A MINHA TRAGÉDIA// IN_DEVASSÁVEL
Marilândia Marques Rollo em dueto com poema de Florbela Espanca
A MINHA TRAGÉDIA// IN_DEVASSÁVEL
Tenho ódio à luz e raiva à claridade// Meus olhos são poços a transbordar de pranto...
Do sol, alegre, quente, na subida// Numa evaporação de alva espuma
Parece que a minh'alma é perseguida// Sinto perversa ânsia no peito
Por um carrasco cheio de maldade!// A dedicar-me homenagem póstuma!
Ó minha vã, inútil mocidade// Por entre pesadelos, queixas e desejos,
Trazes-me embriagada, entontecida!// Incinerando toda a rúbida flama
Duns beijos que me deste noutra vida// Das seublimes carícias em lampejos
Trago em meus lábios roxos, a saudade!// Qual eclipse dum momento que inflama!
Eu não gosto do sol, eu tenho medo// Terror da tampa negra sem relíquias!
Que me leiam nos olhos o segredo// Dum refúgio mudo, incerto, indevassável,
De não amar ninguèm, de ser assim!// Temendo apenas as cruéis exéquias!
Gosto da Noite imensa, triste, preta// Que sonha com febril in_dolência
Como esta estranha e doida borboleta// Numa sutil, insinuante resiliência...
Que eu sinto sempre a voltejar em mim!// Eis que me torno indefensável!
Florbela Espanca// Marilândia Marques Rollo
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