ODE À CAPOEIRA EVENTO DA CAPOEIRA ESCOLHIDA INICIO DE AGOSTO AVAL LUZ CRYSTAL 3 DE AGOSTO
Evento AVALB – Dia do Capoeirista
Tema: "Capoeiragem é história e cultura"
Autora:Marilândia Marques Rollo
Título: RODA DO TEMPO: CANTO À LIBERDADE
País:Brasil
Data: 03/08/2025
Gentilmente convidada pela amiga poetisa Poesia Maria
RODA DO TEMPO: CANTO À LIBERDADE
Ó capoeira,
dança guerreira nascida do ventre da terra brasileira,
tu és o grito silencioso dos que foram acorrentados,
a liberdade que dança em círculo sagrado.
Berimbau,
arco de guerra transformado em canto,
tua corda única vibra histórias
de navios negreiros e quilombos,
de Angola e Benguela,
de corpos que se fizeram água
para escapar das algemas.
Na roda,
ó círculo ancestral,
os corpos conversam
numa língua
que não precisa de palavras:
ginga que é filosofia,
esquiva que é resistência,
golpe que é poesia.
Corpos que falam sem palavras,
Histórias que se reencontram,
Em movimentos que são lavras.
Cada esquiva conta um passado,
Cada golpe é resistência,
O presente com o ontem entrelaçado,
Numa eterna persistência.
Capoeira, mãe brasileira,
És cultura, és identidade,
Dança guerreira, arte verdadeira,
Símbolo eterno de liberdade.
Capoeira Angola,
mãe antiga e sábia,
guardiã dos segredos africanos,
no chão tu ensinas
que a malícia é inteligência,
que a mandinga é sabedoria,
que cada movimento carrega
as lágrimas
e os risos
de um povo inteiro.
Regional,
filha moderna e veloz,
Tu corres pelas cidades
levando nas pernas ágeis
o futuro e o passado,
misturando tradição e renovação
como quem tempera o acarajé
com dendê e modernidade.
Ó capoeira,
tu és Brasil em movimento:
mulata, negra, branca, índia,
todas as cores se encontram
na democracia da roda,
onde o mestre é quem sabe
e o aprendiz é quem ousa.
Atabaque ressoa
como coração da mata,
pandeiro celebra
como riso das crianças,
e o canto dos capoeiristas
ecoa em ladainhas
que são rezas laicas,
orações de corpo e alma.
De Salvador a Paris,
de Recife a Nova York,
tu viajas, capoeira,
espalhando sementes
de brasilidade verdadeira,
ensinando ao mundo
que luta pode ser arte,
que arte pode ser vida,
que vida pode ser dança.
Ó roda sagrada,
onde Zumbi dança eterno,
onde Besouro voa ainda,
onde cada capoeirista
carrega na ginga
a história não contada
nos livros dos conquistadores.
Tu és, capoeira,
a África que não se perdeu,
o Brasil que se encontrou,
a humanidade que dança
sua própria libertação
ao som do berimbau
que chora e ri
no mesmo compasso
do coração brasileiro.
Salve, capoeira!
Salve, roda! Salve, berimbau!
Salve, ancestralidade que vive
em cada corpo que ginga,
em cada alma que canta,
em cada coração que bate
no ritmo eterno
da resistência que dança.
Marilândia

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