OUTRAS VERSÕES SOBRE O DIA DO FOLCLORE
Eu vi a Iara na luz da Lua, cabelos correndo como rios noturnos, olhos que guardavam segredos de estrelas, boca que sorria marés inteiras. Sua pele, prata líquida, era a própria madrugada em repouso, e cada gesto lançava centelhas que acendiam o ventre das águas. A correnteza se curvava a ela, o vento parava para ouvir, e até a Lua, rainha das noites, pareceu descer para beijar-lhe a fronte. Seu canto não era apenas música — era um feitiço que tocava a memória, despertando barcos afogados, fazendo florescer conchas na alma. Eu quis chamá-la, mas não havia voz, meu peito era um tambor em silêncio, e só meus olhos navegavam pela maré de sua presença. A Via Láctea, lá no alto, traçava um rio de luz sobre o céu, e eu não sabia mais se estava na terra ou se também flutuava entre constelações. Quando ela mergulhou, a água guardou seu último brilho, e no espelho do rio, ficou para sempre a minha saudade. Outras versões 2 mari / Entrada Marilândia Marques Rolo Do Canto que Mora nas Águas Eis que, em noite de luar inteiro, vi a Donzela-das-Águas erguer-se do leito do rio, com os cabelos a pender como rios de sombra, e os olhos feitos de luz chorada das estrelas. Vestia a Noite por manto, e trazia na fronte o diadema de prata da Lua; o ar tremia de frios encantamentos, e o próprio vento não ousava passar. Cantou, e o canto foi mágoa e sortilégio, foi riso de marés e pranto de marinheiros, foi a voz primeira que acordou o mundo e o sussurro último que adormece as marés. De seu gesto caíam lumes, que no rio se faziam astros em quebranto; e eu, pobre mortal, ficava presa no tecer de suas águas encantadas. Mas ai! — quando a Lua buscou o ocaso, a Donzela se fez espuma e penumbra, descendo ao profundo, onde jazem os sonhos e os ossos de quem ousou segui-la. E ficou sobre o rio um espelho trêmulo, guardando a sombra de minha lembrança, para que nunca, nunca, eu seja senhora de meu próprio coração. A Iara na Luz da Lua Eu vi a Iara na luz da Lua, pálida e fulgente como um astro enfermo, com véus de neblina e luto flutuando no altar das águas. Seus cabelos — rios noturnos — desciam como abismos de seda negra, e nos olhos — dois astros afogados — brilhava a febre das constelações mortas. O seu canto, feito de sombra e ouro, era lâmina líquida cortando o silêncio, e cada nota, um clarão doloroso, acendia fantasmas no fundo do rio. A noite, ajoelhada, suspendeu-se no fio de sua voz, e a Lua, branca sacerdotisa, ungiu-lhe o rosto com luz de agonia. Eu quis tocá-la, mas minhas mãos eram âncoras presas ao próprio espanto; quis falar, mas minha boca era concha cheia de sal e silêncio. Então, ela mergulhou no turbilhão das trevas prateadas, e só ficou no espelho do rio o reflexo desfeito da minha alma. Marilândia Do Canto que Mora nas Águas Eis que, em noite de luar inteiro, vi a Donzela-das-Águas erguer-se do leito do rio, com os cabelos a pender como rios de sombra, e os olhos feitos de luz chorada das estrelas. Vestia a Noite por manto, e trazia na fronte o diadema de prata da Lua; o ar tremia de frios encantamentos, e o próprio vento não ousava passar. Cantou, e o canto foi mágoa e sortilégio, foi riso de marés e pranto de marinheiros, foi a voz primeira que acordou o mundo e o sussurro último que adormece as marés. De seu gesto caíam lumes, que no rio se faziam astros em quebranto; e eu, pobre mortal, ficava preso no tecer de suas águas encantadas. Mas ai! — quando a Lua buscou o ocaso, a Donzela se fez espuma e penumbra, descendo ao profundo, onde jazem os sonhos e os ossos de quem ousou segui-la. E ficou sobre o rio um espelho trêmulo, guardando a sombra de minha lembrança, para que nunca, nunca, eu seja senhor de meu próprio coração. A Iara na Luz da Lua Eu vi a Iara na luz da Lua, pálida e fulgente como um astro enfermo, com véus de neblina e luto flutuando no altar das águas. Seus cabelos — rios noturnos — desciam como abismos de seda negra, e nos olhos — dois astros afogados — brilhava a febre das constelações mortas. O seu canto, feito de sombra e ouro, era lâmina líquida cortando o silêncio, e cada nota, um clarão doloroso, acendia fantasmas no fundo do rio. A noite, ajoelhada, suspendeu-se no fio de sua voz, e a Lua, branca sacerdotisa, ungiu-lhe o rosto com luz de agonia. Eu quis tocá-la, mas minhas mãos eram âncoras presas ao próprio espanto; quis falar, mas minha boca era concha cheia de sal e silêncio. Então, ela mergulhou no turbilhão das trevas prateadas, e só ficou no espelho do rio o reflexo desfeito da minha alma.

0 Comentários:
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial