terça-feira, 8 de abril de 2025

TEMPESTUOSO CÉU

Tempestuoso Céu Sobre nós, o céu desmorona em dilúvio, como se o universo derramasse suas mágoas ancestrais. Não é apenas água o que cai das alturas — são histórias líquidas, são antigos desejos finalmente libertos. Tempestuoso céu, teu coração é um tambor descontrolado! Bates com punhos de trovão nas portas da terra, e eu, pequeno como um grão de areia, contemplo tua fúria com olhos de criança assustada. De onde vem esta ira celeste? Talvez do mesmo lugar onde nascem os sonhos impossíveis, talvez das mesmas entranhas onde dormem os vulcões, talvez do mesmo abismo onde meu amor se esconde. As nuvens são barcos negros navegando no abismo invertido, carregados de promessas e de medos. Navios fantasmas comandados por capitães invisíveis que conhecem os segredos do vento e da distância. Como não amar esta violência majestosa, esta desordem perfeita dos elementos? O céu tempestuoso é um poeta desesperado que não encontrou palavras e decidiu gritar com raios. Relâmpagos cortam o horizonte como facas de prata, e por um instante, um só instante fugaz, revelam o esqueleto luminoso do mundo, a estrutura secreta que sustenta todas as aparências. Quando chove assim, com esta fúria sagrada, é como se o céu confessasse todos os seus pecados de uma vez. A terra recebe esta confissão com humildade, absorve cada gota como uma absolvição líquida. E eu, entre o céu e a terra, testemunha desta guerra amorosa, bebo a tempestade como se fosse vinho dos deuses. Cada trovão ressoa dentro de mim como uma verdade antiga, cada gota de chuva é uma palavra do poema infinito do mundo. Tempestuoso céu, irmão da minha inquietude, espelho das minhas próprias tormentas interiores. Quando passares, quando o azul retornar como uma mentira calma, algo em mim permanecerá transformado pela tua passagem, como a terra que, depois da tempestade, acorda mais verde, mais viva, mais verdadeira. MARILÂNDIA

COSTURANDO DIA 8 DE ABRIL

"A febre do tempo para melhor nos transforma, em sublime alquimia" Jô Tauil ________________________________________

EVENTO DIA 8 LN

Grupo: Revista Poética Evento de Lúcia Nobre Data: 08.04.2025 Autora: Marilândia Marques Rollo País: Brasil Tema: A luz da liberdade com responsabilidade é como a poesia da alma Título: SINFONIA DE LUZ E CONSCIÊNCIA Gentilmente convidada por Lucia Nobre SINFONIA DE LUZ E CONSCIÊNCIA Entre sombras e clarões, A liberdade se ergue, majestosa, Não como grito desmedido, Mas como luz que, responsável, pousa. Asas que voam pelo céu aberto, Mas conhecem o tempo de voltar ao ninho; É na consciência do limite Que o espírito encontra seu caminho. Liberdade não é ausência de amarras, Mas escolha de quais laços cultivar; Como versos que seguem métricas precisas, Para melhor conseguirem expressar. A responsabilidade é a tinta Com que a liberdade escreve sua história; Juntas compõem o poema vivo Que na alma guarda sua memória. Como poeta que conhece as regras Para então transcendê-las com maestria, A luz da liberdade responsável É da alma a mais pura poesia. Marilândia

ACRÓSTICO CAROLINA Cativante- em seu jeito de ser, ilumina cada lugar por onde passa Amor- transborda em gestos sutis, em palavras sinceras e no olhar Radiante- como o sol de primavera, aquecendo corações ao redor Onda- de ternura que envolve quem está próximo com carinho Luz- que guia, que inspira e transforma com sua presença Intensidade- e força em cada desafio que enfrenta na vida Nobreza- de espírito refletida em ações e pensamentos Alma- bela que permanece eterna em nossas memórias Marilândia

ACRÓSTICO LUÍZA

ACRÓSTICO LUÍZA Luz que ilumina caminhos incertos Única estrela em noite de luar Íntima dança entre sonho e despertar Zênite de beleza em versos abertos Amor que floresce em solo fértil do olhar Marilândia

segunda-feira, 7 de abril de 2025

SONETO DE ÁLVARES DE AZEVEDO EM A LIRA DOS 20 ANOS

SONETO DE ÁLVARES DE AZEVEDO EM A LIRA DOS 20 ANOS Pálida, à luz da lâmpada sombria, Sobre o leito de flores reclinada, Como a lua por noite embalsamada, Entre as nuvens do amor ela dormia! Era a virgem do mar! na escuma fria Pela maré das águas embalada... — Era um anjo entre nuvens d’alvorada Que em sonhos se banhava e se esquecia! Era mais bela! o seio palpitando... Negros olhos as pálpebras abrindo... Formas nuas no leito resvalando... Não te rias de mim, meu anjo lindo! Por ti — as noites eu velei chorando Por ti — nos sonhos morrerei sorrindo! RÉPLICA DE MARILÂNDIA DEVANEIO DOURADO Dourada, sob o véu da noite mansa, Sobre pétalas frescas repousada, Como estrela por céus de madrugada, Entre sonhos de amor ela descansa! Era a ninfa do bosque! na fragrância Pela brisa gentil acariciada... — Era um sonho entre luzes da alvorada Que em suspiros flutua na distância! Era mais pura! o olhar resplandecente... Lábios rubros aos poucos despertando... Alma livre no espaço transcendente... Não me esqueças jamais, meu ser amado! Por ti — as horas passo contemplando Por ti — em versos vivo apaixonado! Marilândia

COSTURANDO DIA 7 DE ABRIL

Qual doce tirania este amor que carrego, Como Atlas em seus ombros, o mundo a suportar, Um oceano de paixão onde alegre me entrego, Enquanto suas ondas vêm minh'alma inundar. Esta dor deleitosa, este néctar amargo, Correntes de ouro que prendem meu ser em seu abraço; Como a lua que segue o sol em seu longo encargo, Sigo teus passos, preso em teu divino laço. És o inverno que queima, és o fogo que gela, A tempestade serena que acalma e devasta; Meu céu e meu inferno numa imagem tão bela, Um cálice de veneno que a sede não afasta. Sou a mariposa cega que à chama se lança, Conhecendo a morte, mas sem poder resistir; Meu adorável fardo é esta doce dança Entre amar e sofrer, entre morrer e viver. Como o rochedo que anseia pelas ondas do mar, Que o castigam com fúria, mas o fazem completo; Este jugo sublime prefiro eu carregar Do que viver sem ti num mundo vazio e quieto. Adorável fardo! Sublime escravidão! Doce cruz que carrego com alegria imensa; Pois na dor mais profunda de minha afeição, Encontro a liberdade que só amor dispensa. Marilândia

SOMBRA IMORTAL

Sombra Imortal Negra essência que ao sol se manifesta, Muda companhia que não me abandona, És tu de meu ser fugaz a coroa, Minha silhueta, fiel e modesta. Tênue perfil que ao chão se empresta, Gêmea escura que minh'alma apregoa, Nas paredes danças qual leve proa Que no mar da existência não se apresta. Fantasma de mim que segues meus passos, Ora te alongas nos solares ocasos, Ora te encolhes ao zênite ardente. És da verdade o retrato sincero: Nem carne, nem osso — apenas o mero Contorno vazio de um corpo ausente. Marilândia

domingo, 6 de abril de 2025

evento dia 8- AVALB

Evento de Poesia Maria e AVALB - Academia Virtual de Autores Literários do Brasil Grupo · Membros do grupo AVALB - Academia Virtual de Autores Literários do Brasil Tema: "A POESIA DAS ESTRELAS" Autora:Marilândia Marques Rollo Data: 08/04/2025 Título:Poesia Cósmica Gentilmente convidada pela amiga poetisa Poesia Maria Poesia Cósmica Nas profundezas do tempo sideral, onde a luz é a memória do universo, cada estrela compõe seu próprio verso na métrica do vácuo primordial. Somos filhos de supernovas ancestrais, átomos de carbono e de oxigênio que um dia explodiram com engenho para semear os campos celestiais. A poesia das estrelas não se escreve, ela se forma em silêncio por bilhões de anos, enquanto a gravidade, paciente, tece os fios invisíveis dos planos galácticos. Nas noites claras, quando olho para cima, leio o poema escrito em luz antiga, cada constelação, uma estrofe amiga que o cosmos em seu mistério sublima. A matéria escura é a pausa no poema, o espaço entre palavras não pronunciadas, enquanto as nebulosas, coloridas fadas, são metáforas de gás e de poeira extrema. Que sabedoria existe no ritmo estelar, na dança orbital dos corpos celestes, na expansão do universo que nos veste com o manto da consciência a contemplar. Somos o uni_verso pensando sobre si mesmo, poetas efêmeros de carne e pensamento, traduzindo em palavras o firmamento que nos criou desde o big-bang primeiro. A poesia das estrelas não tem fim nem começo, é ciclo eterno de morte e nascimento, onde cada átomo segue seu intento de participar do cósmico processo. E quando à noite observo o céu imenso, sou leitor e parte deste poema in_finito, onde cada galáxia é um verso inscrito no grande livro do uni_verso suspenso.

EVENTO DIA 8 NOITE DE SEDUÇÃO

Evento de Luz Crystal e Versos Pensamentos & Poesias 23 ENCONTRO POESIAS DA ALMA Grupo - Versos Pensamentos & Poesias Tema:Noite de Sedução Data : 08/04/2025 Autora:Marilândia Marques Rollo Título: Gentilmente convidada pela nobre poetisa Mônica Soares Angel Ritual Noturno A noite desdobra-se como um vestido negro caindo lentamente sobre teus ombros, e tuas mãos são pássaros brancos que dançam no ar denso de promessas. Teu olhar é uma armadilha de mel onde caio voluntário, prisioneiro feliz nas malhas da tua respiração entrecortada, enquanto a lua, cúmplice silenciosa, derrama prata líquida pelos cantos do quarto. Há um fogo antigo em teus lábios que consome minhas palavras não ditas, e teu corpo é um mapa de territórios secretos que meus dedos exploram como navegantes perdidos. Quem inventou este ritual de sombras e suspiros? Quem escreveu este poema sobre nossa pele? A noite sabe, mas guarda silêncio, enquanto nossas línguas falam uma linguagem que só amantes entendem. Teu cabelo espalhado no travesseiro é um rio escuro onde navego sem rumo, cada curva do teu corpo uma estação onde me demoro como viajante encantado. Entre os lençóis revoltos somos deuses primitivos criando mundos com o atrito de nossos corpos, tua cintura entre minhas mãos é uma ampulheta que mede o tempo de uma forma diferente. Nesta noite de sedução, minha amada, somos água e fogo, terra e vento, e quando tua voz quebra o silêncio com um gemido profundo como o mar, sei que encontramos o centro do uni_verso neste pequeno espaço entre teu corpo e o meu. E depois, no silêncio da madrugada, quando tua respiração é uma brisa suave contra meu peito, entendo finalmente o que os poetas de todos os tempos tentaram dizer sobre este mistério que nos transforma e nos renova sob o manto cúmplice da noite sedutora. Marilândia

COSTURANDO DIA 6

"Arrebatando-me por débeis ondas passageiras" Jô Tauil _______________________________________

VERSOS NERUDA DIA 6 FAZER RÉPLICA

VERSOS DE NERUDA De noite, amada, amarra teu coração ao meu e que eles no sonho derrotem as trevas como um duplo tambor combatendo no bosque contra o espesso muro das folhas molhadas. Noturna travessia, brasa negra do sonho. Interceptando o fio das uvas terrestres com pontualidade de um trem descabelado que sombra e pedras frias sem cessar arrastasse. Por isso, amor, amarra-me ao movimento puro, à tenacidade que em teu peito bate. Com as asas de um cisne submergido, para que as perguntas estreladas do céu responda nosso sonho com uma só chave, com uma só porta fechada pela sombra. ( Pablo Neruda ) RÉPLICA DE MARILÂNDIA Constelação de Dois No anoitecer, meu ser, entre_laça tua alma à minha como duas raízes que se fundem na terra úmida, que nossos suspiros atravessem a noite qual cometas gêmeos rasgando o firmamento, contra o manto espesso das estrelas adormecidas . Viagem crepuscular, chama violeta do silêncio. Cortando o caminho das videiras celestes com a precisão de um relâmpago des_governado que sombras e cristais e_ternos sem pausa recolhesse. Por isso, vida minha, une-me ao ritmo selvagem, à pulsação que em teu peito in_domável persiste. Com as plumas de uma gaivota submersa, para que os enigmas tatuados na aurora respondam nossos segredos com uma só verdade, com um só portal selado pela manhã nascente. Somos dois rios que se encontram no mesmo mar, duas línguas de fogo que dançam na mesma chama. Nossas mãos, cartografias de um mesmo destino, desenham mapas in_visíveis no território da pele. Na noite mais densa, teu nome é minha bússola, teu suspiro, o vento que guia minhas velas. Amarra-me ao teu destino como quem amarra um barco à margem segura de um porto ancestral. E que o uni_verso inteiro seja testemunha deste amor que transcende a linguagem das horas, que desafia o tempo como um verso e_terno escrito nas páginas in_finitas do cosmos. Marilândia

ROSAS SILENCIOSAS

Rosas Silenciosas Sob o azul diáfano da tarde, rosas desabrocham em silêncio eloquente. Suas pétalas, tingidas de vermelho carmesim, guardam segredos nunca revelados, confissões jamais pronunciadas, palavras que o vento leva sem jamais entregar. Como dizia o mestre Cartola, essas flores guardam consigo a mais doce melancolia. São testemunhas mudas de amores que se foram, de suspiros perdidos no tempo, de lágrimas derramadas quando ninguém mais olhava. Quantas vezes contemplei seu rubor intenso, esperando um sussurro, uma única palavra que aliviasse esta solidão que me consome. Mas as rosas, em sua sabedoria ancestral, mantêm-se caladas. Volto ao mesmo jardim, dia após dia, como quem retorna a um templo sagrado. A mesma pergunta silenciosa paira no ar perfumado: Por que se foram? Por que não voltam mais? As rosas, no entanto, apenas balançam suavemente com a brisa, seus espinhos como guardiões de um mistério que transcende o entendimento mundano. Elas não falam, apenas exalam seu perfume como única resposta possível. E assim permaneço, entre canteiros de silêncio florido, aprendendo a linguagem muda das pétalas que caem, buscando decifrar o que as palavras jamais poderiam expressar. Pois no silêncio das rosas reside uma verdade que Cartola bem conhecia: há dores tão profundas, amores tão intensos, que apenas o silêncio pode, paradoxalmente, cantar.​ Marilândia

sábado, 5 de abril de 2025

OUTROS VERSOS DE NERUDA

VERSOS DE NERUDA Antes de amar-te, amor, nada era meu Vacilei pelas ruas e as coisas: Nada contava nem tinha nome: O mundo era do ar que esperava. E conheci salões cinzentos, Túneis habitados pela lua, Hangares cruéis que se despediam, Perguntas que insistiam na areia. Tudo estava vazio, morto e mudo, Caído, abandonado e decaído, Tudo era inalienavelmente alheio, Tudo era dos outros e de ninguém, Até que tua beleza e tua pobreza De dádivas encheram o outono. Pablo Neruda O Despertar do Mundo (Marilândia em réplica) Antes de encontrar-te, alma minha, tudo era sombra Caminhei por labirintos de névoa e esquecimento: As horas eram apenas números sem sentido: O universo era um suspiro que aguardava forma. E conheci jardins petrificados pelo tempo, Corredores onde o silêncio construía suas teias, Estações de partida sem chegadas prometidas, Ecos que se perdiam nos desertos da memória. Tudo jazia inerte, opaco e silencioso, Suspenso, desabitado e sem propósito, Tudo era insuportavelmente distante, Tudo pertencia ao vazio e ao ninguém, Até que teu olhar e tua voz de primavera De maravilhas inundaram meu inverno. Agora cada pedra conta histórias ao amanhecer, Cada rua é um rio que conduz a teu abraço, Cada estrela é uma carta escrita em tua caligrafia, Cada flor pronuncia sílabas do teu nome. O mundo despertou de seu longo sono de ausências E se vestiu com as cores de nossa alegria compartilhada. Até o vento, antes errante e sem destino, Agora conhece o caminho que leva a teu sorriso. Marilândia em réplica

A Noite na Ilha (VERSOS DE NERUDA COM RÉPLICA DE MARILÂNDIA

A Noite na Ilha (PABLO NERUDA) Dormi contigo a noite inteira junto do mar, na ilha. Selvagem e doce eras entre o prazer e o sono, entre o fogo e a água. Talvez bem tarde nossos sonos se uniram na altura e no fundo, em cima como ramos que um mesmo vento move, embaixo como raízes vermelhas que se tocam. Talvez teu sono se separou do meu e pelo mar escuro me procurava como antes, quando nem existias, quando sem te enxergar naveguei a teu lado e teus olhos buscavam o que agora – pão, vinho, amor e cólera – te dou, cheias as mãos, porque tu és a taça que só esperava os dons da minha vida. Dormi junto contigo a noite inteira, enquanto a escura terra gira com vivos e com mortos, de repente desperto e no meio da sombra meu braço rodeava tua cintura. Nem a noite nem o sonho puderam separar-nos. Dormi contigo, amor, despertei, e tua boca saída de teu sono me deu o sabor da terra, de água-marinha, de algas, de tua íntima vida, e recebi teu beijo molhado pela aurora como se me chegasse do mar que nos rodeia. ( Pablo Neruda ) RÉPLICA DE MARILÂNDIA Amanhecer em Teus Braços Adormeci contigo entre montanhas e silêncio. Luminosa e serena eras entre o desejo e o sonho, entre a brisa e as estrelas. Talvez na madrugada nossas respirações se encontraram como nuvens, em cima como folhas tremendo na mesma brisa, embaixo como nascentes que correm para um só rio. Talvez tua alma vagou longe da minha e pelo vale infinito me buscava como sempre, antes de nos conhecermos, quando sem te encontrar já pressentia tua presença e tuas mãos esperavam o que agora — poesia, luz, ternura e espanto — te entrego, coração aberto, porque tu és o vaso que estava destinado a guardar meus segredos. Adormeci junto a ti entre montanhas, enquanto o vasto universo gira com sonhos e lembranças, subitamente desperto e na penumbra azulada meus dedos encontram tua face adormecida. Nem a noite nem as distâncias conseguiram separar-nos. Adormeci contigo, amor, despertei, e teu suspiro emergindo do sono me trouxe o perfume do campo, de orvalho fresco, de flores silvestres, de tua essência secreta, e recebi teu olhar iluminado pela manhã como se viesse da própria luz que nos envolve. MARILÂNDIA EM RÉPLICA

VERSOS DE NERUDA COM RÉPLICA DE MARILÂNDIA

Amor, quantos caminhos até chegar a um beijo, que solidão errante até tua companhia! Seguem os trens sozinhos rodando com a chuva. Em taltal não amanhece ainda a primavera. Mas tu e eu, amor meu, estamos juntos, juntos desde a roupa às raízes, juntos de outono, de água, de quadris, até ser só tu, só eu juntos. Pensar que custou tantas pedras que leva o rio, a desembocadura da água de Boroa, pensar que separados por trens e nações tu e eu tínhamos que simplesmente amar-nos com todos confundidos, com homens e mulheres, com a terra que implanta e educa cravos. Pablo Neruda RÉPLICA DE MARILÂNDIA

EVENTO DIA 10 DE ABRIL

Evento Poético Tema: Nossa Essência em Poesia Data: 10/04/2025 AUTORA:Marilândia Marques Rollo Título:Almas Unidas pela Palavra Gentilmente convidada por Elonise Gums, poetisa amiga Nossa Essência em Poesia *Celebrando 10.000 almas unidas pela palavra* Não pergunto como chegamos a ser dez mil, mas como dez mil corações pulsam em uníssono, como dez mil vozes tornaram-se uma só melodia que ressoa pelos corredores do tempo. Aqui, onde as palavras são pão e vinho, onde cada sílaba é uma gota de sangue vertida sobre a página branca que acolhe nossas confissões, aqui nascemos, cada dia, em cada verso. Dez mil mãos escrevendo na escuridão, dez mil olhos perseguindo a luz das metáforas. Somos arqueólogos do silêncio, desenterrando estrelas esquecidas no fundo do mar. Quem poderia contar as lágrimas que navegam pelas artérias secretas da noite? Quem poderia enumerar os sonhos que tecemos com fios invisíveis roubados do cosmos? Somos dez mil, sim, mas também somos um só corpo atravessando o deserto da existência com a sede in_finita de beleza. Cada poema é uma pequena rebelião contra a morte, contra o esquecimento. Cada estrofe é uma bandeira hasteada no território conquistado do caos. Do norte magnético de nossa essência ao sul ardente de nossas paixões, estendemos pontes de palavras que resistem ao vendaval do tempo. Dez mil. E cada um carrega um uni_verso inteiro nas entranhas, um oceano de tinta derramada sobre o deserto das horas vazias. Hoje celebramos não os números, mas a dança sagrada das palavras que nos uniu sob o mesmo céu estrelado, sob a mesma lua grávida de promessas. Somos a tribo que acredita no poder secreto das sílabas, somos os guardiões do fogo primitivo que arde no centro da linguagem. Dez mil vozes no coro da eternidade. Dez mil corações batendo ao ritmo dos versos. Uma só alma, imensa e luminosa, celebrando nossa essência em poesia. Marilândia

sexta-feira, 4 de abril de 2025

CARTOGRAFIA DOS OLHOS IN_VISÍVEIS DIA 9 ABRIL

173 ENCONTRO PÔR DO SOL 
TEMA:"ME ENXERGA COM O CORAÇÃO" 
AUTORA:Marilândia Marques Rollo
 DATA:09/04/2025 
TÍTULO:CARTOGRAFIA DOS OLHOS IN_VISÍVEIS 
PAÍS:Brasil 



 CARTOGRAFIA DOS OLHOS IN_VISÍVEIS




Não me busques com os olhos que conhecem apenas formas, 
esses que catalogam cores e contornos 
como quem coleciona borboletas mortas. 


Teus olhos, viajantes apressados, 
não sabem decifrar os hieróglifos
 gravados no silêncio da minha pele. 


 Me enxerga com o coração, 
esse órfão peregrino que bate 
como um tambor ancestral sob teu peito. 


Só ele traduz o idioma das minhas marés internas, 
só ele escuta as confissões que meus lábios não pronunciam. 


Quando me olhares, fecha os olhos. 
Deixa que tuas mãos leiam meu corpo como um poema tátil, 
que teus dedos aprendam o dialeto das minhas cicatrizes. 


Há segredos que só se revelam aos cegos voluntários. 
Me enxerga com o coração e suas pupilas in_visíveis, 
essas que enxergam através das muralhas que construí. 


Vê como tremo feito folha sob a tempestade quando te aproximas, 
como minha alma se despe de armaduras 
quando pronuncias meu nome. 


 Há um mapa do uni_verso desenhado em minhas im_perfeições. 
Há constelações inteiras escondidas nos lugares
onde a luz do sol nunca alcança. 


Há uma galáxia inteira girando dentro do meu peito. 
Me enxerga com o coração, 
esse astrônomo selvagem 
que reconhece estrelas onde outros veem apenas escuridão. 


Só assim poderás navegar o labirinto dos meus medos
e descobrir o tesouro enterrado sob minhas ruínas.


Porque eu também te enxergo assim: 
não com estes olhos gastos de tanto procurar, 
mas com este coração que aprendeu a ver o in_visível 
que pulsa em teu mais profundo ser. 


 Marilândia

SONETO DE NERUDA COM RÉPLICA DE MARI

SONETO (PABLO NERUDA) Não te quero senão porque te quero e de querer-te a não querer-te chego e de esperar-te quando não te espero passa meu coração do frio ao fogo. Quero-te apenas porque a ti eu quero, a ti odeio sem fim e, odiando-te, te suplico, e a medida do meu amor viajante é não ver-te e amar-te como um cego. Consumirá talvez a luz de Janeiro, o seu raio cruel, meu coração inteiro, roubando-me a chave do sossego. Nesta história apenas eu morro e morrerei de amor porque te quero, porque te quero, amor, a sangue e fogo. PABLO NERUDA RÉPLICA DE MARILÂNDIA Entre Ausência e Presença Não te procuro senão porque te encontro e de encontrar-te a perder-te me entrego no labirinto onde sempre te confronto minha alma oscila entre certeza e medo. Busco-te apenas porque em ti me afundo, de ti me afasto e, afastando-me, me aproximo, e a dimensão deste amor vagabundo é sentir-te presente no mais íntimo abismo. Talvez consuma a chama de dezembro, com seu fulgor voraz, tudo o que lembro, levando embora meu último refúgio. Neste poema somente eu me disperso e dispersar-me-ei pois em ti converso, porque te sinto, amor, tormenta e abrigo. Marilândia

IMPOSSÍVEL FE CO RÉPLICA DE MARILÂNDIA

IMPOSSÍVEL Disseram-me hoje, assim, ao ver-me triste: “Parece Sexta-Feira de Paixão. Sempre a cismar, cismar de olhos no chão, Sempre a pensar na dor que não existe ... O que é que tem?! Tão nova e sempre triste! Faça por estar contente! Pois então?! ...” Quando se sofre, o que se diz é vão ... Meu coração, tudo, calado, ouviste ... Os meus males ninguém mos adivinha ... A minha Dor não fala, anda sozinha ... Dissesse ela o que sente! Ai quem me dera! ... Os males de Anto toda a gente os sabe! Os meus ... ninguém ... A minha Dor não cabe Nos cem milhões de versos que eu fizera! ... Florbela Espanca RÉPLICA DE MARILÂNDIA

COSTURANDO DIA 4 DE ABRIL

"Por fim, meus sol aconteceu" Jô Tauil ______________________________

quinta-feira, 3 de abril de 2025

COSTURANDO POESIA DIA 3 ABRIL

"Tentando atravessar um deserto de sombras" Jô Tauil ______________________________ Perdi-me no deserto das sombras onde o sol não ousa penetrar, onde as dunas são feitas de suspiros e a areia é o tempo esquecido que escorre entre os dedos. Neste lugar sem horizonte os pássaros não cantam, apenas o silêncio desenha círculos no ar estagnado. Ali, os cactos crescem para dentro, suas raízes são palavras não ditas que nunca floresceram. Caminho com pés de saudade sobre o chão des_figurado, cada passo um eco do teu nome in_decifrável, enquanto a lua derrama sua luz faminta sobre minha pele. Procuro tua sombra entre todas as outras, como quem busca uma gota d'água em um oceano in_verso. Teu perfil talvez exista nas constelações negras que se desenham nas costas desta noite perpétua. Há quanto tempo atravesso este deserto? As horas são miragens que se desfazem ao toque, e minha sede é de um tempo que não conhece relógios. Carrego em minhas mãos o peso das memórias, pétalas des_coloridas que cortam como verdades mal compreendidas. No entanto, sigo caminhando, pois até no deserto das sombras existe um norte secreto, um ímã que me puxa para ti. Se encontrares minhas pegadas algum dia, saberás que foram escritas com a tinta da persistência, que cada marca na areia é uma letra de um poema sem fim sobre como atravessei o im_possível para encontrar tua luz. E quando finalmente cruzar este deserto, quando as sombras se tornarem apenas companheiras de jornada, saberei que a travessia era o destino, e que em cada grão de escuridão havia uma estrela adormecida. Responder, Responder a todos ou Encaminhar

OUTRA IMAGEM LUS E FLOR MAIS BONITA

IMAGEM PARA LUA E FLOR DIA 17

Lua e Flor: Um Canto de Paixão (evento para abril) 17 DE ABRIL

15 DESFILE NA PASSARELA TEMA:LUA E FLOR AUTORA:Marilândia Marques Rollo TÍTULO:UM CANTO DE PAIXÃO PAÍS:Brasil DATA: 17/04/2025 Um Canto de Paixão Há noites em que a lua descobre teus segredos, como quem desvenda um jardim proibido, e seus raios, feitos de prata líquida, navegam pelo mar dos teus cabelos negros. Flor que se abre na penumbra dos sonhos, pétalas que guardam o sabor do impossível. Entre nós, o abismo e a vertigem, a mesma distância que separa a lua da flor silvestre. Teu corpo, geografia de sombras e desejos, onde meus dedos desenham constelações nunca vistas. Como não te amar quando a noite cai e tudo é silêncio além do teu respiro? Nos meus versos habitas como sereia entre ondas, presença inquieta que não se deixa capturar. Assim como a lua não pode tocar a flor que ilumina, meu amor te contempla da margem do universo. Quantas vezes reguei com lágrimas este amor indomável? Quantas vezes a lua testemunhou nossos encontros clandestinos? Somos nós: eternos amantes da impossibilidade, dançarinos suspensos entre a terra e o céu. A música que vem de dentro, que não se pode calar, é a mesma que embalou os poetas de todas as eras. Se pudesse, roubaria para ti todas as estrelas, e faria delas um colar para adornar teu colo nu. Lua, senhora das marés e dos amantes insones. Flor, efêmera beleza que desafia o tempo. Entre ambas, meu coração vagabundo procura o abrigo que só teus braços podem dar. E quando a aurora vier dissipar os mistérios da noite, seguirei buscando nos teus olhos aquele brilho lunar, aquela promessa florida que faz da vida um eterno poema inacabado. Marilândia

RÉPLICA DE FANATISMO FE

Fanatismo Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida Meus olhos andam cegos de te ver! Não és sequer a razão do meu viver, Pois que tu és já toda a minha vida! Não vejo nada assim enlouquecida... Passo no mundo, meu Amor, a ler No misterioso livro do teu ser A mesma história tantas vezes lida! "Tudo no mundo é frágil, tudo passa..." Quando me dizem isto, toda a graça Duma boca divina fala em mim! E, olhos postos em ti, digo de rastros: "Ah! Podem voar mundos, morrer astros, Que tu és como Deus: Princípio e Fim!..." FLORBELA ESPANCA RÉPLICA DE MARILÂNDIA Também minh'alma, em ti, encontra abrigo Meus olhos, no teu brilho, se acendem! Os segredos que tuas palavras estendem São versos que no peito sempre abrigo. Vago pelo universo e, contigo, As estrelas no céu mais resplendem. Os sonhos que de ti a mim descem Tornam-se luz no caminho que sigo. "Todo o verso é eterno quando nasce da alma..." Quando escuto teus versos, essa calma De um oceano profundo invade-me sem fim! E, coração em chamas, digo sem medos: "Podem silenciar vozes, morrer segredos, Mas teu verso é imortal: Palavra e Sim!..."

PARA LUÍZA

Nas tuas mãos, Luiza, o mundo dança, Pétalas de sonho em flor desabrochando, És serena luz, divina esperança, Mistério doce que vou desvendando. Quem és tu, bela sombra de veludo? Silhueta que recorta o horizonte? És talvez a resposta para tudo, És talvez água fresca de uma fonte. Em teus olhos contemplo o infinito, Abismos de ternura e de paixão, Um universo de beleza escrito Nas linhas sutis do teu coração. Se pudesse colher todo o luar E tecê-lo em manto para ti, Se pudesse a vida inteira te dar Todo o amor que dentro em mim descobri! Teu nome é sussurro de poesia, Luiza, versos soltos ao vento, És dor e prazer, és melancolia, És a alma do meu pensamento. Quando a noite chegar e eu partir Para os reinos onde tudo é ausência, Teu nome hei de eternamente sentir Como divina e dolorosa essência. Luiza, flor selvagem e delicada, Enigma que me prende e me liberta, És sonho, és vida, és madrugada, És a porta dos céus sempre aberta. Marilândia

quarta-feira, 2 de abril de 2025

IMAGEM PARA MENTIRAS DE FE COM RÉPLICA

MENTIRAS POEMA DE FE COM RÉPLICA DE MARILÂNDIA

Mentiras Ai quem me dera uma feliz mentira que fosse uma verdade para mim! J. DANTAS Tu julgas que eu não sei que tu me mentes Quando o teu doce olhar pousa no meu? Pois julgas que eu não sei o que tu sentes? Qual a imagem que alberga o peito meu? Ai, se o sei, meu amor! Em bem distingo O bom sonho da feroz realidade... Não palpita d´amor, um coração Que anda vogando em ondas de saudade! Embora mintas bem, não te acredito; Perpassa nos teus olhos desleais O gelo do teu peito de granito... Mas finjo-me enganada, meu encanto, Que um engano feliz vale bem mais Que um desengano que nos custa tanto! Florbela Espanca, in "A Mensageira das Violetas" RÉPLICA DE MARILÂNDIA

COSTURANDO DIA 2

“Éramos tão subjetivos, que não podíamos nos entender…” Jô Tauil ____________________________ Éramos como dois oceanos que nunca se tocavam, ondas paralelas em praias distintas, tu, maré crescente de espuma e mistério, eu, abismo de águas profundas e sombrias. Não nos entendíamos. Tuas palavras eram folhas caindo no outono de minha compreensão, enquanto as minhas se perdiam como névoa na montanha de tua in_diferença. Quantas vezes tentei decifrar o manuscrito dos teus silêncios! Tua ausência era uma catedral vazia onde ecoavam meus passos solitários, e teu olhar, constelação distante que iluminava outros céus. Não nos entendíamos. Como traduzir o idioma secreto do teu coração se cada batida falava em dialetos que meus ouvidos não conheciam? Éramos relógios marcando horas distintas no mesmo espaço… Tu,sempre primavera adiantada, eu, sempre inverno tardio. Não nos entendíamos. Tua pele era um mapa de terras que nunca pisei, teus suspiros, um vento que nunca soprou em minhas velas. Entre nós havia um deserto de significados não compartilhados, miragens de entendimento que se dissolviam ao toque. Agora sei que não nos entendíamos porque éramos como a lua e o sol: condenados a iluminar o mesmo céu em momentos que jamais se encontravam. E assim nosso amor naufragou não nas tempestades da paixão, mas no mar tranquilo da in_compreensão. Marilândia

IMAGEM PRO QUARTETO DIA 5

A DOR DE UMA PAIXÃO DATA: 05/04/2025

PALCO ANTOLÓGICO "O PODER DA POESIA"
EVENTO DE ROSANGELA BRUNO SCHMIDT CONCADO E BIBLIOTECA MUNDIAL DE LETRAS Y POESIA 
TEMA:"PALPITAR EM DESESPERAÇÃO"
INSPIRAÇÃO: "ONTEM AO LUAR"- 
INTÉRPRETE RUBEL- COMPOSIÇÃO: CATULO DA PAIXÃO CEARENSE/PEDRO ALCÂNTARA AUTORA:Marilândia Marques Rollo 
TÍTULO: A DOR DE UMA PAIXÃO
DATA: 05/04/2025 
PAÍS: Brasil 

 Gentilmente convidada pela nobre poetisa amiga Selma Iris Kullmann 



 A DOR DE UMA PAIXÃO 


Meu coração é um pássaro ferido, 
Batendo contra as grades do silêncio. 
Neste mar de angústia onde me perco, 
Cada veia é um rio enfurecido. 


Palpita o desespero nos meus pulsos 
Como tambores de guerra ancestrais.
Sou vulcão de lágrimas atemporais, 
Em cuja lava nadam meus impulsos. 


Nas entranhas do tempo, dissoluto, 
Minha alma é fruta que amadurece e tomba,
Enquanto o sangue em turbilhão retumba 
Num clamor de dores, resoluto. 
 


Palpita o universo em minhas mãos vazias, 
Como um sol moribundo entre as estrelas. 
A dor é um mar de espinhos quais mazelas, 
E o amor, cinza espalhada em noites de fantasias.



 Marilândia

Constelação dos Teus Olhos EVENTO DIA 2 DE ABRIL

172 ENCONTRO PÔR DO SOL GRUPO POÉTICO CAMINHO DE SENSIBILIDADE TEMA: "BRILHA PARA MIM" AUTORA:Marilândia Marques Rollo TÍTULO: CONSTELAÇÃO DOS TEUS OLHOS PAÍS: Brasil Data:02/04/2025 Constelação dos Teus Olhos Brilhas para mim como as estrelas que sussurram segredos à noite escura e infinita, brilhas com a força silenciosa das marés que movem oceanos sem pedir licença. Tua luz atravessa a distância do meu silêncio, quebra as paredes que construí em torno da alma, e como um vinho antigo derramado sobre a terra, penetra as raízes do meu ser mais escondido. Quantas noites contemplei a ausência do teu brilho? Quantas auroras nasceram e morreram sem que teus olhos acendessem o horizonte? Brilhas para mim, nem que seja por um instante, como brilha o último raio de sol antes do crepúsculo, como relampeja a memória de um beijo antigo, súbito, intenso, irrecuperável. Quero navegar pelo céu dos teus olhos, perder-me nas galáxias do teu sorriso, porque sem teu brilho sou apenas um náufrago à deriva num mar de escuridão inominável. Brilhas para mim, amor, não com a luz que cega e depois se apaga, mas com aquela que permanece, como as constelações que guiavam os antigos navegantes para costas desconhecidas de terras prometidas. Porque quando brilhas, o mundo inteiro se desdobra como uma flor noturna, e eu, simples mortal diante do eterno, encontro o caminho de volta para casa. Marilândia

terça-feira, 1 de abril de 2025

IMAGEM PARA ESPERA E RÉPLICA DE MARILÂNDIA

POEMA DE FLORBELA E RÉPLICA DE MARILÂNDIA

ESPERA Florbela Espanca Não me digas adeus, ó sombra amiga, Abranda mais o ritmo dos teus passos; Sente o perfume da paixão antiga, Dos nossos bons e cândidos abraços! Sou a dona dos místicos cansaços, A fantástica e estranha rapariga Que um dia ficou presa nos teus braços… Não vás ainda embora, ó sombra amiga! Teu amor fez de mim um lago triste: Quantas ondas a rir que não lhe ouviste, Quanta canção de ondinas lá no fundo! Espera… espera… ó minha sombra amada… Vê que pra além de mim já não há nada E nunca mais me encontras neste mundo!… FLORBELA ESPANCA Eco de Ausências (RÉPLICA DE MARILÂNDIA) Não partas sem ouvir meu triste canto, Demora-te nas sombras do caminho; Revive o que foi nosso, sacrossanto, Nas tardes de silêncio e de carinho! Sou a alma que vagueia em desalinho, A que em versos derrama o seu pranto, Que um dia te encontrou, meu doce ninho... Fica mais um momento, é tudo quanto! Teu amor fez de mim um céu sem lua: Quantas estrelas mortas que não viste, Quanto brilho perdido em noite crua! Espera... fica... ó sombra que me assiste... Vê que além de meu ser só resta a rua E nunca mais terás meu olhar triste!... Marilândia Marques Rollo

IMAGEMPRO EVENTO EFEPÊ DIA 5

Evento Efepê de Poesias dia 5

VEREDAS DA POESIA
ENVEREDANDO
Evento Efepê de Poesias 
TEMA:"AS COISAS FINDAS
               MUITO MAIS QUE LINDAS
                ESSAS FICARÃO"
POEMA MEMÓRIA DE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
AUTORA:Marilândia Marques Rollo
DATA: 05/04/2025
TÍTULO: BELEZA NO ADEUS

Convidada pelo nobre poeta Efepê de Poesias


Beleza no Adeus



O que termina carrega uma beleza que o eterno desconhece, 
como o sol ao se despedir pinta o céu com cores 
que a manhã jamais sonhou possuir. 


As coisas findas são cofres selados pelo tempo, 
onde guardamos não o que foram, mas o que significaram. 


Olha como a folha, em seu último suspiro outonal, 
abraça a mais profunda de suas cores antes de partir. 


Não há esmeralda na primavera que se compare ao rubi ardente de sua despedida. 
 Aprendi que o amor que se foi é como a concha abandonada na praia: vazia de vida, mas cheia de música, 
guardando em suas curvas o eco infinito do mar.


 As coisas findas são livros completos, 
onde cada página virada construiu uma história 
que agora repousa, inteira e perfeita, sem o risco de capítulos mal escritos. 


 Como não ver beleza no crepúsculo?
 No momento exato em que o dia confessa sua mortalidade 
e entrega ao mundo seu testamento de luzes e sombras? 


As coisas findas são todos os crepúsculos guardados na memória.  
A canção mais doce é aquela cujas notas finais ainda vibram no silêncio
que as sucede, como se o vazio fosse uma caixa de ressonância 
para tudo o que já não existe, 
mas insiste em ecoar. 


As coisas findas são rios que chegaram ao mar, 
cumprindo seu destino de entregar-se à imensidão,
perdendo o nome, mas não a essência, 
agora parte de algo muito maior que si mesmos.


 Ah, as cidades que visitei e nunca mais verei! 
Como são mais minhas agora, na ausência, 
do que foram quando caminhei por suas ruas.


 As coisas findas são territórios conquistados pela memória. 
Uma carta amarelada pelo tempo, um retrato desbotado, um perfume 
que já não habita frasco algum 
e ainda assim invade os sentidos quando menos se espera.


As coisas findas são estrelas que já morreram 
mas cuja luz ainda viaja pelo espaço, 
atravessando distâncias inimagináveis 
só para tocar nossos olhos por um instante.


 Não me fales de eternidade quando temos o efêmero.
 Não me ofereças o "para sempre" quando o "já foi" é tão mais verdadeiro. 


As coisas findas, muito mais que lindas, 
são a mais pura verdade que podemos possuir. 


E quando eu mesmo for uma coisa finda, 
quando meu nome for apenas um eco distante, 
talvez então eu compreenda completamente 
porque o que termina carrega em si uma beleza que o eterno, 
em sua infinita arrogância, jamais conhecerá.


 Marilândia 

COSTURANDO 1 DE ABRIL

"Com sonhos dourados embolorados de esperas..." Jô Tauil _____________________________________ Sonhos que Dourados Foram No espelho do tempo, encaro o que resta, De sonhos que dourados foram um dia, Vestígios de luz sob camada funesta, De mofo que agora os cobre com ironia. Como folhas de outono, caíram, sem festa, Aqueles anseios que a alma tecia, Na colcha do tempo, já não manifesta O brilho que outrora em mim se acendia. E sinto nas mãos o peso dos anos, Que desbotam dourados em tons opacos, Desfazendo em pó os meus desenganos. Mas nem tudo é ruína nos cantos abafados. No âmago do mofo, há ainda uns fracos Reflexos de luz - sonhos transformados. Que em silêncio sussurram: "Embora embolorados, Fomos nós que um dia te fizemos ousada." Marilândia

RÉPLICA AO POEMA SOMA DE CDA

SOMA De quantas saudades morremos? Quantas vontades passamos? Quantos sorrisos não demos? Quantos "eu te amo" calamos? Quantas amizades perdemos? E quantas mágoas guardamos? Quantas vezes não cedemos E por orgulho choramos? Quantos abraços retemos? Quantos beijos desprezamos? Quantas pessoas esquecemos? Quanto amor não amamos? desses quantos não sabemos Se perdemos ou ganhamos Mas um dia saberemos Se nesta vida vivemos ou por ela já passamos. Silêncios De quantos sonhos desistimos? Quantas chances desperdiçamos? Quantas palavras engolimos? Quantos "eu te amo" sufocamos? Quantas verdades escondemos? E quantos medos alimentamos? Quantas vezes não nos erguemos e na inércia nos afogamos? Quantos caminhos não trilhamos? Quantas mãos não seguramos? Quantas almas não sentimos? Quanto tempo desperdiçamos? Desses quantos, não sabemos Se nos constroem ou nos destroem Mas um dia entenderemos Se com a vida aprendemos ou se dela apenas fugimos. Marilândia