domingo, 13 de abril de 2025

Cartografia dos Desejos Sobre tua pele escrevo estes versos que o tempo não apaga, palavras que se estendem como rios nas planícies do teu corpo. Cada linha, um caminho para percorrer com lábios peregrinos, cada estrofe, um território onde meus dedos aprendem geografias novas. Escrevo em ti com a tinta in_visível dos desejos, sílabas que só podem ser lidas pelo vento da madrugada, poemas inteiros que nascem nos vales secretos onde teu perfume se acumula como orvalho rebelde. Tua pele é o pergaminho onde inscrevo minhas confissões, arquivo de carícias numeradas pelo relógio do universo, biblioteca de suspiros catalogados por estações. Nela deposito a caligrafia trêmula de meus anseios. Quando a lua desenha sombras nas esquinas do teu ventre, sou um poeta cego descobrindo através do tato as metáforas escondidas nas curvas dos teus quadris, os versos que dormem na pequena concha do teu umbigo. Há um alfabeto inteiro nas constelações das tuas sardas, uma gramática própria nas cicatrizes que contam tua história. Minhas mãos estudam cada acento, cada vírgula da tua anatomia, transformando em poesia o mapa misterioso da tua existência. Escrevo em tua pele com o calor dos meus lábios, versos que só podem ser decifrados pelo arrepio, estrofes que vibram sob a superfície como veias pulsantes, rimas que se revelam apenas na temperatura da entrega. Mas são efêmeros estes poemas que componho em ti. O suor os dilui, o tempo os desbota, a ausência os apaga. E amanhã voltarei a ser um poeta com a página em branco, redescobrindo o alfabeto primitivo do amor em tua pele renovada. E assim seguimos, página e tinta, leitor e escritor, em um livro que jamais terminamos de escrever, em um poema cujo último verso sempre será o primeiro da próxima noite. Marilândia

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