quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

VOZ QUE SE CALA// ARREPENDIDA










DUETO DE MARILÂNDIA COM POEMA DE FLORBELA ESPANCA


VOZ QUE SE CALA// ARREPENDIDA 




 Amo as pedras, os astros e o luar// Que Além se calam pelos ermos 
Que beijam as ervas do atalho escuro,// Com brilhos nus e fúlgidos de tiaras... 
Amo as águas de anil e o doce olhar// Dum céu sempre estrelado que bebemos 
Dos animais, divinamente puro.// Em radiantes impressões, flamejando às claras! 


 Amo a hera, que entende a voz do muro// Recitando seus cânticos de Amor 
E dos sapos, o brando tilintar// Como um forte animal em doce agradecimento
 De cristais que se afagam devagar,// A brilhar sem qualquer ressentimento, 
E da minha charneca o rosto duro.// Sob a alfombra em ardente primor. 


 Amo todos os sonhos que se calam// E que se verbalizam em supremas carícias 
De corações que sentem e não falam,// Dentre a mórbida embriaguez de sevícias! 
Tudo o que é Infinito e pequenino!// Enfim,tudo que nos traz vozes roucas, indulgentes! 


 Asa que nos protege a todos nós!// Estrelando ilusões remanescentes!
 Soluço imenso, eterno, que é a voz// Murmurejante na incandescência do silêncio vazio 
 Do nosso grande e mísero Destino!// Às vezes cúmplice de espírito macambúzio! 





 Florbela Espanca// Marilândia Marques Rollo

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