domingo, 20 de abril de 2025

E O MEU OVO DE PÁSCOA?

E O MEU OVO DE PÁSCOA? Busco nas sombras do quarto dormente O tesouro que me foi prometido, Qual navegador à procura do oriente, De mãos vazias, coração partido. Cadê o ovo que sonhei encontrar? De chocolate puro, envolto em prata, Como uma estrela caída do luar, Que ao paladar doce se desata. Por entre móveis, cortinas e tapetes, Persigo a miragem que me consome. Nas gavetas, nos livros, nos retretes, Enquanto cresce esta implacável fome. Ó páscoa cruel que me faz menino, Revivendo a busca, o ardor da espera! Como um sebastianista peregrino Que no nevoeiro um rei recupera. Se foi alguém que o furtou sem clemência, Ou se nunca existiu tal maravilha, Importa menos que esta transparência De quem busca e na busca se humilha. Cadê o ovo? – pergunto ao silêncio. As paredes calam seu segredo. E neste vazio que experimento, Descubro o valor maior do brinquedo. Como Camões diante do impossível, Faço do ausente a mais doce presença. O que não se vê torna-se visível Na força pura de quem acredita e vence. Marilândia

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