ERRANTE (fe) ÉPLICA DE MARILÂNDIA
ERRANTE (FLORBELA ESPANCA) Meu coração da cor dos rubros vinhos Rasga a mortalha do meu peito brando E vai fugindo, e tonto vai andando A perder-se nas brumas dos caminhos. Meu coração o místico profeta, O paladino audaz da desventura, Que sonha ser um santo e um poeta, Vai procurar o Paço da Ventura... Meu coração não chega lá decerto... Não conhece o caminho nem o trilho, Nem há memória desse sítio incerto... Eu tecerei uns sonhos irreais... Como essa mãe que viu partir o filho, Como esse filho que não voltou mais! Florbela Espanca, in "A Mensageira das Violetas" RÉPLICA DE MARILÂNDIA Peregrino Meu coração, farol de luz errante, Rompe a prisão de ossos e de espinhos, E vai, qual nau sem bússola ou comandante, Perdendo-se na névoa dos destinos. Meu coração, oráculo insensato, Cavaleiro das causas impossíveis, Que aspira ser vulcão e ser regato, Persegue astros e sonhos intangíveis... Meu coração jamais alcança o porto, Não decifra as estrelas nem o mapa, Nem há lembranças desse éden morto... Bordarei com suspiros meus enganos... Como a terra que vê a chuva que escapa, Como a onda que beija e foge há mil anos! Marilândia
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