LEMBRANÇAS DE NÓS DOIS (CONSTELAÇÕES DE LEMBRANÇAS)
Lembranças de Nós Dois Nas areias do tempo, nossas pegadas persistem, como estranhos hieróglifos que só nós deciframos, enquanto o vento, esse antigo mensageiro, carrega os suspiros que trocamos sob as estrelas. Guardo tuas palavras como conchas marinhas em cujo labirinto ecoa ainda o mar distante, e teus olhos são faróis que ainda iluminam as noites em que meu barco navega sem rumo. Entre as pétalas de minhas memórias, teu perfume permanece, indomável, como a primavera que se recusa a partir mesmo quando o outono já pintou todas as folhas. Somos agora dois continentes separados por um oceano de silêncios não ditos, mas sob as águas profundas, nossas raízes ainda se entrelaçam em segredo. O relógio do mundo segue seu caminho implacável, mas naquele quarto de paredes brancas, o tempo ainda está congelado no instante em que tuas mãos desenhavam mapas na minha pele. Éramos dois violinos tocando a mesma melodia, dois pássaros construindo o mesmo ninho, dois poetas escrevendo o mesmo verso numa língua que só nossos corações conheciam. Agora somos páginas dispersas de um livro antigo, frases incompletas de um poema interrompido, mas nas entrelinhas do universo, nossa história continua a ser escrita em tinta invisível. Cada amanhecer é uma nova tradução das lembranças que carrego como amuletos, e cada pôr do sol, uma aquarela imprecisa pintada com as cores que roubamos do céu. Nossas lembranças são como constelações: apenas ligando os pontos luminosos, encontramos figuras que dão sentido à escuridão que nos separa agora. E mesmo que sejamos hoje apenas ecos de uma música que o mundo já esqueceu, nas cavernas secretas do tempo, nós dois ainda dançamos, eternos, insones, verdadeiros.
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