Tarde Vazia
Tarde Vazia Na luz morta da tarde vazia Flutua sem destino a alma fria, Quase sem ter de que se queixar Vê as sombras se alongar, Como um barco à deriva, Sente-se apenas viva Das horas que vão passando Seu ser vago carregando. Mais do que isto? Porventura? Tudo quanto a vista procura O pensamento alcança, o tato sente, A razão vagamente mente, É inútil que se sentisse, Que se tocasse ou se pensasse. Entre os muros da cidade Cresce, na tarde de saudade, Só o silêncio esquecido, Ao passar vago e perdido Da vida deixada em vão A alma vai, sem direção. Ninguém. Só eu e o mistério Do tempo e do cemitério Que das ruas causa frio. Nada. Só a tarde inerte Só a esperança incerta De sentir sem compreender E sem motivo morrer. Lenta memória, vazia. Tempo indo como a agonia, Tarde como um poço fundo, E a tristeza de tudo. Deito-me, e a tarde cala. Fala-me o que a luz escala Dos telhados à minha dor, Como um eco sem sabor. Ninguém; a tarde e o vazio. Nada; nem mesmo o hastio. Venha a noite, ou parta o sol Suba no celeste anzol A lua ou não suba mais, Só sempre os tédios iguais E as horas, tragam o sono, Como o tempo em abandono, De vespertina substância, Com lenta, vaga constância. O mal é ter esperança. Marilândia Responder, Responder a t

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