domingo, 14 de dezembro de 2025

COSTURANDO DIA 14 DE DEZEMBRO

"Outono eterno de folhas levitadas" Jô Tauil ________________________________________ Suspensas no ar do meu sofrer tardio, São cartas do tempo, jamais enviadas, Que o vento releu no meu peito vazio. Há sombras de amor nas ruas caladas, Um sol que se cansa de ser desafio, E a dor se perfuma em rosas veladas, Bebendo o silêncio do pranto de anos a fio. Meu coração dobra-se em preces cansadas, Como ave ferida à beira do rio, Sonhando regressos, promessas guardadas, Na carne do sonho que insiste e confio. Se o dia me nega manhãs renovadas, A noite me embala num lume macio, Pois amo — e no amor as perdas são dadas Como ouro que arde num cofre sombrio. Assim sigo, amante de ausências amadas, Vivendo do eterno que chora — e sorrio. Marilândia

sábado, 13 de dezembro de 2025

COSTURANDO 12 DEZEMBRO

“Reminiscências ditosas do que foi bom um dia..." Jô Tauil ________________________________ Voltam na névoa branda de um sonho que passou, E trazem no regresso toda a melancolia Das horas que a ventura em pétalas deixou. Que doce era o luar naquelas noites minhas, Quando teu riso claro enchia o coração! Pisávamos descalços por sendas tão daninhas, Tecendo com estrelas nossa constelação. Mas tudo se evapora como perfume antigo, E resta apenas cinza do fogo que ardia. Procuro-te nas sombras, mas não te encontro, amigo, Somente o eco triste da nossa despedida… Ó tempos de ventura, de beijos, de delírio! Como dói recordar o que jamais voltará! Transformo em verso e canto este sagrado martírio, E choro sobre a página que me há de consolar. Guardo em meu peito exausto estas memórias loucas, Como quem guarda jóias num cofre de ilusão, Enquanto a vida escorre por minhas mãos tão roucas, E murcha como flores ao sol da solidão. Marilândia

COSTURANDO 13 DEZEMBRO

“Regresso a mim profundamente…” Jô Tauil _____________________________ Na sombra do silêncio, Onde a alma se desfaz em solidão, E encontro nos destroços da paixão O amargor de um antigo pressentimento. Regresso a mim, aos braços do tormento, Às horas mortas de desilusão, Ao pranto que guardei no coração Como se fosse eterno o sofrimento. Regresso a mim, à fonte do meu pranto, Ao poço fundo da melancolia, Onde me perco e me encontro,entretanto. Regresso a mim na treva de outro dia, Aos versos que escrevi com desencanto, À dor que em mim nasceu e em mim morreu… Regresso a mim, ao sonho despedaçado, Às cinzas do que foi e já não é, E neste regresso de alma e de fé Encontro-me perdida no passado. Marilândia

sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

Dueto de Marilândia e Ruth

Dueto de Marilândia e Ruth Nas páginas do vento onde a dor se deita e sonha,//Escrevo com a tinta invisível que só an alma testemunha. Éo sopro de um destino antigo que desfia o coração,// Fazendo da noite um templo, e da saudade, oração. Sou chama que arde em silêncio e cinza que o tempo não vence,// Sou flor que desabrocha no amanhecer e na lua se entristece. Caminho entre mundos suspensos, onde o nome se desfaz,// E cada verso que nasce é um pássaro buscando a própria paz. Ó, concede-me teu silêncio — que nele minha voz floresça;// Empresta-me teus olhos — que neles minha essência apareça. Pois no espelho translúcido da alma encontro o que ainda sou:// Vestígios de sonhos antigos que Deus na palma abrigou. Amor, doce miragem que inquieta, acende e devora,// És brasa que me corrói e luz que me recria a cada aurora. És tormento e promessa, estrela que não alcanço ao tocar,// Mas que guia minha sombra, mesmo sabendo que não há chegar. Sou feita de anseios incertos, de marés que nunca dormem,// Mulher que no peito guarda oceanos que transbordem. E enquanto houver palavra pulsando nesta veia rente,// A alma se abrirá — lucidamente, ardentemente. Mesmo que a dor celebre, mesmo que chova eternamente. Marilândia e Ruth em dueto

COSTURANDO DIA 9 DEZEMBRO

“Vozes serenas, esse cântico vão entoar!” Jô Tauil _____________________________ Em noite profunda onde a alma se debate, Sussurros d’alva que vêm me embalar, Como se o vento em mim seu pranto acalente. São vozes vindas de um tempo esquecido, Ecos de amores que não mais respiro, Trazem consigo o perfume do sustenido, Das horas mortas que em vão suspiro. Cantam de sonhos que nunca vivi, De astros distantes que quis alcançar, De tudo aquilo que em mim entrevi, Como areia fina que o mar vai levar. E nesse canto há tristeza tão pura, Que corta a alma como lâmina fria, Há solidão, há dor, há amargura, Há todo o peso de um longo dia. Mas há também qualquer coisa de eterno, Um fulgor tênue de esperança vã, Como se fosse possível, no inverno, Acreditar que virá a manhã. Vozes serenas, cantai-me baixinho, Embalai minha dor nesse cantar, Fazei-me esquecer que vou tão sozinho Neste caminho que não tem fragmentar. Marilândia

COSTURANDO 10 DE DEZEMBRO

“E o teu coração, que me nega a tua senha…” Jô Tauil ____________________________ Guarda em si mistérios que não ouso desvendar, Como um cofre fechado numa torre estranha, Onde não posso entrar, nem sequer sonhar. Trago comigo a dor de quem ama em vão, A alma despedaçada em cacos de luar, E nas veias o fogo desta estranha paixão, Que me consome inteira sem me deixar gritar. Queria ser a chave que abrisse o teu peito, Penetrar nos segredos que escondes de mim, Mas tu ergues muralhas, suspiros desfeitos, E eu fico do lado de fora, enfim… Talvez seja melhor que me negues entrada, Que guardes para sempre o que não quero ver, Pois toda a verdade é uma espada afiada, Pois há segredos que matam quem os quer saber. Mas mesmo assim te amo, com esta agonia, Este amor que me sangra, este amor que me prende, E o teu coração, na sua tirania, Nega-me a senha… mas a minha alma não se rende. Marilândia

COSTURANDO POESIA

“Reminiscências ditosas do que foi bom um dia” Jô Tauil ________________________________ Voltam na névoa branda de um sonho que passou, E trazem no regresso toda a melancolia Das horas que a ventura em pétalas deixou. Que doce era o luar naquelas noites minhas, Quando teu riso claro enchia o coração! Pisávamos descalços por sendas tão daninhas, Tecendo com estrelas nossa constelação. Mas tudo se evapora como perfume antigo, E resta apenas cinza do fogo que ardia. Procuro-te nas sombras, mas não te encontro, amigo, Somente o eco triste da nossa despedida… Ó tempos de ventura, de beijos, de delírio! Como dói recordar o que jamais voltará! Transformo em verso e canto este sagrado martírio, E choro sobre a página que me há de consolar. Guardo em meu peito exausto estas memórias loucas, Como quem guarda jóias num cofre de ilusão, Enquanto a vida escorre por minhas mãos tão roucas, E murcha como flores ao sol da solidão. Marilândia Responder, Responder a todos ou Encaminhar