quarta-feira, 2 de abril de 2025

COSTURANDO DIA 2

“Éramos tão subjetivos, que não podíamos nos entender…” Jô Tauil ____________________________ Éramos como dois oceanos que nunca se tocavam, ondas paralelas em praias distintas, tu, maré crescente de espuma e mistério, eu, abismo de águas profundas e sombrias. Não nos entendíamos. Tuas palavras eram folhas caindo no outono de minha compreensão, enquanto as minhas se perdiam como névoa na montanha de tua in_diferença. Quantas vezes tentei decifrar o manuscrito dos teus silêncios! Tua ausência era uma catedral vazia onde ecoavam meus passos solitários, e teu olhar, constelação distante que iluminava outros céus. Não nos entendíamos. Como traduzir o idioma secreto do teu coração se cada batida falava em dialetos que meus ouvidos não conheciam? Éramos relógios marcando horas distintas no mesmo espaço… Tu,sempre primavera adiantada, eu, sempre inverno tardio. Não nos entendíamos. Tua pele era um mapa de terras que nunca pisei, teus suspiros, um vento que nunca soprou em minhas velas. Entre nós havia um deserto de significados não compartilhados, miragens de entendimento que se dissolviam ao toque. Agora sei que não nos entendíamos porque éramos como a lua e o sol: condenados a iluminar o mesmo céu em momentos que jamais se encontravam. E assim nosso amor naufragou não nas tempestades da paixão, mas no mar tranquilo da in_compreensão. Marilândia

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