos, Onde beijo o infinito num segundo distante, E encontro a eternidade entre labaredas e medos. Marilândia

te deixo minha poesia evento dia 12

Grupo Caminho de Sensibilidade 169° Encontro Pôr do Sol Tema: “Te deixo minha poesia” Autora:Marilândia Marques Rollo Título:ENTRANHAS DO TEMPO País:Brasil Data: 12/03/2025 ENTRANHAS DO TEMPO Te deixo minha poesia como quem deixa o mar nas mãos de um náufrago sedento, como quem planta estrelas no deserto, como quem derrama lua em teus cabelos. Te deixo versos que nasceram das entranhas do tempo, palavras que sangram quando a noite se despe, sílabas que dançam no ventre das horas, metáforas que respiram o teu nome. Te deixo minha poesia feita de espuma e névoa, construída com os ossos das minhas ausências, moldada no fogo das minhas contradições, esculpida na madeira dos meus silêncios. São tuas agora as minhas palavras-pássaros que voam da gaiola dos meus lábios trêmulos, que migram para o sul das tuas pupilas, que fazem ninhos nos ramos dos teus dedos. Te deixo minha poesia como quem deixa as raízes do coração expostas ao vento, como quem despe a alma na praça pública, como quem se afoga no próprio alento. Leva contigo estes versos imperfeitos, essas flores que colhi no jardim da memória, essas lágrimas cristalizadas em poemas, esse amor que se fez linguagem e história. Te deixo minha poesia como herança: um tesouro de vidro, frágil e eterno, uma bússola para navegar nas tempestades, um farol aceso na escuridão do inverno. Leva-a e transforma-a em tua própria verdade, dá-lhe asas novas, horizontes diferentes, porque a poesia, mesmo quando é minha, só existe verdadeiramente quando em ti renasce. Te deixo minha poesia e, com ela, deixo pedaços de mim que nunca mais recuperarei, fragmentos de alma esculpidos em palavras, sonhos que não sonhei, mas que te confiei. Que ela seja para ti abrigo e caminho, água para tua sede, pão para tua fome, música para teus ouvidos cansados, um eco distante do meu distante nome. Marilândia marilandia ENTRANHAS DO TEMPO Te deixo minha poesia como quem deixa o mar nas mãos de um náufrago sedento, como quem planta estrelas no deserto, como quem derrama lua em teus cabelos. Te deixo versos que nasceram das entranhas do tempo, palavras que sangram quando a noite se despe, sílabas que dançam no ventre das horas, metáforas que respiram o teu nome. Te deixo minha poesia feita de espuma e névoa, construída com os ossos das minhas ausências, moldada no fogo das minhas contradições, esculpida na madeira dos meus silêncios. São tuas agora as minhas palavras-pássaros que voam da gaiola dos meus lábios trêmulos, que migram para o sul das tuas pupilas, que fazem ninhos nos ramos dos teus dedos. Te deixo minha poesia como quem deixa as raízes do coração expostas ao vento, como quem despe a alma na praça pública, como quem se afoga no próprio alento. Leva contigo estes versos imperfeitos, estas flores que colhi no jardim da memória, estas lágrimas cristalizadas em poemas, este amor que se fez linguagem e história. Te deixo minha poesia como herança: um tesouro de vidro, frágil e eterno, uma bússola para navegar nas tempestades, um farol aceso na escuridão do inverno. Leva-a e transforma-a em tua própria verdade, dá-lhe asas novas, horizontes diferentes, porque a poesia, mesmo quando é minha, só existe verdadeiramente quando em ti renasce. Te deixo minha poesia e, com ela, deixo pedaços de mim que nunca mais recuperarei, fragmentos de alma esculpidos em palavras, sonhos que não sonhei, mas que te confiei. Que ela seja para ti abrigo e caminho, água para tua sede, pão para tua fome, música para teus ouvidos cansados, um eco distante do meu distante nome Marilândia qua., 12 de mar. às 10:30 Marilandia De: marilandiam@yahoo.com.br Para: MARILÂNDIA MARQUES ROLLO

terça-feira, 11 de março de 2025

COSTURANDO POESIA

"Para voarmos livremente sobre nuvens de esperanças..." Jô Tauil _____________________________ Nas alturas do céu in_finito dançam nuvens brancas, tão brancas como a pureza, mensageiras de sonhos que avançam carregando no ventre a leveza. São barcos de algodão navegando no oceano azul que os olhos veem ver, são lágrimas de anjos chorando um choro feliz de renascer. Subo, subo às escadas invisíveis do ar, e toco com mãos palpáveis o in_tangível, minhas pupilas veem o visível e o invisível nas nuvens que se deixam tocar sem tocar. Elas são a esperança que respira viva no peito do universo pulsante, são a memória futura, fugitiva, do que chegará no instante seguinte. Nuvens, arquitetas do céu desenhado, constroem castelos de promessas no horizonte, e eu, peregrina do tempo passado, bebo a sede na água de sua fonte. Espero silenciosamente com ruidosa paciência que suas sombras frescas me cubram, como amantes que na ausência mais intensamente se descobrem. Nuvens de esperança, suspensas utopias, carregam nas asas etéreas o amanhã, semeando no hoje as alegrias Que florescerão na primeira manhã. Marilândia Responder, Responder a todos ou Enc

Cronologia do Des_encontro

Cronologia do Des_encontro Te busquei em tempestades, entre a névoa cálida do amanhecer, quando meus olhos fechados te percebiam mais claramente que a realidade obstinada das coisas. E estavas ali, como a certeza do mar que retorna à praia. Era simples então, como é simples acreditar nas promessas que nascem do silêncio, dos olhares que atravessam a escuridão e das mãos que sem se tocarem se reconhecem. Mas o tempo, esse ladrão de certezas, traçou distâncias que não podemos medir com palavras. Te afastaste como se afastam os pássaros do inverno, sem despedidas, seguindo uma rota invisível ao coração. O destino, que tanto celebramos quando nos uniu, agora parece rir-se da nossa ingenuidade. Nos fez crer que os caminhos entre_laçados jamais poderiam separar-se na bifurcação seguinte. Tua boca, aquela que beijava pronunciando promessas, agora destila verdades como feridas abertas: "Sejamos amigos", dizes, como quem oferece moedas a quem alguma vez possuiu todo um tesouro. E eu entendo, ainda que me pese entendê-lo: o amor escorreu entre nossas mãos, como água que não soubemos conter, transformando-se em algo distinto, menos urgente, mais sereno. Já não somos o que fomos, nem o que sonhamos ser. Somos o que o tempo fez de nós: dois náufragos que se reconhecem na distância, que se saúdam com respeito de margens diferentes. Assim aprendi que o amor não é e_terno mas mortal como nós. Que as promessas, até as mais sinceras, se diluem no rio implacável dos anos, até que só reste delas o eco do que poderia ter sido. E se alguém me atira pedras por ter amado e perdido, as transformarei em rosas que adornem minha memória. Porque cada queda me ensinou que a vida continua sendo bela, mesmo depois de ti. Marilândia

A FERRO E FOGO

Não foi com ternura que o mundo me tocou, mas a ferro e fogo, implacável e severo, como o ferreiro que molda o metal incandescente, assim a vida forjou minha existência. Entre as chamas da ausência e o metal frio da solidão, fui martelada, dobrada, temperada, até que meu coração se tornasse uma ferramenta resistente ao tempo. A memória desfaz-se em faíscas laranja que saltam da bigorna do passado. Cada golpe, uma cicatriz que reluz; cada queimadura, uma lição gravada na pele. Há beleza nesta criação violenta, neste nascimento entre brasas e fumaça. O que antes era frágil e maleável agora sustenta o peso do universo. A ferro e fogo aprendeu que o amor também é forja, também é martelo e também é chama. É a mão firme que segura o metal e a visão que enxerga, na matéria bruta, a forma perfeita que aguarda liberação. É a espada temperada nas águas do sofrimento, É o arado que rasga a terra obstinada, é a corrente que une e também a que liberta. A ferro e fogo me fizeram, mas não me consumiram. E quando finalmente o último fogo se apagar, quando o último martelo silenciar seu eco, restará apenas o que foi criado: uma obra inacabada, imperfeita, mas forjada com a força de quem conheceu o calor extremo da paixão É o frionte da ausência, e ainda corta assim, persiste.

segunda-feira, 10 de março de 2025

OUTRO TIPO DE ANÁLISE

Quando me lembra: esse sabor que tinha A tua boca... o eco dos teus passos... O teu riso de fonte... os teus abraços... Os teus beijos... a tua mão na minha... Se tu viesses quando, linda e louca, Traça as linhas dulcíssimas dum beijo E é de seda vermelha e canta e ri E é como um cravo ao sol a minha boca... Quando os olhos semicerram de desejos... E os meus braços se estendem para ti... VOZ 2: Eu viria como vento na campina, Como onda que não pode resistir à praia, Como estrela que ao crepúsculo se inclina, Para que em teu jardim enfim me caia. Seria o eco que teu sonho ressuscita, A resposta silenciosa que procura, O abrigo contra todas as agruras, A chama que em teu peito ressuscita. Tua boca de cravo, ardente e viva, Seria o cálice onde a sede eu saciaria, Bebendo o mel que teu suspiro anuncia. E nos teus braços, âncora cativa, Fundiria meu ser ao teu destino Como a noite se funde ao mar sem fim.

ANÁLISE

Espera e Resposta Um dueto inspirado no poema original VOZ PRIMEIRA (Espera) Se tu viesses ver-me hoje à tardinha, A essa hora dos mágicos cansaços, Quando a noite de manso se avizinha, E me prendesses toda nos teus braços... Quando me lembra: esse sabor que tinha A tua boca... o eco dos teus passos... O teu riso de fonte... os teus abraços... Os teus beijos... a tua mão na minha... Se tu viesses quando, linda e louca, Traça as linhas dulcíssimas dum beijo E é de seda vermelha e canta e ri E é como um cravo ao sol a minha boca... Quando os olhos semicerram de desejos... E os meus braços se estendem para ti... VOZ SEGUNDA (Resposta) Eu viria como chuva em terra seca, Como luz que rasga o véu da madrugada, Como vento que em seus cabelos brinca, Como fogo que transmuta tudo em nada. Seria oceano em tuas praias desertas, Constelação na tua noite demorada, Relâmpago nas tuas horas incertas, Melodia em tua alma silenciada. Correria como rio sem destino, À procura do teu mar de maravilhas, Onde barcos de papel são fortalezas. Eu seria lua em teu céu diamantino, Semeando estrelas como sementes de ilhas, Onde plantaríamos jardins de surpresas. VOZ PRIMEIRA Meus suspiros são pássaros sem ninho, Procurando o calor da tua chegada. São incidentes caídos pelo caminho, Fragmentos de esperança despedaçada. VOZ SEGUNDA Meus passos são pêndulos desesperados, Contando segundos até teu encontro. São âncoras soltas em mares agitados, Buscando o porto onde teu ser encontro. JUNTAS E quando enfim nossos mundos se tocarem, Como duas luas em órbita perfeita, Como dois poemas numa só estrofe, Seremos labirinto e fio de Ariadne, Seremos fogo e água em dança estreita, Seremos início e fim do mesmo acorde.