A PAZ
A Paz Hoje busco a paz como quem busca água no deserto infinito das manhãs, como quem procura estrelas nas profundezas do mar negro. A paz não vem como pomba branca, nem desce suave como orvalho na relva. Ela nasce das mãos calejadas dos homens simples, do sorriso das crianças nas praças vazias, do pão partido e compartilhado nas mesas de madeira. A paz é uma semente rebelde que brota entre as rachaduras do concreto, que resiste ao vento norte e às tempestades, que floresce mesmo quando o mundo insiste em plantar muros e cercas de arame. Eu a encontro no silêncio das bibliotecas, no abraço dos amantes sob árvores antigas, no olhar cansado dos velhos que ainda sonham, nas mãos unidas dos que marcham contra a noite e seus fantasmas. A paz não é ausência, é presença viva e pulsante como o coração da terra que ainda bate sob nossos pés descalços, como o sangue que corre em nossas veias carregando memórias de todos os que vieram antes. Hoje eu a chamo pelo nome como quem chama uma antiga amiga, e ela responde com o murmúrio do vento nas folhas das oliveiras, com o riso das crianças que ainda não conhecem o peso das palavras guerra e ódio. A paz é esta hora azul entre o sonho e o despertar, quando todas as possibilidades dormem no horizonte como pássaros aguardando o primeiro raio de sol para alçar voo. MARILÂNDIA
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