O Jovem Oráculo de Si Mesmo
O Jovem Oráculo de Si Mesmo Ergue-se o jovem no meio da sala, fala alto como quem lê decretos, e acredita que suas frases curtas valem mais que mil livros abertos. Bate no peito: “eu sei de tudo!”, como se o mundo coubesse em seu bolso, e cada opinião fosse sentença, gravada em pedra, selada em ouro. Não ouve conselhos, não lê sinais, despreza as dúvidas como fraquezas, e chama de sábio o próprio espelho, que lhe devolve o rosto inflado. Ignora que o tempo é mestre paciente, que até reis tropeçaram nas certezas, e que a vida adora ensinar lições aos que desdenham da prudência. Segue, então, coroado de orgulho, dono de uma verdade de papel, até que um tropeço qualquer da estrada lhe mostre o quanto sabia pouco. E quando o riso lhe faltar no rosto, perceberá, enfim, no próprio abismo, que os sábios de ontem, que zombava, ainda riem de sua arrogância. Marilândia

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