O Dono do Espelho
O Dono do Espelho O jovem ergue a voz como um trovão, crente que carrega o mapa do mundo, fala sem ouvir, olha sem ver, e acredita ser farol entre sombras. Na sua língua mora a pressa, nas suas mãos arde a impaciência, e no peito o fogo da certeza que ainda não conheceu o inverno. Aponta caminhos como se fossem leis, julga os outros com olhos de aço, ignora o silêncio dos sábios, e ri das rugas que guardam histórias. Mas não sabe que a verdade é rio, que se curva, se esconde e se expande, nem que a sabedoria nasce no tempo, como flor que desabrocha devagar. O jovem pensa: “sou dono do espelho, ninguém vê o que vejo, só eu sei”. E o mundo, paciente, o observa, deixando-o tropeçar na própria vaidade. Um dia, quando a vida o dobrar, quando o orgulho se quebrar em pó, entenderá que a verdade é muitas, e que dono dela não existe só. Marilândia

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