Ode à Nobre Lótus poesia do dia 5
Ode à Nobre Lótus Que flor é esta que de águas turvas brota, Cujas pétalas, qual rubor de donzela, desabrocham? A joia aquática que o sábio oriental denota, Mais preciosa que os tesouros que os avaros tocam. De fundos lôbregos seu caule ergue-se altivo, Imaculado pelo lodo donde provém; Como virtude em corte de vícios esquivo, Ou amor constante onde o ódio vai e vem. Ó sagrada Lótus! Da natureza a mais nobre arte! Sua coroa nívea com coração dourado à parte, Como o semblante lunar quando a Noite desvela seu véu, Ou bela donzela cuja formosura ascende ao céu. Devo compará-la a uma alma divina? Que em meio às provações emerge pura e real; Ou assemelhá-la ao amor que não se fina, Mesmo que águas negras a ocultem do meu olhar mortal. Que mão ou olho humano moldou sua graça? Que deuses antigos abençoaram sua forma sagrada? É o orgulho do abraço que a Natureza entre_laça, Botão delicado que na tormenta não se faz nada. Quando a fúria do inverno toma o jardim formoso, E o orgulho do verão jaz murcho sobre o chão, Sua semente na escuridão aguarda sem repouso, Pois em sua morte, re_nascimento encontrar-se-ão. Assim sua beleza ao mundo ensinará a ver Que do mais vil barro podem anjos ascender; E em sua forma perfeita todos hão de concordar Que o reflexo do céu flutua ante nosso olhar. Não permita que as margens lodosas seu valor neguem, Nem águas turvas obscureçam sua nobre face; Pois prova que as almas podem tocar o céu além, Ainda que os pés repousem em humilde base. Quando a mão cruel do Tempo meu corpo envelhecer, E o escuro véu da Morte sobre meu palco descer, Possa eu, como você, deixar sementes de valor por contar, Para em alguma era distante novamente brotar. Marilãndia

0 Comentários:
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial