COSTURANDO DIA 12 DE AGOSTO
“E ainda tentamos, inutilmente, salvar os fragmentos” Jô Tauil _____________________________ Das palavras que se despedaçaram no vento, como pétalas de uma rosa que nunca floresceu nos jardins secretos da memória. Recolhemos, com dedos trêmulos, os cacos de vidro de nossas promessas, cada estilhaço refletindo um momento que já não volta, que já não respira. O tempo, esse ladrão silencioso, rouba-nos os gestos mais ternos, deixando apenas a sombra do que um dia fomos. E tu, amor meu, distante como uma estrela, permaneces gravado em minhas entranhas, nos sulcos profundos das minhas mãos que ainda procuram o calor da tua pele. Os fragmentos dançam no ar como borboletas de papel queimado, carregando em suas asas translúcidas os segredos que jamais dissemos. Inútil é o esforço de reconstruir o vaso quebrado do nosso amor, pois cada pedaço cortante guarda em si uma lágrima, um sorriso. Assim permanecemos, tu e eu, colecionadores de ruínas, arqueólogos de um tempo perdido que insiste em nos habitar. Marilândia

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