domingo, 27 de abril de 2025

A minha piedade Florbela Espanca (1894-1930) com minha réplica

A minha piedade Florbela Espanca (1894-1930) Tenho pena de tudo quanto lida neste mundo, de tudo quanto sente, daquele a quem mentiram, de quem mente, dos que andam pés descalços pela vida; Da rocha altiva, sob o monte erguida, olhando os Céus ignotos frente a frente; dos que não são iguais a outra gente, e dos que se ensangüentam na subida! Tenho pena de mim... pena de ti... De não beijar o riso de uma estrela... Pena dessa má hora em que nasci... De não ter asas para ir ver o Céu... De não ter Esta... a Outra... e mais Aquela... De ter vivido, e não ter sido Eu… Florbela Espanca Minha Essência (Uma réplica a "A minha piedade" de Florbela Espanca)* Carrego em mim o peso da saudade De tudo o que sonhei e não vivi, Das palavras de amor que não ouvi, Dos beijos que morrem na soledade; Dos olhares que cruzam a cidade, Das mãos estranhas que jamais senti, Das milhares de vidas que perdi Na constante procura da verdade! Sinto falta de mim... falta de nós... De não colher o orvalho da manhã... De não ouvir do universo a doce voz... De não poder tocar a luz da lua... De ser apenas hoje, não amanhã... De ter nascido e ter a alma nua... Marilândia

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