quinta-feira, 1 de maio de 2025

A MAIOR TORTURA (Florbela Espanca) com réplica

A MAIOR TORTURA (Florbela Espanca) Na vida, para mim, não há deleite. Ando a chorar convulsa noite e dia ... E não tenho uma sombra fugidia Onde poise a cabeça, onde me deite! E nem flor de lilás tenho que enfeite A minha atroz, imensa nostalgia! ... A minha pobre Mãe tão branca e fria Deu-me a beber a Mágoa no seu leite! Poeta, eu sou um cardo desprezado, A urze que se pisa sob os pés. Sou, como tu, um riso desgraçado! Mas a minha tortura inda é maior: Não ser poeta assim como tu és Para gritar num verso a minha Dor! ... Florbela Espanca Silêncio Amargo (réplica de Marilândia) Na vida, para mim, não há candura. Vago a gemer errante pela estrada... E não possuo uma estrela prateada Que me guie na noite de amargura! E nem gota de orvalho, fresca e pura Tenho para esta alma ressequida!... Minha doce esperança adormecida Deu-me a sorver a Dor em sua ternura! Poeta, sou qual rosa desfolhada, A pedra que se lança ao fundo mar. Sou, como tu, suspiro sem morada! Mas o meu padecer é mais profundo: Não ter a tua voz para cantar As mágoas que carrego neste mundo!... Marilândia em réplica

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