EVENTO RECOMEÇOS

Hoje planto uma semente no jardim do tempo, regada com as lágrimas das despedidas passadas. Não há morte no outono de minhas memórias, apenas folhas que dançam ao vento do recomeço. Como o mar que beija infinitamente a praia, retorno, sempre retorno ao início de tudo. Minhas mãos carregam cicatrizes de ontem e sonhos que florescem em solo virgem. O sol nasce em meu peito a cada amanhecer, e as estrelas antigas aprendem novos nomes. Sou rio que encontra novos caminhos, quando as pedras tentam deter meu curso. Recomeçar é colher flores no deserto, é descobrir água doce em mar salgado. É pintar com cores novas o quadro desbotado, é escrever poesia em páginas em branco. Hoje sou outro, mas ainda sou eu mesmo - como a lua que muda de fase toda noite, mas permanece lua, eterna em sua dança. O tempo me ensinou: cada fim é um começo. E assim sigo, eterno aprendiz do amanhã, plantando jardins onde havia só concreto, construindo pontes onde existiam muros, renascendo, sempre, como fênix no deserto.