"A POESIA EXPRESSA IDEIAS E EMOÇÕES, MAS NUNCA DE MANEIRA CLARA, PARA , ATRAVÉS DO MISTÉRIO E DO ENIGMA, ATIVAR A IMAGINAÇÃO DO LEITOR."
quinta-feira, 1 de maio de 2025
Ode à Nobre Lótus poesia do dia 5
Ode à Nobre Lótus
Que flor é esta que de águas turvas brota,
Cujas pétalas, qual rubor de donzela, desabrocham?
A joia aquática que o sábio oriental denota,
Mais preciosa que os tesouros que os avaros tocam.
De fundos lôbregos seu caule ergue-se altivo,
Imaculado pelo lodo donde provém;
Como virtude em corte de vícios esquivo,
Ou amor constante onde o ódio vai e vem.
Ó sagrada Lótus! Da natureza a mais nobre arte!
Sua coroa nívea com coração dourado à parte,
Como o semblante lunar quando a Noite desvela seu véu,
Ou bela donzela cuja formosura ascende ao céu.
Devo compará-la a uma alma divina?
Que em meio às provações emerge pura e real;
Ou assemelhá-la ao amor que não se fina,
Mesmo que águas negras a ocultem do meu olhar mortal.
Que mão ou olho humano moldou sua graça?
Que deuses antigos abençoaram sua forma sagrada?
É o orgulho do abraço que a Natureza entre_laça,
Botão delicado que na tormenta não se faz nada.
Quando a fúria do inverno toma o jardim formoso,
E o orgulho do verão jaz murcho sobre o chão,
Sua semente na escuridão aguarda sem repouso,
Pois em sua morte, re_nascimento encontrar-se-ão.
Assim sua beleza ao mundo ensinará a ver
Que do mais vil barro podem anjos ascender;
E em sua forma perfeita todos hão de concordar
Que o reflexo do céu flutua ante nosso olhar.
Não permita que as margens lodosas seu valor neguem,
Nem águas turvas obscureçam sua nobre face;
Pois prova que as almas podem tocar o céu além,
Ainda que os pés repousem em humilde base.
Quando a mão cruel do Tempo meu corpo envelhecer,
E o escuro véu da Morte sobre meu palco descer,
Possa eu, como você, deixar sementes de valor por contar,
Para em alguma era distante novamente brotar.
Marilãndia
Nenhum comentário:
Postar um comentário