sábado, 6 de dezembro de 2025

COSTURANDO 6 DEZEMBRO

“O teu gosto e teu cheiro permanecem” Jô Tauil ___________________________ Como sombras que nunca me abandonam, Fantasmas doces que me enlouquecem E no silêncio da alma me aprisionam. Trago-te comigo em cada suspiro, Na curva triste dos lábios que senti. És o tormento divino que respiro, A dor sagrada que me prende a ti. Nas noites longas, quando o mundo dorme, Acordo a procurar-te no lençol, E encontro apenas o vazio enorme Onde morreu o nosso eterno sol. Quisera esquecer-te, mas não mendigo, Estás em mim como o mar na areia, Como a tempestade traz consigo A destruição que ao mesmo tempo vagueia. Sofro por ti com volúpia dolorosa, Neste martírio que me faz viver, Sou a tua escrava, tua virtuosa, Condenada a amar-te até morrer. Marilândia

sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

COSTURANDO 5 DE DEZEMBRO

“Da felicidade que, a duras penas conquistamos” Jô Tauil _____________________________ Resta o sabor amargo de tantas cicatrizes, E nas mãos feridas que ao céu erguemos Guardamos a memória de antigas diretrizes. Quantas noites de pranto, quantos dias vazios, Até que enfim raiasse a luz do contentamento! Atravessamos desertos, suportamos os frios, Por um instante breve de doce alento. E agora que a tenho, trêmula entre os dedos, Esta alegria frágil que tanto custou, Sinto que se desfaz como antigos segredos, E já temo a dor do que me conquistou. Porque a felicidade que se arranca à vida Com unhas e com sangue, com desespero, Traz sempre a sombra escura de ser perdida, E o coração que a guarda nunca é sincero. Mas ainda assim a quero, mesmo que me fuja, Mesmo que seja efêmera como estrela cadente, Pois na luta feroz onde a alma se empurra, Aprendi que viver é sangrar eternamente. Marilândia

quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

COSTURANDO DIA 4 DE DEZEMBRO

“Você é meu ponto de chegada” Jô Tauil _____________________________ O porto onde minha alma quer repousar; Depois de tanto errar por essa estrada, É em ti que encontro o meu lugar. Cruzo desertos, noites de agonia, Bebo o fel das dores mais cruéis; Vago perdida, sem ter companhia, Nos labirintos dos meus próprios véus. Mas és tu o farol na escuridão, A luz distante que me faz seguir; E cada batida do meu coração Sussurra teu nome ao porvir. Não busco mais caminhos ou quimeras, Nem sonhos vãos que o vento há de levar; Chegas tu, e todas as primaveras Desabrocham em mim neste lugar. És o silêncio após toda a tormenta, O lar, o fim, a paz que sempre quero; Em ti minha alma inquieta se contenta— És meu porto, meu destino, minha cicatriz. Marilândia

quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

COSTURANDO DIA 3 DEZEMBRO

“Romântica e imortal, calorosa e transbordante de amor!” Jô Tauil _____________________________ Trago n’alma o incêndio de mil sóis ardentes, E nos lábios o grito das almas sofredores, Que buscam no infinito os sonhos persistentes. Sou a febre, o delírio, a chama que consome, O pranto que se esconde sob o riso fingido, Sou aquela que ama sem que nada me dome, E que morre de amor por tudo que há perdido. Nas minhas veias corre um sangue de poesia, Que se transforma em versos de paixão e dor, E cada batimento é uma nova agonia, Um gemido d’angústia, um espasmo de amor. Romântica, pois vivo de quimeras e luar, Imortal, porque o verso me eterniza a vida, Calorosa, qual brasa que não cessa de queimar, Transbordante duma paixão que nunca foi colhida. Sou a louca, a sonhadora, a incompreendida, Que se entrega sem medo ao abismo da paixão, E mesmo despedaçada, mesmo combatida, Sigo amando com toda a força do coração. Que importa se me ferem, se me fazem sangrar? Eu renasço das cinzas como a fênix altiva, Pois enquanto houver um verso para eu criar, Minha alma romântica permanecerá viva. Marilândia

terça-feira, 2 de dezembro de 2025

COSTURANDO DIA 1 DE DEZEMBRO

“Ainda continuo rabiscando versos de amor” Jô Tauil _________________________ Em noites de luar que sangram solidão, Onde a pena rasga o papel com fervor E cada palavra é feita de paixão. Ainda continuo a escrever sem cessar Nos cadernos gastos da minha dor secreta, Enquanto a alma insiste em delirar Na busca de um sonho que nunca se completa. Escrevo teu nome em versos de saudade, Na tinta do pranto que ninguém enxerga, Buscando na rima alguma claridade Que esta chama ardente em mim não se alberga. Rabisco em vão palavras de desejo, Traçando no verso meu tormento antigo, E em cada linha o teu amor eu vejo, Mesmo sabendo que não estás comigo. Continuo assim, poeta e condenada, Escrevendo ao vento minha sina louca, Pois esta paixão que nunca foi saciada Arde eternamente e nunca se esgota. Marilândia

COSTURANDO DIA 2 DE DEZEMBRO

“E mesmo antes de dares fruto eu já te amava!” Jô Tauil ____________________________ Quando eras só promessa no ventre do tempo, Semente adormecida que minha alma guardava No silêncio profundo do meu pensamento. Amei-te antes do sol, antes da aurora clara, Antes de haver palavras para dizer teu nome, Quando eras só desejo, chama que não se apaga, Fogo secreto e doce que eternamente me consome. Sonhei-te nos caminhos que ainda não trilhara, Nas noites de saudade de um bem que não perdi, Em cada estrela morta que nos céus brilhara, Em cada verso triste que por ti já escrevi. Meu coração sabia, mesmo sem te conhecer, Que havias de chegar trazendo a primavera, Com teu perfume antigo de um impossível viver, Como quem traz consigo toda a luz duma quimera. E se hoje te amo é porque sempre te amei, Desde antes de existires, desde sempre, meu amor, Nos sonhos que teci, nas lágrimas que chorei, Na espera indolente de tão imenso esplendor. Marilândia

domingo, 30 de novembro de 2025

COSTURANDO DIA 30 DE NOVEMBRO

“Também nunca saberás que esse amor foi só teu.” Jô Tauil __________________________ Segredo que guardei como quem beija o céu, Nas noites em que a lua se ajoelha no meu peito E o teu nome arde, puro, como o mais doce defeito. Foste a sombra luminosa do meu breve existir, Eco de um suspiro que não me deixou dormir, Ternura que cresceu em mim como flor proibida E fez do meu silêncio a música da vida. Teu vulto ainda passa, leve, no ar que respiro, Como se o mundo coubesse num único suspiro. E eu sigo amando em segredo, loucura tão minha, Chama que se acende onde ninguém mais caminha. Ah, se soubesses o quanto chorei teu olhar, Beijos que sonhei e nunca pude te entregar… Mas calo-me inteira, dócil prisioneira da dor, Porque amar em silêncio também é uma forma de amor. E assim guardo em mim, com o coração a arder, O sonho nunca dito, o que não voltará a ser: Um amor que nasceu apenas para Deus saber, Mas que vive — eterno — só por te pertencer. Marilândia