segunda-feira, 28 de abril de 2025

Pétalas do Abismo (FOTOPOEMA)

Pétalas do Abismo (FOTOPOEMA)




Há rosas que não nascem nos jardins do mundo, mas nos abismos onde o fogo e a noite se abraçam. 


Rosa negra, rosa ardente, que mãos te teceram com fios de sombra e chama? 


 Emana de ti um perfume de vulcão adormecido, 
de oceano que ferve nas profundezas da terra. 


Tuas pétalas são confissões da escuridão
 quando ela sonha em cores proibidas. 

 Como te arrancaram do peito da tempestade? Como roubaram as cores do último suspiro do arco-íris?

 Em ti a morte se faz flor, o luto se veste de púrpura e azul. 

 Sei que guardas no centro o segredo das metamorfoses impossíveis, 
onde o fogo não destrói, mas transforma, onde a dor não mutila, 
mas cria. 


 Rosa que nunca colhi em nenhum caminho, 
rosa que nunca morrerá em vaso algum. 


És a resposta para perguntas que ainda não aprendi a formular. 


Talvez fosses o que procurava
quando escavava palavras no silêncio, 
quando tentava nomear aquela ausência 
que pulsa como uma estrela negra no peito. 


Agora entendo:
há belezas que só existem quando o mundo está em chamas,
há pétalas que só desabrocham à beira dos precipícios.


 És a flor dos amantes que conheceram o inferno 
e ainda assim escolheram o amor. 


Rosa de fogo, rosa sombria, teu nome verdadeiro é desejo. 


 Marilândia

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