sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

EVENTO MIL POETAS

Somos Mil Poetas Nós somos mil poetas de alma errante e torva, Almas flutuando em véus de spleen e dor, Carregando no peito um indefinível torpor, Cada verso um abismo, cada grito uma curva. Nossos olhos contemplam a beleza que corrompe, Bebemos o veneno das palavras não ditas, Nossos corações são taças antigas e malditas Onde o desejo ardente em silêncio se rompe. Somos a multidão que vaga pela cidade, Bêbados de tristeza, loucos de soledade, Cantando elegias sob o céu de chumbo e fel. Poeta que sou cem, poeta que sou nenhum, Destilo a angústia em metros de páramo comum, E faço da dor meu divino e negro papel. Somos mil poetas: ecos em cacos de vidro Fragmentos de língua cortando silêncios Nossos corpos—arquipélagos de signos Desenhando mapas onde o verso sangra Cada sílaba: um músculo de ausência Cada palavra: uma ferida aberta Multiplicamo-nos na fenda do instante Dissolvendoͅ-nos em paisagens informes Não somos um, nem cem, nem mesmo mil Somos a brecha onde o poema respira Matéria errante, fluxo indecidível Quebramos a sintaxe, inventamos gramáticas Do caos fazemos constelação: poesia Nosso corpo—todo ele: intervalo MANIFESTO DOS MIL I. Declaração de Impossibilidade Não somos uno. Nem múltiplo. Somos interstício— língua que se dobra entre silêncios II. Arquipélago Cada poeta: ilha vulcânica Emergindo de águas indecifráveis Nossos versos: lava escorrendo Entre fraturas do real III. Metamorfose Transformamo-nos: da palavra ao sussurro do sussurro ao vazio do vazio à explosão IV. Cartografia Impossível Mapeamos ausências Desenhamos fronteiras líquidas Onde o poema respira além dos limites Da própria respiração V. Dissolução Não existimos (ou existimos demais) Somos o intervalo Entre o ser e o não-ser Pura potência irrealizável Somos Mil Poetas Nós somos mil poetas de alma errante e torva, Almas flutuando em véus de spleen e dor, Carregando no peito um indefinível torpor, Cada verso um abismo, cada grito uma curva. Nossos olhos contemplam a beleza que corrompe, Bebemos o veneno das palavras não ditas, Nossos corações são taças antigas e malditas Onde o desejo ardente em silêncio se rompe. Somos a multidão que vaga pela cidade, Bêbados de tristeza, loucos de soledade, Cantando elegias sob o céu de chumbo e fel. Poeta que sou cem, poeta que sou nenhum, Destilo a angústia em metros de páramo comum, E faço da dor meu divino e negro papel.

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