Meu Silêncio Soberano réplica AO MEU ORGULHO DE FE
Meu Silêncio Soberano Também eu me recordo do que fui, Jardim de risos, fonte de ternura. De tudo quanto dei, nada retive, Senão a sombra desta amargura. Minhas palavras, antes tão ardentes, Voavam como pássaros ao vento. Agora são silêncio e são distância, São pedras que afundaram no momento. Aqueles que amei não mais me buscam, Digo a mim mesma: Foi melhor assim! E neste abandono, me redescubro, Rainha de um reino só para mim. Há grandeza no meu caminhar só, Há altivez neste peito desarmado. Meu orgulho é castelo inexpugnável, Onde guardo o que nunca foi roubado. Sim, também é nobreza a solidão, Quando escolhida como um manto régio. E na ausência de tudo, me possuo, Como quem guarda um último privilégio. Não ter nada, mas ser completamente, Eis a riqueza que agora é minha. No vazio que outros temem, encontrei A plenitude de ser tão sozinha. E se o mundo perguntar quem sou, Direi: Sou eco do verso de Florbela, Sou orgulho que nasce da ferida, Sou a força que vem depois dela. MARILÂNDIA O Meu Orgulho (Florbela Espanca) Lembro-me o que fui dantes. Quem me dera Não me lembrar! Em tardes dolorosas Eu lembro-me que fui a Primavera Que em muros velhos fez nascer as rosas! As minhas mãos, outrora carinhosas, Pairavam como pombas... Quem soubera Pois que tudo passou e foi quimera, E porque os muros velhos não dão rosas! São sempre os que eu recordo que me esquecem... Mas digo para mim: "Não me merecem..." E já não fico tão abandonada! Sinto que valho mais, mais pobrezinha: Que também é orgulho ser sozinha, E que também é nobreza não ser nada! FLORBELA ESPANCA
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