VÁRIOS POEMAS SOBRE O PAI
Pai vários 2 mari / Entrada Marilândia Marques Rolo O Vento que Leva o Meu Medo Tua voz soprava e o medo se desfazia como neblina ao sol. Havia um timbre em ti que transformava tempestades em brisa. Era como se as palavras viessem com um feitiço antigo, capaz de abrir clareiras no meio da noite. Eu me escondia no som do teu riso, como quem encontra abrigo sob um telhado quente. Quando o perigo parecia grande demais, tu encurtavas o tamanho dele com uma frase. E assim, aprendi a não me curvar ao pavor. Hoje, quando o vento sopra forte demais, lembro-me de ti — e ele muda de direção. 7. Navegador dos Sonhos Adormecidos Tuas histórias eram barcos que me levavam além do horizonte. Enquanto a casa dormia, tu acendias faróis com a tua voz. Eu via portos e tempestades pintados nas tuas palavras. Havia sereias, ilhas perdidas, mares que cabiam numa cadeira de balanço. Tu sabias conduzir o leme mesmo em silêncio, e cada pausa era como um cais onde eu podia descansar. Hoje, quando viajo sozinha, ainda sigo rotas traçadas naquela infância. E percebo que todos os mapas apontam para ti. 8. Guardião do Fogo Antigo Mantinhas acesa a chama que aquecia as noites de inverno da minha infância. Não era só o calor da lareira, mas o calor de um mundo protegido. Tu sabias contar histórias como quem sopra brasas para que não se apaguem. Eras guardião de memórias que hoje me aquecem nas noites frias da vida. O fogo ardia também nos teus olhos, um fogo de quem defende o que ama. Nunca deixaste a chama morrer, mesmo quando o vento era forte. E no centro da minha lembrança, ainda vejo teu fogo arder. 9. Rosto Escrito à Luz de Lâmpada Te vi escrever o futuro na penumbra, com o rosto cansado mas luminoso. As sombras da sala dançavam no papel, e tuas mãos traçavam destinos sem saber. Eu observava, tentando decifrar o mistério do teu silêncio. Parecia haver um pacto entre ti e a noite, um acordo onde o trabalho era também oração. Aprendi que não é só no dia que as coisas grandes nascem. E que, às vezes, a luz ma sáb., 9 de ago. às 18:49 Marilândia Marques Rolo De: marilandiam@yahoo.com.br Para: MARILÂNDIA MARQUES ROLLO sáb., 9 de ago. às 18:49 O Vento que Leva o Meu Medo Tua voz soprava e o medo se desfazia como neblina ao sol. Havia um timbre em ti que transformava tempestades em brisa. Era como se as palavras viessem com um feitiço antigo, capaz de abrir clareiras no meio da noite. Eu me escondia no som do teu riso, como quem encontra abrigo sob um telhado quente. Quando o perigo parecia grande demais, tu encurtavas o tamanho dele com uma frase. E assim, aprendi a não me curvar ao pavor. Hoje, quando o vento sopra forte demais, lembro-me de ti — e ele muda de direção. 7. Navegador dos Sonhos Adormecidos Tuas histórias eram barcos que me levavam além do horizonte. Enquanto a casa dormia, tu acendias faróis com a tua voz. Eu via portos e tempestades pintados nas tuas palavras. Havia sereias, ilhas perdidas, mares que cabiam numa cadeira de balanço. Tu sabias conduzir o leme mesmo em silêncio, e cada pausa era como um cais onde eu podia descansar. Hoje, quando viajo sozinha, ainda sigo rotas traçadas naquela infância. E percebo que todos os mapas apontam para ti. 8. Guardião do Fogo Antigo Mantinhas acesa a chama que aquecia as noites de inverno da minha infância. Não era só o calor da lareira, mas o calor de um mundo protegido. Tu sabias contar histórias como quem sopra brasas para que não se apaguem. Eras guardião de memórias que hoje me aquecem nas noites frias da vida. O fogo ardia também nos teus olhos, um fogo de quem defende o que ama. Nunca deixaste a chama morrer, mesmo quando o vento era forte. E no centro da minha lembrança, ainda vejo teu fogo arder. 9. Rosto Escrito à Luz de Lâmpada Te vi escrever o futuro na penumbra, com o rosto cansado mas luminoso. As sombras da sala dançavam no papel, e tuas mãos traçavam destinos sem saber. Eu observava, tentando decifrar o mistério do teu silêncio. Parecia haver um pacto entre ti e a noite, um acordo onde o trabalho era também oração. Aprendi que não é só no dia que as coisas grandes nascem. E que, às vezes, a luz mais forte é a que brilha na escuridão. 10. Poema em Forma de Ombro Sobre teu ombro aprendi a chorar sem medo de ser frágil. Era um lugar onde a tristeza não precisava pedir licença. O mundo podia ruir, mas ali havia firmeza e ternura. Teu ombro era cais, era terra firme depois da tormenta. Aprendi que força não é nunca cair, mas ter onde se apoiar. E mesmo hoje, quando já caminho sozinha, sinto teu ombro em cada lembrança. Ele continua a ser verso no poema da minha vida. 11. O Gigante que Conversa com o Mar Tuas palavras eram marés, ora brandas, ora poderosas. Havia dias em que vinhas como onda mansa, acariciando a areia do meu medo. E outros em que rugias como tempestade, para afastar perigos invisíveis. Tu conhecias o mar, sabias quando avançar e quando recuar. Foste gigante que falava a língua das águas, e eu aprendi que até o oceano respeita certos homens. Hoje, quando escuto o mar, procuro nele a tua voz. 12. Raiz que Sustenta o Firmamento Eras raiz que não se via, mas que impedia o mundo de cair. Enquanto todos olhavam as folhas, tu alimentavas a árvore em silêncio. Teu trabalho era invisível, mas sustentava a vida inteira. Nunca pediste aplausos, e por isso mesmo merecias todos. Foste raiz em terra firme, resistindo à seca e à tempestade. E no chão da minha história, tu permaneces vivo. 13. A Ponte Entre a Infância e o Infinito Teu abraço era passagem para todos os futuros. Ali, eu era criança e também mulher, segura no mesmo calor. Tu não precisavas de palavras para me fazer atravessar o medo. Eras ponte firme, com madeira feita de paciência e afeto. De um lado, a infância; do outro, o infinito. E eu só precisei te seguir para chegar onde estou. 14. Muralha de Brisa e Sol Protegias-me com a firmeza da rocha e a ternura do vento. Eras muralha que não sufoca, fortaleza com janelas abertas. De ti vinha o calor que fortalecia, mas também a brisa que acalmava. Sabias a medida da força, sabias a hora de soltar e a de segurar. Assim, cresci livre, mas sempre dentro do teu horizonte seguro. E a muralha continua lá, mesmo que agora seja feita só de lembrança. 15. O Tempo Onde Moro Em ti aprendi que o tempo é feito de gestos que não envelhecem. Os anos passaram, mas teu modo de olhar ainda é o mesmo. Cada riso teu carrega o frescor da primeira vez que ouvi. O tempo te moldou, mas nunca apagou tua essência. E eu descobri que morar no tempo é morar nos instantes que valem para sempre. Assim, vivo também nos dias passados, nas tardes que nunca saíram de mim. E, no futuro, quando me perguntarem onde moro, responderei: moro no tempo que herdei de ti.

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