quinta-feira, 10 de abril de 2025

Entre Sombras e Partidas

Entre Sombras e Partidas Entre tua sombra e minha ausência cresce um jardim de espinhos, onde cada flor desabrocha com a cor da despedida. Não perguntes por que meus olhos guardam o segredo das marés, é que aprendi a decifrar teu nome nas constelações do sul. Partes como parte o tempo, invisível e inexorável, deixando nas paredes da memória tuas digitais de água. Se pudesse colher todos os adeus que o mundo conheceu faria com eles um manto para abrigar nosso silêncio. Há uma geografia inteira nos passos que não demos juntos, um mapa de lugares impossíveis onde o vento leva teu perfume. Caminho entre sombras que têm o contorno dos teus ombros e cada esquina da cidade guarda um fragmento da tua voz. A noite é uma pergunta que fazem os navios ao horizonte, e sou esse porto abandonado que ainda espera teu retorno. Tua ausência habita meus dias como um pássaro furtivo, fazendo ninhos nos cantos vazios das horas e dos móveis. Agora sei que as distâncias não se medem em quilômetros, mas na profundidade das cicatrizes que deixam em nós. Tuas partidas são agulhas fincadas no mapa do meu peito, cada uma marcando um lugar onde o sol não mais nascerá. Mas ainda assim, entre as sombras e as partidas, persiste uma luz teimosa, um fogo que não se apaga. É esse fulgor secreto que transforma a dor em versos, e faz da ausência a mais pura forma de permanência. Marilândia

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