quinta-feira, 18 de setembro de 2025

A ESCULTURA PARA ACADEMIA OUTUBRO

A ESCULTURA Modelei-te gesto a gesto com as minhas mãos. Da argila muda Ergui-te para este espaço, Onde se entrelaçam júbilo e ruína. Sei que a minha ousadia Te concedeu um corpo imperfeito— Guardas algum silêncio ferido Contra o teu escultor? Enquanto permaneces imóvel, Os ecos do mundo trovejam incessantes, No compasso da vida e da dissolução. Tu esperavas no abismo Por um sopro que ouvisse o teu clamor oculto E te guardasse Entre luz e penumbra, Pó e eternidade. Passava distraído Quando o teu chamado rasgou a névoa do nada E repousou na minha fronte… Um presságio indizível. Do limo do informe Ergui-te ao reino da forma; E esta dor cintila Na alma da matéria? Se a beleza se fende, Deve a obra negar-se a si mesma, Por não abraçar o mistério que a antecede? Que assim seja… Pois nenhum erro moldado na carne Resiste ao tempo, E cede sob seu próprio peso, Devolvendo-te outra vez, À vastidão sem contorno, Onde o inexprimível dorme. Responder, Responder a todos ou Encaminhar

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