domingo, 6 de abril de 2025

ROSAS SILENCIOSAS

Rosas Silenciosas Sob o azul diáfano da tarde, rosas desabrocham em silêncio eloquente. Suas pétalas, tingidas de vermelho carmesim, guardam segredos nunca revelados, confissões jamais pronunciadas, palavras que o vento leva sem jamais entregar. Como dizia o mestre Cartola, essas flores guardam consigo a mais doce melancolia. São testemunhas mudas de amores que se foram, de suspiros perdidos no tempo, de lágrimas derramadas quando ninguém mais olhava. Quantas vezes contemplei seu rubor intenso, esperando um sussurro, uma única palavra que aliviasse esta solidão que me consome. Mas as rosas, em sua sabedoria ancestral, mantêm-se caladas. Volto ao mesmo jardim, dia após dia, como quem retorna a um templo sagrado. A mesma pergunta silenciosa paira no ar perfumado: Por que se foram? Por que não voltam mais? As rosas, no entanto, apenas balançam suavemente com a brisa, seus espinhos como guardiões de um mistério que transcende o entendimento mundano. Elas não falam, apenas exalam seu perfume como única resposta possível. E assim permaneço, entre canteiros de silêncio florido, aprendendo a linguagem muda das pétalas que caem, buscando decifrar o que as palavras jamais poderiam expressar. Pois no silêncio das rosas reside uma verdade que Cartola bem conhecia: há dores tão profundas, amores tão intensos, que apenas o silêncio pode, paradoxalmente, cantar.​ Marilândia

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