Entre Hosanas e o Silêncio
Entre Hosanas e o Silêncio No templo dourado das horas suspensas, Onde o incenso se eleva em espirais sutis, Hosanas ressoam por abóbadas imensas, E logo se desfazem, fugazes, gentis. A glória do Eterno, vestida de luz, Atravessa vitrais em policrômico fulgor. Mas é no silêncio que o espírito conduz À verdade escondida, ao mais puro amor. Entre o clamor e a pausa, habita o sagrado, No intervalo secreto de um hálito e outro. O divino se mostra, velado e revelado, Na fronteira onde o verbo se faz ouro. Os salmos cantados por vozes mortais Ascendem como pombas ao céu infinito. Mas quando se calam os ecos corais, É no silêncio que Deus deixa seu escrito. Hosanas celebram o visível esplendor, Pés que dançam, mãos que se erguem em prece. O silêncio contempla o invisível valor, A chama interior que nunca se esquece. Entre palmas e pausa, entre canto e quietude, O sagrado caminha em passos discretos. Na tensão do contraste, na santa amplitude, Revelam-se aos fiéis os divinos decretos. Bendito seja o hosana que rasga o firmamento! Bendito o silêncio que depois permanece! No jogo desses dois, como num sacramento, A alma encontra o divino e nele se estabelece.

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