ÉBANO
Nas veias do ébano corre um sangue negro de estrelas mortas, cada anel um círculo de tempo onde dormem pássaros fossilizados. Crescem raízes para o céu enquanto a noite desce líquida pelos troncos ancestrais - cada gota um século de silêncio. Na medula escura do mundo teu nome se inscreve em carvão, alfabeto mineral que decifra o segredo das pedras submersas. Ébano: tua carne é memória de vulcões adormecidos, és o poema que a terra escreveu com a tinta das suas entranhas. Toco tua pele e sinto o peso de mil equinócios, cada poro uma porta aberta para o abismo do tempo. Meu ébano, minha noite vertical, teu corpo é o manuscrito onde os deuses antigas escreveram seus nomes em caracteres de sombra.
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