Cronologia do Des_encontro
Cronologia do Des_encontro Te busquei em tempestades, entre a névoa cálida do amanhecer, quando meus olhos fechados te percebiam mais claramente que a realidade obstinada das coisas. E estavas ali, como a certeza do mar que retorna à praia. Era simples então, como é simples acreditar nas promessas que nascem do silêncio, dos olhares que atravessam a escuridão e das mãos que sem se tocarem se reconhecem. Mas o tempo, esse ladrão de certezas, traçou distâncias que não podemos medir com palavras. Te afastaste como se afastam os pássaros do inverno, sem despedidas, seguindo uma rota invisível ao coração. O destino, que tanto celebramos quando nos uniu, agora parece rir-se da nossa ingenuidade. Nos fez crer que os caminhos entre_laçados jamais poderiam separar-se na bifurcação seguinte. Tua boca, aquela que beijava pronunciando promessas, agora destila verdades como feridas abertas: "Sejamos amigos", dizes, como quem oferece moedas a quem alguma vez possuiu todo um tesouro. E eu entendo, ainda que me pese entendê-lo: o amor escorreu entre nossas mãos, como água que não soubemos conter, transformando-se em algo distinto, menos urgente, mais sereno. Já não somos o que fomos, nem o que sonhamos ser. Somos o que o tempo fez de nós: dois náufragos que se reconhecem na distância, que se saúdam com respeito de margens diferentes. Assim aprendi que o amor não é e_terno mas mortal como nós. Que as promessas, até as mais sinceras, se diluem no rio implacável dos anos, até que só reste delas o eco do que poderia ter sido. E se alguém me atira pedras por ter amado e perdido, as transformarei em rosas que adornem minha memória. Porque cada queda me ensinou que a vida continua sendo bela, mesmo depois de ti. Marilândia
0 Comentários:
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial