terça-feira, 18 de março de 2025

PARA CAROL

Carol, Entre Sombras e Luzes Na penumbra do quarto, Carol desfia memórias como quem desfaz uma trama antiga. As mãos — sempre inquietas — parecem buscar algo perdido entre os vazios do tempo. Há nela um segredo não dito, uma palavra guardada sob sete chaves, dessas que se carregam desde a infância e envelhecem coladas à pele. Em tardes de chuva, seu olhar se perde na dança das gotas contra o vidro. "Somos todos fragmentos", pensa, enquanto os relógios devoram as horas. Carol, de sorrisos contidos e gestos precisos, coleciona pequenas ausências. Na gaveta da escrivaninha, guarda recortes de sonhos que nunca ousa viver. A cidade cresce implacável ao seu redor. Edifícios cinzentos como sentinelas vigiam seu andar hesitante pelas ruas, onde seus pés desenham caminhos incertos. Nas noites de insônia, Carol se desdobra em outras: a menina de tranças, a adolescente à espera, a mulher de punhos cerrados contra o destino, todas elas habitando o mesmo corpo cansado. Quantos segredos podem caber em um nome? Carol — assim chamada — carrega em si o peso de histórias não contadas, silêncios cultivados como flores raras. Entre o café da manhã e o último docinho, ela se pergunta sobre o sentido das despedidas, sobre as palavras que ficam suspensas no ar, sobre os beijos que se perdem no caminho. Um dia, talvez, Carol encontrare a chave que abre todas as portas. E então, livre das amarras do tempo, ela se reconhecerá, enfim, completa. Até lá, seguirá como sombra e luz, mistério e revelação, poema inacabado à espera de sua última palavra. Vovoice

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