terça-feira, 3 de junho de 2025

COSTURANDO 3 DE JUNHO

“Nessa viagem em que nunca se sai do cais...” Jô Tauil ____________________________ As ondas quebram contra o peito fechado, e eu te procuro entre navios fantasmas que partem sem levar nossa bagagem. O mar é uma ferida aberta no horizonte, sangrando quimeras e ilusões sobre as pedras, enquanto os gaivotas gritam teu nome em línguas que só o vento compreende. Tuas mãos são portos onde eu ancoro, teus olhos, faróis na escuridão do tempo, mas agora navego em círculos vazios, marinheiro de um só cais, de uma só sombra. As amarras que nos prendem se rompem como versos escritos na areia molhada, e cada maré leva um pedaço nosso para o fosso onde dormem os naufrágios. Nessa viagem em que nunca se sai do cais, aprendi que o amor é uma embarcação que parte e retorna ao mesmo lugar, carregada de memórias e silêncio amargo. Os guindastes suspendem minha solidão como containers cheios de ausência, e o apito dos navios ecoa no peito a mesma canção que cantavas ao partir. Fico aqui, entre cordas e mastros quebrados, esperando que tua voz corte a neblina, nessa viagem em que nunca se sai do cais, onde o amor é porto e também deriva. Marilândia

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