ENCARCERADAS VOLÚPIAS
ENCARCERADAS VOLÚPIAS
A começar a ir embora a luz do dia
Descortina-se o manto dos devaneios.
Sonhos fazem as madrugadas,
Em solenes tons,
Esgueirar-se bizarramente,
Roubando as cores da morna solidão.
Veladas emoções ao âmago acorrentadas
Jorram, no silêncio da alcova,
Encarceradas volúpias.
Doentio, pulsa o corpo,
Passarela de sensações.
Entorpecentes momentos
No vazio dos sentimentos
Fim de mais um agónico dia
Açoitado por promessas
Tingindo de sangue o céu ...
"Rasga esses versos que eu te fiz, amor!
Deita-os ao nada, ao pó, ao esquecimento,
Que a cinza os cubra, que os arraste o vento,
Que a tempestade os leve aonde for!"
Florbela Espanca, in "A Mensageira das Violetas"
Marcadores: PRIMAVERA
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