COSTURANDO POESIA
"Minhas asas, ao longe, a sacudir loucura..." Jô Tauil ________________________________ Espalham pelo vento segredos in_dizíveis, fragmentos de sonhos que nunca sonhei acordada. Meus dedos são galhos trêmulos no crepúsculo onde pousam pássaros feitos de suspiros. A distância entre mim e o horizonte é a mesma que separa tua boca do meu silêncio. Sacudo a loucura como quem sacode areia do cabelo depois de mergulhar no mar profundo de tua memória. Que façam ruído minhas penas desgrenhadas! Que toquem tambores in_visíveis no céu de teu corpo! A loucura que agito é semente de estrela plantada em terras que ninguém ousa pisar. Quantas vezes tentei domesticar o vento? Quantas vezes me perdi no labirinto das tuas veias? Minhas asas são mapas rasgados de terras imaginárias onde construí casas com tijolos de suspiros. Chacoalho a loucura para que conheças o tremor que habita minha alma quando dizes meu nome. Ao longe, sou apenas um ponto negro no horizonte, mas dentro de mim carrego uni_versos inteiros de delírio. A loucura que minhas asas espalham é o único idioma que sei falar quando te amo. É um dialeto antigo, feito de água e fogo, que só entendem aqueles que já morreram de amor. Sacudo loucura como árvores sacudidas pelo vendaval, desfolhando-me em palavras que caem como pétalas. Ao longe, pareço pequena, uma ave perdida, mas a loucura que desfraldo é maior que o oceano. Minhas asas continuarão sacudindo loucura mesmo quando não restar nada além de fragmentos e poeira. A loucura é o último abrigo dos que amam demais, é o trono donde reinam os poetas sem coroa. Marilândia

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