domingo, 27 de julho de 2025

ODE À CAPOEIRA EVENTO DA CAPOEIRA ESCOLHIDA INICIO DE AGOSTO AVAL LUZ CRYSTAL 3 DE AGOSTO

Evento AVALB – Dia do Capoeirista 
Tema: "Capoeiragem é história e cultura" 
Autora:Marilândia Marques Rollo
Título: RODA DO TEMPO: CANTO À LIBERDADE
País:Brasil 
Data: 03/08/2025 

 Gentilmente convidada pela amiga poetisa Poesia Maria 

RODA DO TEMPO: CANTO À LIBERDADE

Ó capoeira, dança guerreira nascida do ventre da terra brasileira, 
tu és o grito silencioso dos que foram acorrentados, 
a liberdade que dança em círculo sagrado. 


Berimbau, arco de guerra transformado em canto, 
tua corda única vibra histórias de navios negreiros e quilombos, 
de Angola e Benguela, de corpos que se fizeram água para escapar das algemas.


Na roda, ó círculo ancestral, 
os corpos conversam numa língua 
que não precisa de palavras: 
ginga que é filosofia, esquiva que é resistência, golpe que é poesia.


Corpos que falam sem palavras, 
Histórias que se reencontram, 
Em movimentos que são lavras. 


Cada esquiva conta um passado, 
Cada golpe é resistência, 
O presente com o ontem entrelaçado, 
Numa eterna persistência. 


Capoeira, mãe brasileira, 
És cultura, és identidade, 
Dança guerreira, arte verdadeira, 
Símbolo eterno de liberdade.


Capoeira Angola, mãe antiga e sábia, 
guardiã dos segredos africanos, 
no chão tu ensinas que a malícia é inteligência, 
que a mandinga é sabedoria, 
que cada movimento carrega as lágrimas 
e os risos de um povo inteiro. 


Regional, filha moderna e veloz, 
Tu corres pelas cidades 
levando nas pernas ágeis o futuro e o passado, 
misturando tradição e renovação 
como quem tempera o acarajé com dendê e modernidade. 


Ó capoeira, tu és Brasil em movimento: 
mulata, negra, branca, índia, 
todas as cores se encontram na democracia da roda, 
onde o mestre é quem sabe e o aprendiz é quem ousa. 


Atabaque ressoa como coração da mata, 
pandeiro celebra como riso das crianças, 
e o canto dos capoeiristas ecoa em ladainhas que são rezas laicas, 
orações de corpo e alma. 


De Salvador a Paris, 
de Recife a Nova York, 
tu viajas, capoeira, 
espalhando sementes de brasilidade verdadeira, 
ensinando ao mundo que luta pode ser arte, 
que arte pode ser vida, que vida pode ser dança. 


Ó roda sagrada, onde Zumbi dança eterno, 
onde Besouro voa ainda, 
onde cada capoeirista carrega na ginga 
a história não contada nos livros dos conquistadores. 


Tu és, capoeira, a África que não se perdeu, 
o Brasil que se encontrou, 
a humanidade que dança sua própria libertação ao som do berimbau 
que chora e ri no mesmo compasso do coração brasileiro. 

Salve, capoeira! Salve, roda! Salve, berimbau!
Salve, ancestralidade que vive em cada corpo que ginga, 
em cada alma que canta, 
em cada coração que bate
 no ritmo eterno da resistência que dança.


 Marilândia

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