quarta-feira, 30 de abril de 2025

Onde a Vida me Perdeu?

Onde a Vida me Perdeu? Em algum cruzamento de ventos in_certos, onde os relógios abandonam seu rigor, a vida me perdeu entre papéis dispersos e esqueceu-me no bolso de um casaco antigo. Talvez tenha sido naquela tarde de outono quando as folhas dançavam sua morte dourada, e eu, distraído com o murmúrio das horas, não percebi que meu nome já não era chamado. Ou quem sabe no mar, entre ondas indecisas, quando entreguei meus sapatos à areia e caminhei descalço rumo ao horizonte vazio. A vida me perdeu quando deixei de procurá-la nos olhos dos estranhos, nas mãos dos amantes, nos livros que nunca terminei de ler. Hoje sou apenas um rastro de poeira que a memória ainda não varreu, uma palavra suspensa no ar da tarde, uma pergunta sem resposta nem indagador. E neste exílio de mim mesma, escrevo versos como quem acende sinalizadores esperando que a vida, distraída, tropece em mim outra vez. Marilândia

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