ENSAIO DA NUDEZ
ENSAIO DA NUDEZ
Beleza em real definição
Sorridentes estrelas sobre o corpo
Purpurinados arabescos
Estonteantes frêmitos
Fonte de prazeres extasiada
Com clarões dos arrebois edulcorada
Saciada com rajadas
Do sanguinolento entardecer
Abstrata harmonia
Sabe a baunilha e a mel...
_Perolado esquife em mar de chamas flutuando..._
“A beleza de um corpo nu só o sentem as raças vestidas"
Fonte: "Livro do Desassossego"
Autor: Pessoa , Fernando
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MÁSCARA DO DESTINO
MÁSCARA DO DESTINO
Mansamente avizinha-se a madrugada
Noite de torpores
Agonizantes astros
Névoas mescladas às quimeras e saudades.
Mendicantes êxtases
Embriagadoras luxúrias
Voluptuosa súplicas
Máscaras pagãs
_Dentre trevas, alfombras do destino..._
“Uma saudade morta em nós renasce
Que no mesmo momento é já perdida...
Amar-te a vida inteira eu não podia.
Que queres, meu Amor, se é isto a vida!”
FLORBELA ESPANCA
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SEM LIMITES
SEM LIMITES
Minha boca, antes maquiada,
Vestígios de batom borrado,
Mostra agora...
Pel’alma espalhadas
Cicatrizes de nosso crime
Rastros dos momentos nos
Místicos cansaços de nossos ais...
Crepita a paixão
Frementes rugidos...
A longos tragos
Rubros vinhos sorvendo
Demência dos presságios
Em tintos sonhos afogados...
“Sonho que sou a Poetisa eleita,
Aquela que diz tudo e tudo sabe,
Que tem a inspiração pura e perfeita,
Que reúne num verso a imensidade!”
FLORBELA ESPANCA
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RETRATOS DA VIDA
RETRATOS DA VIDA
Poesia da fotografia
Palpitante coração...
Invisíveis liras
Sonhos e quimeras tecem
Pétalas de luzes balouçam...
Volúpias em flor
Almas acariciam
Desejos saciam...
Cores de minhas angústias atiçam
Saudades em delírios
Pranto d’agonia gemem...
_Irônicos espectros- Fantasmas do Passado_
“Que seja a tua boca rubra como o sangue
Que feche a minha boca, a minha boca exangue!…
Ah, venha a morte já que eu morrerei feliz!…”
FLORBELA ESPANCA
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O ACASO DO POETA
O ACASO DO POETA
Estrelados refúgios - versos do poeta
Banhando-se na própria imagem,
Retrata-se,
Íntimos sentires contemplando.
Musical linguagem
Suas fantasias anela
Ébrido em sonhos e devaneios
Misteriosa esfinge
Fadad’alma
Em voluptuoso abandono dormita.
Na incandescente auréola de seus poemas
Vagueia às paragens mais belas,
Exaurindo olor de segredos
Tal como vagas do oceano em insano fragor .
Respira o hálito da poesia
Nas arregaçadas pupilas da paixão.
-Exótica indolência de vaporosos trajos-
“E os meus olhos serenos, enigmáticos
Meninos que na estrada andam perdidos,
Dolorosos, tristíssimos, extáticos,
São letras de poemas nunca lidos...”
FLORBELA ESPANCA
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CLAUSTROS (FOTOPOEMA)
CLAUSTROS (FOTOPOEMA)
Mistérios d’alma
Inexoráveis tormentos
Castos segredos que enlouquecem...
“A minha Dor é um convento. Há lírios
Dum roxo macerado de martírios,
Tão belos como nunca os viu alguém!”
FLORBELA ESPANCA
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MEU POEMAR
MEU POEMAR
Versos meus sentimentos espelham
Segredos ocultam.
Dores e desejos confidenciam
Sussurram-me os prazeres.
Nas cantatas em harmonia
Arfar de brisas e melodias
Revivem as saudades
Em ardentes taças de lembranças esvaecidas.
Ébria de seduções
Aos ceus clamo meus ardores
Nos desgrenhados perfis do infinito
Desfolho mágoas,
Amarguras arrasto...
-Nacarados poentes esbraseiam luares de minhas inspirações-
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TÉDIO // OLHAR PERDIDO
TÉDIO // OLHAR PERDIDO
(MARILÂNDIA E ALBERTO AFONSO EM DUPLIX)
Desbotadas rosas.................... Folhas caidas
Rigorosos invernos.................. Nas mãos frias
Brumosas madrugadas........... Das incompreensões...
“As rosas nas alamedas,
E os lilases cor da neve
Confidenciam de leve
E lembram arfar de sedas”
FLORBELA ESPANCA
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