domingo, 20 de abril de 2025

COSTURANDO POESIA

“Dos tentáculos da natureza em agonia…” Jô Tauil ____________________________ Quando nascem lamentos que o vento carrega, suspiros verdes que tocam a terra com as mãos trêmulas da existência. Onde antes viviam os segredos das raízes, agora o solo se contorce em sede, e as folhas, outrora dançarinas do céu, caem como lágrimas secas no esquecimento. Não pergunto pelo amanhã das florestas, pergunto pelo hoje que se desfaz em cinzas. É verdade que até a dor mais profunda tem sua beleza desesperada? Somos apenas testemunhas deste luto, cúmplices do silêncio que devora montanhas, enquanto os rios, veias abertas da terra, reduzem seu canto a um murmúrio de despedida. Quem escutará o último suspiro do carvalho? Quem contará as histórias das espécies que partiram? Há uma solidão cósmica nestes galhos retorcidos que aprenderam a linguagem da ausência. E mesmo assim, no coração desta agonia, um broto teimoso desafia o deserto, como se toda a esperança do universo coubesse em um único gesto verde. Marilândia

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