DUETO COM VERSOS DE FE
Eco de Lágrimas *Em diálogo com "Lágrimas Ocultas" de Florbela Espanca* Eu vejo tuas lágrimas caladas, Invisíveis, sem brilho, sem rumor, Que deslizam por faces magoadas Como um segredo íntimo de dor. As memórias que guardas, delicadas, Flutuam como sombras de outro amor, Tuas recordações, todas veladas, Jazem mudas no fundo do torpor. Teu rosto, qual um lago adormecido, Reflete a paz de um pranto silencioso, Um sofrimento interno e escondido Que não se mostra, não, mas que é formoso Na sua solidão, no seu sentido De um pranto que é secreto e doloroso. E assim, no nosso encontro de lamento, Tuas lágrimas e as minhas se entrelaçam, Num mútuo e delicado sofrimento Que nem o tempo, nem o mundo rechaçam. Lágrimas Ocultas// Eco de Lágrimas Se me ponho a cismar em outras eras// Eu vejo tuas lágrimas caladas, Em que ri e cantei, em que era querida...// Invisíveis, sem brilho, sem rumor, Parece-me que foi noutras esferas,// Que deslizam por faces magoadas Parece-me que foi numa outra vida...// Como um segredo íntimo de dor. E a minha triste boca dolorida// Nas memórias que guardas, delicadas, Que dantes tinha o rir das Primaveras,// Flutuam como sombras de outro amor, Esbate as linhas graves e severas// Como tuas recordações, todas veladas, E cai num abandono de esquecida!// Que jazem mudas no fundo do torpor. E fico, pensativa, olhando o vago...// Teu rosto, qual um lago adormecido, Toma a brandura plácida dum lago// Reflete a paz de um pranto silencioso O meu rosto de monja de marfim...// Um sofrimento interno e escondido! E as lágrimas que choro, branca e calma,// Que não se mostra, não, mas que é formoso Ninguém as vê brotar dentro da alma!// Na sua solidão, no seu sentido! Ninguém as vê cair dentro de mim!// Porquanto é um pranto secreto e doloroso. FLORBELA ESPANCA // MARILÂNDIA MARQUES ROLLO
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