O Silêncio e o Grito
O Silêncio e o Grito No espaço entre o silêncio e o grito habita toda a história da humanidade, como um pêndulo entre a noite estrelada e o vulcão que desperta faminto. O silêncio é um lago congelado onde dormem peixes de prata e memória. É um manuscrito enterrado na areia, um teatro abandonado após o último ato. Mas o grito! O grito é um pássaro em chamas que atravessa o céu como um cometa rebelde. É o martelo que rompe as correntes do tempo, a flecha que rasga o véu da in_diferença. O silêncio é a catedral vazia onde ecoam passos de fantasmas antigos. O grito é o relâmpago que divide o céu em dois, a onda furiosa que engole cidades inteiras. Entre eles, nós dançamos como equilibristas, em uma corda estendida sobre o abismo. Somos sementes que hesitam entre a escuridão da terra e a violência do brotar. Há silêncios que pesam como montanhas de chumbo, há gritos que libertam como pássaros enjaulados. Há silêncios que são punhais in_visíveis, há gritos que são nascimentos dolorosos. Dizem que ao morrer escutamos um silêncio absoluto ou talvez um grito primordial que nos devolve à origem. Somos feitos da mesma matéria dos dois: poeira de estrelas que explodiu em música. O poeta caminha na fronteira perigosa, colhendo silêncios como orquídeas raras, cultivando gritos como vinhas selvagens, embriagando-se no vinho desta contradição e_terna. Marilândia

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