sexta-feira, 5 de setembro de 2025

EVENTO DIA 7 DE SETEMBRO POESIA MARIA ESCOLHER E ANALISAR

Meus Versos Errantes Meus versos, sombras que se libertam, Erram sozinhos pelos abismos da Noite, São fragmentos de almas soturnas, Chamas dispersas em desertos de angústia. Não pedem jugo, não querem grilhões, Nascem febris, trêmulos, convulsos, Como espectros que dançam em ruínas, Ou aves cegas em busca de estrelas. Eles não servem a reis nem tiranos, Nem às coroas de ouro mentido, Preferem o frio das madrugadas E o silêncio ardente dos cemitérios. Cada um traz o peso de uma cruz, E a leveza trágica de um sonho, São lágrimas cristalizadas em fogo, São harpas partidas no vento cruel. Independentes, ardem como relâmpagos, Rompem muralhas, rasgam véus ocultos, Clamam no abismo sua liberdade, Gritam na treva o seu canto febril. Ó versos meus, vultos desatados, Que vagam livres, sem dono nem pátria, Na eternidade das sombras flamejam, Na eternidade das dores se erguem. Quere que eu dê um tom ainda mais soturno e simbolista, com imagens mais carregadas de misticismo e musicalidade, para ficar ainda mais próximo da estética de Cruz e Souza? Meus Versos Insurretos Meus versos, trágicos, insurretos, Rompem da treva em ânsias soturnas, São corvos de ébano, vozes ocultas, Sinos soturnos no abismo do Nada. No ar noturno, fulgem convulsos, Como archotes de sombra e relâmpago, São labaredas, são cruzes partidas, Chagas ardentes de um mundo febril. Eles não servem a dogmas nem tronos, São vultos livres, espectros errantes, Quebram as âncoras, rasgam correntes, E se dissolvem em lavas eternas. Cada estrofe é relâmpago negro, Cada palavra, punhal que sangra, Cada imagem, um grito de fogo, Cada cadência, um fúnebre sino. Oh! versos meus, lívidos, convulsos, Queimam na lira de céus desolados, São tempestades, são ventos malditos, Almas sem dono, clamores sem fim. Na eternidade da Noite flamejam, Na eternidade da Dor se coroam, E livres, sempre, sem jugo e destino, São meus fantasmas, meus versos imortais. Meus Versos Obscuros Meus versos vagueiam, vultos, visões, Vibram nas veias do Vazio infinito, São vozes veladas, violinos febris, Veludos de sombra, vulcões de silêncio. Nascem noturnos, negros, nublados, Na névoa das noites, nas núpcias do Nada, São lâminas lívidas, lumes sombrios, Labaredas lúgubres, liras em cinzas. Não curvam fronte a coroas terrenas, Nem se ajoelham a dogmas de ferro, São chagas abertas, são círios extintos, São cruzes erguidas em ermos de vento. Cada palavra palpita em penumbra, Cada cadência é cântico e pranto, Cada imagem é abismo e chama, Cada rima, relâmpago e morte. Ó versos meus, órfãos, ó órbitas rasas, Ardem em ânsias, em ânforas frias, Erram eternos, erram sem dono, Erram nos ecos do Éter perdido. E livres, sempre, sem pátria, sem jugo, Na carne da treva se coroam em fogo, No peito da dor se eternizam, fulguram, Ó meus versos obscuros, fantasmas imortais Marilândia Liturgia dos Meus Versos Versos meus, versos febris, Versos de fogo, de sombra, de fel. Versos que ardem, versos que sangram, Versos que choram, versos que clamam. Noite nos versos, Treva nos versos, Chaga nos versos, Fogo nos versos. Versos sem dono, Versos sem pátria, Versos errantes, Versos sem fim. Ouçam — são sinos, Ouçam — são gritos, Ouçam — são chamas, Ouçam — são céus. Versos meus, versos febris, Versos eternos, fantasmas imortais.

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial