OUTROS VERSOS DE NERUDA
VERSOS DE NERUDA Antes de amar-te, amor, nada era meu Vacilei pelas ruas e as coisas: Nada contava nem tinha nome: O mundo era do ar que esperava. E conheci salões cinzentos, Túneis habitados pela lua, Hangares cruéis que se despediam, Perguntas que insistiam na areia. Tudo estava vazio, morto e mudo, Caído, abandonado e decaído, Tudo era inalienavelmente alheio, Tudo era dos outros e de ninguém, Até que tua beleza e tua pobreza De dádivas encheram o outono. Pablo Neruda O Despertar do Mundo (Marilândia em réplica) Antes de encontrar-te, alma minha, tudo era sombra Caminhei por labirintos de névoa e esquecimento: As horas eram apenas números sem sentido: O universo era um suspiro que aguardava forma. E conheci jardins petrificados pelo tempo, Corredores onde o silêncio construía suas teias, Estações de partida sem chegadas prometidas, Ecos que se perdiam nos desertos da memória. Tudo jazia inerte, opaco e silencioso, Suspenso, desabitado e sem propósito, Tudo era insuportavelmente distante, Tudo pertencia ao vazio e ao ninguém, Até que teu olhar e tua voz de primavera De maravilhas inundaram meu inverno. Agora cada pedra conta histórias ao amanhecer, Cada rua é um rio que conduz a teu abraço, Cada estrela é uma carta escrita em tua caligrafia, Cada flor pronuncia sílabas do teu nome. O mundo despertou de seu longo sono de ausências E se vestiu com as cores de nossa alegria compartilhada. Até o vento, antes errante e sem destino, Agora conhece o caminho que leva a teu sorriso. Marilândia em réplica
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