Um Instante de Solidão (PROSA)
Um Instante de Solidão Ontem, pela manhã, decidi ficar em silêncio. Não abri as janelas, não liguei aparelho algum. O mundo continuava lá fora, mas eu havia me retirado para dentro. As horas passavam como águas de um rio que não tem pressa. A princípio, um desconforto — esse encontro com o vazio. Logo depois, uma paz que não tem nome. Em determinado momento, sentada à mesa da cozinha, com uma xícara de chá que esfriava sem que eu bebesse, percebi um clarão dentro de mim. Era como se, de repente, pudesse ver todas as camadas da minha existência ao mesmo tempo. Não havia mais diferença entre o que sou e o que penso ser. Apenas um imenso espaço onde eu finalmente podia respirar. A solidão, quando abraçada, revela-se não como ausência, mas como presença — a presença de si mesmo, completa, irredutível. Talvez o maior luxo desta vida seja poder encontrar-se. Marilândia

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