quinta-feira, 1 de maio de 2025

A Silenciosa Lótus DIA 4 (dia 6)

A Silenciosa Lótus Quando a manhã desperta com dedos de orvalho, A lótus, em seu templo de água, abre-se em oração. Seu silêncio é mais eloqüente que todas as minhas palavras —(loquaz) Quanta sabedoria existe em sua mudez! No espelho das águas paradas vejo refletido O mistério que procurei em mil templos. Tu, lótus imaculada, és a verdadeira sacerdotisa, Teu altar é a superfície calma do lago. Amei-te antes mesmo de conhecer teu nome, Como a criança ama as estrelas sem saber seu mistério. Tuas pétalas guardam a memória de antigas preces, E teu perfume é o mesmo que embriagou os deuses. Ó flor sagrada, como posso cantar-te Quando tua própria existência já é música? Como posso pintar-te quando és a própria cor Que meus olhos mortais apenas vislumbram? A lama que te abraça as raízes É a mesma que mancharia minhas mãos. Mas tu, lótus divina, transformas escuridão em luz, E do lodo extrais a essência da beleza. Se minha alma pudesse escolher uma forma Para encontrar-se com o Infinito, Seria a tua, lótus, serena e aberta, Entregue ao céu mas nunca esquecida da terra. Quando as sombras da tarde se alongam sobre o lago, E fechas tuas pétalas como pálpebras cansadas, Ensinas-me que mesmo a beleza precisa de repouso, E que toda despedida contém a promessa do retorno. Em teu ciclo e_terno de nascimento e recolhimento, Vejo o ritmo sagrado que governa os mundos. Somos todos lótus no oceano da existência — Nascemos da escuridão, florescemos na luz, E retornamos ao mistério sem jamais morrer completamente. Ó lótus, quando eu partir deste mundo, Que minha alma se abra como tuas pétalas ao alvorecer, Imaculada apesar das águas turvas, Silenciosa em sua mais profunda eloquência. Marilândia

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