COSTURANDO DIA 24
“Janelas e alicerces em servil florada...” Jô Tauil __________________________ Onde o tempo se espreita em cada canto, E a alma ferida busca o seu encanto Na dor que a consome, desalentada. Pétalas caem sobre a madrugada, Como lágrimas de um celestial pranto, Enquanto a vida se desfaz em tanto Sonho perdido, esperança calada. Nos alicerces da paixão primeira Cresce a hera do desejo ardente, Que sobe, sobe, numa dança inteira. Mas as janelas mostram claramente Que o amor é sempre uma quimera, E a dor, companheira permanente. Ó janelas que guardam meu segredo, Testemunhas mudas do meu penar! Vós vistes tantas vezes meu chorar Na solidão deste quarto tão quedo. E vós, alicerces, sem nenhum medo, Sustentais a casa do meu amar, Onde as flores vêm desabrochar Em servil dança, num doce degredo. Mas que importa a beleza das flores Se o coração sangra em cada espinho? Que valem os mais ardentes amores Se ao fim resta apenas o vazio, sozinho? Janelas, alicerces, minhas dores… Sois meu refúgio neste triste caminho. Marilândia

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