quinta-feira, 10 de abril de 2025

NO UNSTANTE DA SEPARAÇÃO

No Instante da Separação É agora que as mãos se despedem, como pássaros que sabem o fim do verão, é agora que teus olhos guardam minha imagem como o mar guarda o reflexo da última estrela. Entre nós, o silêncio cresce como um vinho amargo, palavras que não dissemos formam um rio invisível. Tuas mãos tremem como folhas de outono, e as minhas se tornam pedra e saudade. O mundo se divide em dois continentes inexatos, eu habitarei aquele onde teu nome será vento, tu ficarás onde minha ausência desenha sombras. Nossas geografias agora traçam mapas de distância. Não é o tempo que nos separa, mas este instante eterno, este corte profundo entre o ontem e o amanhã. Como explicar ao coração que deve continuar batendo quando a metade de seu ritmo se vai? Levo comigo o sabor do teu beijo, aquele gosto de mar e de promessas não cumpridas. Ficas tu com a memória dos meus abraços, aqueles que te envolviam como a noite envolve o dia. Nosso amor fica suspenso no ar como poeira de luz, nem meu nem teu, apenas testemunha do que fomos. E assim nos separamos, como se separa a chuva da nuvem, destinos inevitáveis de uma mesma tempestade. É no instante da separação que o amor revela seu verdadeiro rosto: não nas juras eternas, não nas noites de prazer, mas neste momento cruel e necessário, quando aprendemos que amar também é saber partir. Marilândia

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